WhatsApp: editoras perdem oportunidades por falta de equipe e estratégia

WhatsApp: editoras perdem oportunidades por falta de equipe e estratégia

19 de agosto de 2021
Última atualização: 24 de agosto de 2023
3min
Márcia Miranda

19 de agosto de 2021

Um diagnóstico publicado recentemente pelo pesquisador brasileiro Giuliander Carpes, doutorando em ciências da comunicação e informação na Universidade Toulouse III, mostra que as editoras brasileiras estão perdendo dinheiro por não usarem o WhatsApp como uma forma de engajamento com seu público. A pesquisa mostra que falta equipe para atender às demandas da nova ferramenta e que a demora nas respostas (que, em média levam três dias) geram frustração tanto nos editores quanto no público.

De acordo com o estudo, a migração da busca por notícias do desktop para os aplicativos de comunicação em grupo aumentou e continua com a tendência de crescimento nos próximos anos. A mudança começou quando o público descobriu as notícias pelo Facebook. Com o tempo e a mudança do algoritmo para restringir o acesso a notícias e aumentar a visualização de postagens de amigos, as pessoas começaram a procurar outras formas de atualização. Daí o WhatsApp como uma opção que vem crescendo.

Estudo analisou 18 canais de WhatsApp de 14 meios de comunicação brasileiros

O estudo se chama Como as organizações de notícias estão usando o WhatsApp para distribuir notícias e envolver o público no Brasil. A pesquisa foi conduzida pelo brasileiro Giuliander Carpes com o apoio do espanhol Enric Moreu, da Universidade de Dublin.

Eles analisaram 18 canais de mídia (grupos e listas de transmissão) mantidos por 14 meios de comunicação brasileiros no WhatsApp por 120 dias, entre 9 de novembro de 2020 e 8 de março de 2021, para entender como esse processo é realizado nesta mensagem aplicativo. Foram selecionadas 965 mensagens de um período de duas semanas (11 a 24 de janeiro de 2021) e realizadas entrevistas com 20 editores das organizações, a fim de entender a lógica por trás de suas estratégias para o WhatsApp.

Falta de equipe e de estratégia

As entrevistas revelaram que apenas um número muito pequeno dos editores tem uma equipe ou (mais frequentemente) uma pessoa designada dedicada à gestão e moderação do engajamento com usuários: é o caso de GZH , Tribuna do Paraná , Gazeta do Povo Aos Fatos. Alguns até possuem um número de celular diferente para receber e responder mensagens. 

Os editores afirmam que é um trabalho exigente e apenas as mensagens principais são efetivamente respondidas. Isso traz um outro problema que é a resposta de mensagens. O tempo entre o recebimento e a resposta pode ser longo (até três dias), o que gera frustração no público e nos próprios editores, que não conseguem atender a demanda. 

Outra falha é a falta de estratégia para utilizar o canal como um estímulo a programas de assinatura ou mesmo para a exibição de anúncios. Apenas uma minoria dos casos da amostra ( O Estado de S. Paulo , Aos Fatos , Seu Panorama , Correio Sabiá , UOL Economia +) usou o aplicativo para esses fins.

O projeto recebeu financiamento do programa de pesquisa e inovação Horizonte 2020 da União Europeia.

Márcia Miranda
Administrator
Acredita que boas ideias precisam ser compartilhadas. Formada em Comunicação Social, Jornalismo, pela Universidade Federal Fluminense (RJ), iniciou carreira em redação em 1988 e por 24 anos (até 2012) trabalhou em veículos como Jornal O Globo e Agência O Globo, Editora Abril, Jornal O Fluminense, Jornal Metro. Em 2012 iniciou o trabalho como relações públicas e assessora de comunicação, atuando para clientes em áreas variadas, como grandes eventos (TED-x Rio, Réveillon em Copacabana, Jornada Mundial da Juventude, Festival MIMO), showbiz, orquestras, entretenimento e assessorias institucionais como o Instituto Innovare. É empreendedora e, em dezembro de 2021, criou a Simbiose Conteúdo, uma empresa que presta serviços e consultoria em comunicação para associações como Aner, Abral e Abap e divisões internas da TV Globo.