Por que as pessoas evitam as notícias?
PODER 360 – 24/05/2021
Mark Coddington e Seth Lewis – Nieman Lab
Desde a década de 1990, ou até antes disso, jornalistas e acadêmicos têm defendido uma forma de jornalismo centrada nas necessidades da comunidade a quem ele serve. Isso ocorre não apenas em um sentido abstrato, mas de forma prática, permitindo que a comunidade ativamente decida a agenda midiática e seja incluída na produção das notícias. Essa filosofia tomou diferentes formas ao longo dos anos –jornalismo público, jornalismo cívico, jornalismo cidadão, jornalismo participativo, jornalismo engajado–, mas sempre mantendo a mesma visão: jornalistas e outros integrantes da sociedade civil, juntos, devem assegurar que as notícias sirvam à comunidade em 1º lugar.
No estudo sobre prática jornalística realizado por Andrea D. Wenzel e Letrell Crittenden, os autores observam de perto um exemplo fascinante desse jornalismo “centrado na comunidade” –termo usado pelos próprios pesquisadores– na Filadélfia, onde moram, envolvendo 2 projetos de vizinhança com profundo envolvimento comunitário: Germantown Info Hub e Kensington Voice.
Os autores estavam interessados em duas particularidades dessa abordagem jornalística baseada na comunidade. Primeiramente, como isso funcionou em comunidades marginalizadas historicamente? Um dos projetos analisados acontece em uma vizinhança onde a maioria das pessoas é negra. O outro surgiu em um bairro onde a maioria das pessoas é latina. Nessas áreas, há muita desconfiança em relação à mídia depois de décadas de estigma e distorção. E, em 2º lugar, como esses projetos funcionam durante uma pandemia, quando informação pública é crucial, informações erradas circulam desenfreadamente e as comunidades não podem se encontrar presencialmente como de costume?