Revistas Independentes: Renascimento da mídia impressa ou uma nova tendência? - Parte 2
Na segunda parte do artigo sobre as revistas independentes, um movimento que está crescendo na Europa, Lulu Skantze fala sobre o papel dos distribuidores locais, além da expectativa sobre o futuro dessas publicações. Mais uma vez, a união de esforços entre os segmentos da cadeia produtiva editorial é essencial para o sucesso de todos neste negócio. Confira!
O Papel dos Distribuidores Especializados
Além das gráficas mais capazes de atender a demanda por menores e mais especializadas tiragens, outro fator importante foi o surgimento de distribuidores mais hábeis em lidar com o perfil das revistas independentes. Plataformas como MagCulture, Stack Magazines e Ra&Olly, no Reino Unido, e o Athenaeum Nieuwscentrum, na Holanda, por exemplo, servem como uma meca de títulos únicos, oferecendo aos leitores acesso a uma diversidade de publicações muito especiais.
Esses distribuidores não apenas promovem revistas independentes, mas também organizam eventos regulares nos quais os leitores podem conhecer os criadores das revistas, imergir e interagir com os títulos. Algo que antes era mais específico para livros, ganhou uma versão para revistas.
O Athenaeum Nieuwscentrum, em Amsterdã, é um exemplo emblemático de um distribuidor de revistas independentes bem-sucedido. Esta loja icônica é especializada em uma ampla gama de revistas, desde arte e design até literatura e estilo de vida. O compromisso da loja em curar uma seleção única de títulos a tornou um destino amado pelos entusiastas de revistas.
Seu endereço central, na Spuistraat, significa que é quase impossível não visitá-lo. Passe por lá em qualquer horário do dia para entender o apelo da loja: vitrines sempre novas e coloridas, eventos musicais e culturais que aumentam ainda mais o poder de atração do espaço, além de uma comunidade fiel e vibrante de leitores e editores.
Festival de três dias sobre revistas independentes
Outro evento que gosto de citar também é o Indiecom, em Hamburgo, na Alemanha, um festival de três dias com stands, palestras e workshops para leitores e editores, tudo junto e misturado, e bastante especial! O evento já teve 10 edições e a próxima é de 6 a 8 de setembro, deste ano.
Sempre acredito que todo o ecossistema de uma trend beneficia todo mundo, pois eventos em torno de revistas têm crescido à medida que seu público cresce e isso gera um efeito “ripple” para as editoras.
E, finalmente, mais um elemento dessa tendência são os títulos mais antigos – que começaram em torno de 2010 –, criando uma cultura de publicações independentes. A Nikki Simpson promove o Magazine Street todo ano em Edinburgo e a excelente revista Delayed Gratification tem cursos regulares para quem quer se aventurar nesse setor: https://www.slow-journalism.com/filter/events-and-classes.
O Futuro das Revistas Independentes
Gosto de acreditar que o futuro das revistas independentes é bastante promissor, conforme mais leitores buscam publicações que se alinhem aos seus interesses e valores pessoais – mas também graças a esse ecossistema de eventos, educação e profissionais engajados que estamos criando.
O surgimento de revistas de luxo e publicações de nicho reflete uma mudança cultural mais ampla em direção à valorização da qualidade e do artesanato em detrimento do conteúdo produzido em massa, e muitos dos eventos recentes de AI falam dessa valorização do jornalismo real.
Uma vez que, estando impresso, terá um perfil mais confiável que a grande quantidade de “online news”. Esse foi um dos tópicos de debates recentes no fórum de membros do International Magazine Centre. Publicar uma revista impressa se tornará sinônimo de conteúdo confiável e de qualidade. As revistas independentes tendem a oferecer uma combinação de criatividade, autenticidade e expertise que é cada vez mais rara no panorama midiático atual.
À medida que continuamos a abraçar nossas paixões e hobbies para relaxar e desconectar-se, as revistas independentes permanecerão uma parte vital desse processo. Elas fornecem uma plataforma para vozes diversas, e ao mesmo tempo “menos barulho” externo. E sem esquecer do simples prazer tátil de segurar uma revista que é um lembrete do poder duradouro da impressão.