Vídeos usados em investigações podem ser manipulados: como evitar?

Vídeos usados em investigações podem ser manipulados: como evitar?

5 de junho de 2019
Última atualização: 5 de junho de 2019
Helio Gama Neto
ÉPOCA NEGÓCIOS – 04/06/2019

Empresas criam ferramentas que usam criptografia e blockchain para indicar com precisão se um vídeo foi ou não falsificado.

Os vídeos se tornaram uma peça fundamental para investigações criminais. No caso do jogador de futebol Neymar, acusado de estupro, imagens coletadas por smartphones poderão ser decisivas para determinar o rumo das investigações.

Mas verificar a veracidade de vídeos feitos com a câmera de um smartphone, ou qualquer outro tipo de dispositivo, pode ser bem uma tarefa complexa. Em primeiro lugar, é difícil garantir a segurança dos dados de dispositivos conectados, que podem ter sofrido interferência externa. Há ainda a possibilidade de algum dos envolvidos terem recorrido às tecnologias deep fake, que usam inteligência artificial para trocar o rosto de pessoas, mudar expressões e até mesmo movimentos labiais.

Para evitar que isso aconteça, algumas startups, como a Amber, de São Francisco, ou a Factom, de Austin, nos Estados Unidos, estão trabalhando em sistemas de autenticação de vídeos por meio de criptografia e blockchain.

A Amber criou uma ferramenta que pode ser instalada em qualquer dispositivo capaz de realizar filmagens. Em intervalos regulares, determinados pelo usuário, a plataforma gera hashes – impressões digitais específicas de cada arquivo, disfarçadas por criptografia –, que são registradas em um blockchain público. Se o usuário rodar aquele trecho de vídeo na plataforma, qualquer mudança nas hashes será sinal de manipulação.

O intervalo entre as hashes deve ser escolhido de acordo com o dispositivo usado e com o conteúdo que irá ser filmado. Colocar hashes a cada 30 segundos pode ser arriscado, já que há muito espaço para manipulação; mas colocar a cada segundo pode inviabilizar o funcionamento do dispositivo.

A ferramenta Amber Authenticate inclui uma plataforma online onde é fácil identificar quando o vídeo foi manipulado. Uma moldura verde em torno da imagem indica que o vídeo é confiável. A moldura vermelha aparece quando os hashes não batem, comprovando a manipulação. Abaixo do vídeo, há um cronograma mostrando quando o arquivo foi criado, colocado no ar, “hashed” e submetido ao blockchain.

Uma ferramenta de autenticação para vídeos é urgente, disse Jay Stanley, analista sênior na American Civil Liberties Union, a Wired. “Eu espero que produtos como o da Amber se tornem padrão. Esse tipo de autenticação fará com que a população se torne mais confiante em relação a vídeos apresentados como provas durante investigações”, afirma o especialista.


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Helio Gama Neto