Joaquim Carqueijó: “É hora de voltar a acreditar no impresso”

Joaquim Carqueijó: “É hora de voltar a acreditar no impresso”

29 de agosto de 2023
Última atualização: 26 de setembro de 2023
6min
Homem branco da cabelos e barba grisalha Joaquim Carqueijó CEO e publisher da EdiCase aparece em meio corpo com casaco e blusa pretas falando sobre oportunidades de impressos no mercado editorial
Márcia Miranda

29 de agosto de 2023

Homem branco da cabelos e barba grisalha Joaquim Carqueijó CEO e publisher da EdiCase aparece em meio corpo com casaco e blusa pretas falando sobre oportunidades de impressos no mercado editorial

Joaquim Carqueijó, CEO e publisher da EdiCase Gestão de Negócios, falou sobre as oportunidades para o mercado digital em impressos e no digital

O CEO e publisher da EdiCase Gestão de Negócios, Joaquim Carqueijó, foi o convidado da edição desta terça-feira do Café com Aner. Durante o bate-papo ele deu dicas aos editores sobre como tornar o negócio de produção de conteúdo mais rentável a partir da transformação em diversos produtos digitais e em feed para outros veículos de comunicação.

O Café com Aner é um ponto de encontro entre os associados e não associados da Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner), jornalistas, editores e publishers. Toda terça-feira, a partir das 15h, um convidado bate-papo pelo Zoom com os participantes, contando experiências inspiradoras e tirando dúvidas sobre assuntos que realmente interessam e fomentam o mercado editorial.

Na conversa de terça, Joaquim fez um apanhado dos seus quase 30 anos de mercado editorial de revistas e lembrou a linha do tempo entre 2010, com a chegada das big techs ao mercado de publicidade e o momento atual, passando pela crise da Editora Abril, o fechamento da Dinap e a pandemia.

“A Abril era uma referência de mercado e muita gente tinha suas operações conectadas à da editora, entre gráficas e distribuição, comercialização de assinaturas. O mercado perdeu muitos milhões de reais, seja por recebíveis de distribuição em bancas, de crédito de gráfica, de operação de distribuição de assinatura entre outros. Esse momento fez com que muitas editoras quebrassem e deixassem o mercado. E, para fechar a década seguinte, veio a pandemia”, relembrou, responsabilizando também da falta de papel no mercado pelo fechamento de diversas editoras.

O caso EdiCase: a invenção do negócio e do mercado

Gráfico com fundo amarelo e caixas coloridas fala sobre as oportunidades de negócios, incluindo impressos, realizadas pela EdiCaseAssim como as outras editoras, a EdiCase também sentiu as mudanças e teve que inventar novos negócios para seguir adiante. Assim, passou a fazer um movimento para a reestruturação da operação do impresso, que, segundo ele, nunca foi abandonado, mesmo nos períodos mais difíceis.

O trabalho começou com assessoria de circulação e de viabilização da entrada de editores segmentados, de nicho, que não conseguiam chegar em bancas nem pela Dinap e nem pela Chinaglia. Hoje, são sete editores no impresso, que representam dez títulos, e 26 editores no digital, que representam 47 títulos.

“Está acontecendo um movimento importante porque vários desses editores do digital começam a pensar na retomada de suas edições impressas. O mercado impresso, ao contrário do que muitas pessoas pensam, é um mercado vivo e ativo ainda muito representativo, com milhares de pontos de vendas e muitas possibilidades. Passada a tempestade temos a retomada de pontos de bancas em todo o país.”

A aposta neste segmento é tão grande que a EdiCase abriu uma unidade de operações há cerca de um ano e meio, acabando com o manuseio e armazenagem de impressos terceirizada.

“No começo do ano passado tivemos uma regularidade de impressão e devolução, encalhe, manuseio e redistribuição, então abrimos um galpão em Taboão da Serra onde recebemos encalhe, fazemos preparação e redistribuição para outros canais”.

É hora de voltar a investir no impresso

Joaquim falou sobre oportunidades que podem ser desenvolvidas seguindo os modelos que a empresa já vem fazendo.

“O segredo do impresso é a criação de produtos que tenham cauda longa, ou vida longa de distribuição. Trabalhar produtos atemporais, perenes, que podem recircular em vários canais de distribuição de várias formas. O canal de bancas é o inicial e importante para as vendas, mas depois dele esse mesmo produto pode passar pela Amazon, pela Catavento, que é a maior distribuidora de produtos no Brasil… Então temos uma estratégia de circulação do produto avulso atemporal”, afirma.

A volta à impressão também é reflexo, segundo Joaquim, de uma estabilização do mercado de distribuição, principalmente em relação a pagamentos.

“A operação de distribuição nacional foi retomada não com a mesma capilaridade e abrangência da Dinap, mas atendendo as capitais e principais cidades de cada Estado”, afirmou.

Além das oportunidades em impressos, Joaquim também citou revistas digitais, e-books, minibooks, audiobooks, como plataformas possíveis para a distribuição do conteúdo já pronto do impresso. Outros canais, seriam a venda de feed evergreen para empresas de comunicação, alimentando verticais específicas, o que, segundo ele, vem dando bom resultado para a EdiCase.

“Há um ano e meio um colega da NSC, afiliada à Globo em Santa Catarina, pediu conteúdo para colocar no portal . Eles faziam conteúdos regionais de SC e precisavam de conteúdo geral. A partir daí prospectamos outras empresas e hoje estamos na Exame, IG, Terra, Claro Notícias, Tim News, e avançando para grupos de comunicação regionais no RS, Recife, Espírito Santo, entre outros”, contou.

Perdeu o Café com Aner e quer ver as outras dicas de Joaquim para os editores? Clique aqui e assista a íntegra desse Café no Canal da Aner no YouTube.

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Texto: Márcia Miranda

 

Márcia Miranda
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