Paul Fahri: “Não estamos em guerra, mas trabalhando”

Paul Fahri: “Não estamos em guerra, mas trabalhando”

23 de maio de 2019
Última atualização: 23 de maio de 2019
Helio Gama Neto

MEIO&MENSAGEM – 22/05/2019

Karina Balan Julio

Relações entre governos e imprensa sempre foram permeadas por conflitos. Mas a descentralização da informação pelas redes sociais, a ampla difusão de notícias falsas e a intensificação da polarização ideológica têm transformado ainda mais essas relações, que foram tema de um debate no Insper, em São Paulo, nesta quarta-feira, 22.

O repórter Paul Fahri, jornalista que cobre mídia para o The Washington Post, destacou, por exemplo, o cenário de hostilidade crescente entre o governo de Donald Trump e veículos considerados opositores pelo presidente — cenário que tem se repetido em outras democracias. Essa mentalidade, segundo ele, dificulta o trabalho da imprensa e fomenta um sentimento de animosidade desnecessário direcionado a players de mídia.

“Não estamos em guerra, estamos trabalhando. Nosso trabalho é continuar a contar os fatos. Não podemos controlar o que as pessoas vão fazer com a informação e também não podemos mudar uma situação em que parte da sociedade não quer aceitar alguns fatos”, provocou o jornalista.

Em meio ao ruído e à subjetividade das informações no digital, ele acredita que ainda é necessário um processo de alfabetização midiática entre o público médio, que nem sempre consegue distinguir conteúdos conspiratórios e opiniões de conteúdo jornalístico. “Se olharmos com atenção, veremos que atualmente existem mais opiniões do que notícias na internet. Opiniões são fáceis e baratas, enquanto reunir fatos é difícil, consome tempo e dinheiro. A diferença entre o que escrevo e o que um colunista do próprio Washington Post escreve, porém, às vezes é imperceptível para muitas pessoas”, exemplificou.

Jornalismo local
A desinformação, em muitos casos, também tem a ver com a fragilização do jornalismo local. Paul Fahri chamou a atenção para o surgimento de “desertos de notícias”, regiões e cidades que perderam seus veículos locais, por conta da crise no modelo de negócio do setor. “Imagine um mundo sem jornalismo e onde as pessoas têm de confiar em outro sistema de informação para decifrar o mundo. Me preocupa muito que as gerações mais jovens não tenham acesso a conteúdo fornecido por profissionais no futuro”, ponderou Paul.

Eugênio Bucci, jornalista e professor da Escola de Comunicação e Artes da USP, afirmou que o Brasil já enfrenta o problema dos desertos de notícias em pequenas cidades onde não há veículos consolidados que possam investigar o poder público e questões locais. “Sempre tivemos bolsões de desinformação e locais que nunca tiveram verdadeiramente uma imprensa própria”, disse.


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Helio Gama Neto