2025 Tech Trends Report: TV3.0 o que isso tem a vem com publishers? – Parte 4

2025 Tech Trends Report: TV3.0 o que isso tem a vem com publishers? – Parte 4

1 de abril de 2025
Última atualização: 1 de abril de 2025
7min
TV3.0 o que isso tem a ver com publishers?
A TV3.0 pode mudar o cenário de plataformas digitais para publishers. Imagem: Freepik
Márcia Miranda

A quarta parte do relatório Future Today Strategy Group 2025 Tech Trends Report faz uma análise do futuro da informação e destaca o potencial das novas tecnologias para TV 3.0. De acordo com o relatório, os publishers devem ficar de olho no potencial do ATSC 3.0, tecnologia que pode, em breve, substituir as plataformas existentes na distribuição de notícias, inclusive nos smartphones.

Para colaborar com os publishers, criamos uma lista de ações que podem ajudar as empresas de comunicação a aproveitar as novidades que se aproximam.

O Tech Trends Report é o relatório de tendências tecnológicas que Amy Webb utilizou como base para preparar a sua palestra no SXSW. Ele tem mil páginas e é dividido em segmentos, mostrando as principais tendências de cada um deles. Nesta série de matérias, escolhemos especificamente a seção que foca nas transformações no ecossistema de notícias e informação impulsionadas pela Inteligência Artificial (IA).

As análises anteriores estão aqui:

IA na raiz e na solução para os problemas das empresas de comunicação

Como causa para a crise de confiança na mídia, o relatório indica as suspeitas dos consumidores de notícias em relação ao conteúdo gerado por IA, mesmo em artigos de notícias gerados com supervisão humana. A falta de confiança não afeta apenas os publishers, mas desestabiliza sistemas sociais inteiros, levando à polarização e dificultando a distinção entre fato e ficção. Ela também pode tornar os modelos de negócios do jornalismo insustentáveis, com anunciantes menos propensos a investir em plataformas não confiáveis

Essa “tsunami sintética” de conteúdo artificial aumenta a carga cognitiva e emocional dos consumidores, podendo levar à evasão de notícias e à fadiga de decisão. O relatório afirma que a evasão de notícias é impulsionada mais pela percepção de excesso de informação e do que pelo fardo emocional de conteúdo político ou que estimula a divisão.

Mesmo quando os usuários desejam acompanhar as notícias, o design dos algoritmos das plataformas pode influenciar seu consumo, por vezes promovendo conteúdo de entretenimento em detrimento de notícias. Para escapar dessas armadilhas, os consumidores de notícias têm buscado plataformas de streaming como o Twitch, que atrai milhões de usuários em todo o mundo, como espaços alternativos. No entanto, essa tendência de consumo desordenado e evasão de notícias é crítica, pois afeta o engajamento democrático, o discurso público e a saúde mental individual.

Novo padrão para a transmissão de TV3.0 pode ser integrado a smartphones

Por último, o relatório cita o ATSC 3.0, novo padrão para a transmissão de TV3.0, como oportunidade inédita para o mercado e para publishers. Segundo o documento, essa tecnologia que combina sinais tradicionais over-the-air com entrega de dados baseada em protocolo de internet o consumo de mídia em tempo real vai revolucionar a comunicação. A TV3.0 tem o potencial de transformar as frequências de TV em uma alternativa à internet, especialmente em regiões rurais e carentes de acesso à banda larga

O ATSC3.0 tem recursos interativos e sistemas de alerta de emergência aprimorados, permitindo serviços como pausa e rewind de transmissões ao vivo. Além da entrega de vídeo, ele suporta a transmissão de qualquer tipo de dado, abrindo caminho para “datacasting” – a transmissão de dados não-vídeo em vastas áreas geográficas. Isso pode incluir desde atualizações meteorológicas e informações de tráfego em tempo real até alertas de emergência com rich media e notificações geolocalizadas.

Há planos para integrar receptores ATSC 3.0 em smartphones, tornando o conteúdo mais acessível e econômico. No futuro (cenário de 2031), o ATSC 3.0 pode revitalizar a rede de transmissão, com dispositivos vindo com receptores integrados e modelos de IA personalizando o fluxo de notícias.

Como as empresas de comunicação podem sobreviver a estas mudanças?

Para sobreviver a este cenário é necessário que os empresários de comunicação fiquem atentos às oportunidades. Listamos algumas dicas importantes que podem colaborar com o futuro dos publishers:

  • Reconstruir e Fortalecer a Confiança: A prioridade máxima deve ser a restauração e manutenção da confiança do público. Isso exige um compromisso inabalável com a precisão factual, a transparência nos processos editoriais e a apresentação de informações de forma clara e imparcial. Os publishers devem investir em jornalismo investigativo de alta qualidade e verificação de fatos rigorosa para se diferenciarem de fontes não confiáveis e do “AI slop”, os conteúdos de baixa qualidade feitos por Inteligência Artificial. Além disso, comunicar de forma transparente o uso de IA nos processos (se aplicável) é essencial para manter a confiança da audiência4 .
  • Navegar no Cenário da IA: Em vez de temer a IA, os publishers devem explorar como ela pode ser usada eticamente e de forma transparente para otimizar os processos, como na transcrição, análise de dados ou personalização de conteúdo, sempre informando o público sobre seu uso. No entanto, o foco principal deve permanecer na produção de conteúdo original e de alta qualidade, que a IA não pode replicar completamente. Devemos investir em talentos humanos – jornalistas com expertise, capacidade de análise e pensamento crítico – para criar reportagens aprofundadas e insights valiosos que se destaquem da produção genérica da IA.
  • Diversificar as Fontes de Receita: Depender exclusivamente da publicidade tradicional é arriscado. Os publishers devem buscar ativamente fontes de financiamento diversificadas, incluindo assinaturas digitais, modelos de membros, eventos e, estrategicamente, o financiamento filantrópico. Ao buscar financiamento filantrópico, é muito importante manter a independência editorial e estar ciente das possíveis “condições” impostas pelos financiadores. Desenvolver estratégias e programas sofisticados de engajamento da audiência também é fundamental para converter usuários em apoiadores financeiros, sejam eles assinantes ou doadores.
  • Engajar Novas Audiências e Combater a Evasão de Notícias: é importante compreender as mudanças nos hábitos de consumo de notícias e adaptar os formatos e plataformas de entrega para alcançar novas audiências, especialmente os mais jovens. Explorar formatos mais interativos e conversacionais, como transmissões ao vivo, podcasts e engajamento em plataformas como o Twitch, pode ser uma forma de atrair e reter a atenção do público. O conteúdo precisa ser relevante e valioso, para que os consumidores sintam a necessidade de buscá-lo ativamente, em vez de depender de atualizações passivas em redes sociais.
  • Explorar o Potencial do ATSC 3.0: Como proprietários e administradores de empresas de comunicação, os publishers devem monitorar de perto o desenvolvimento e a adoção do ATSC 3.0. Se a tecnologia se tornar amplamente adotada, especialmente em dispositivos móveis, ela poderá representar uma nova e poderosa forma de distribuição de conteúdo, alcançando públicos em áreas com acesso limitado à internet e oferecendo novas oportunidades de receita através de datacasting e publicidade hiperlocal. Estar preparado para integrar essa tecnologia nas estratégias de longo prazo pode dar uma vantagem competitiva significativa.
  • Foco em Conteúdo de Nicho e Valor Agregado: Em um ambiente saturado de informações, especializar-se em notícias de negócios de alta qualidade e oferecer análises aprofundadas e insights exclusivos é fundamental para atrair e reter um público engajado e disposto a pagar pelo conteúdo. Os publishers devem se posicionar como uma fonte confiável e essencial para profissionais e empresas que precisam de informações precisas e relevantes para suas decisões.

Esperamos que tenham gostado dessa série sobre o 2025 Tech Trends Report!

Tem algum relatório sobre o mercado publishing e/ou tendências em comunicação que gostaria que a gente analisasse para você? Clique aqui e mande o link para o nosso WhatsApp

Márcia Miranda
Administrator
Acredita que boas ideias precisam ser compartilhadas. Formada em Comunicação Social, Jornalismo, pela Universidade Federal Fluminense (RJ), iniciou carreira em redação em 1988 e por 24 anos (até 2012) trabalhou em veículos como Jornal O Globo e Agência O Globo, Editora Abril, Jornal O Fluminense, Jornal Metro. Em 2012 iniciou o trabalho como relações públicas e assessora de comunicação, atuando para clientes em áreas variadas, como grandes eventos (TED-x Rio, Réveillon em Copacabana, Jornada Mundial da Juventude, Festival MIMO), showbiz, orquestras, entretenimento e assessorias institucionais como o Instituto Innovare. É empreendedora e, em dezembro de 2021, criou a Simbiose Conteúdo, uma empresa que presta serviços e consultoria em comunicação para associações como Aner, Abral e Abap e divisões internas da TV Globo.