Gestão consciente ainda esbarra em modelos antiquados

Gestão consciente ainda esbarra em modelos antiquados

25 de março de 2021
Última atualização: 25 de março de 2021
Helio Gama Neto

ÉPOCA NEGÓCIOS – 25/03/2021

CAROLINA UNZELTE

Colocar os stakeholders como prioridade envolve mudanças na educação de negócios e transformação na postura de líderes.

A gestão consciente, parte de uma economia voltada a todos os stakeholders, não é novidade: já é tema destaque no World Economic Forum há pelo menos dois anos. No Brasil, no entanto, o movimento ainda engatinha — e isso acontece por uma série de fatores, segundo Pedro Paro, CEO da startup Humanizadas.

A mundaça no modelo de condução dos negócios, diz o executivo, deve começar nas escolas de administração. “Precisamos passar a ensinar conceitos e teorias mais alinhadas aos paradigmas do século XXI”, defende Pedro. “Enquanto ensinarmos metodologias do século passado continuaremos replicando os mesmos modelos mentais”.

Também é necessário incluir novos instrumentos e abordagens na forma como lideramos e gerenciamos nossas organizações, afirma o CEO. Para ele, o primeiro passo para uma gestão humanizada é ter a intenção genuína de ouvir e receber feedback dos diferentes stakeholders, sejam as lideranças, colaboradores, clientes, fornecedores, parceiros, investidores ou sociedade em geral.

O segundo passo é traduzir a gestão humana em ações, especialmente no que se refere aos líderes. “É preciso ter coerência e ser um bom exemplo, antes de querer discursar sobre isso”, diz Paro. “Eles precisam praticar o que chamamos de ‘liderança pelo exemplo’ e ‘liderança pelo servir’ –ou seja, estar à disposição para apoiar o desenvolvimento humano e organizacional, trazendo consistência a essa postura”.

Para além das companhias, há de se levar em conta a importância de políticas públicas e de uma atuação propositiva de movimentos, como o Capitalismo Consciente, Sistema B e Pacto Global, aponta Paro. Além disso, é fundamental mensurar essas relações também, o que serve de base para ações futuras. A segunda edição da pesquisa Empresas Humanizadas do Brasil, feita pela startup em parceria com o Instituto Capitalismo Consciente Brasil, será lançada nesta quinta-feira (25), em evento online a partir das 18h30, e traz informações de 30 mil respondentes.

“O Brasil é o primeiro país, depois dos EUA, a aplicar uma pesquisa multi-stakeholders com a dimensão e proporção que estamos fazendo”, diz o CEO. “Estamos inovando e saindo na frente.” A metodologia para avaliação passa pelos ratings de consciência, sob uma perspectiva evolutiva de estágios de maturidade das empresas na gestão humanizada.

“Utilizamos o instrumento Conscious Business Assessment (CBA), que mede a qualidade de gestão e das relações de uma organização”, explica Paro. Nessa avaliação, são levadas em conta questões como reputação da marca, princípios de gestão,  cultura organizacional e a narrativa dos diversos stakeholders.

Os resultados ganham ainda mais importância em um contexto totalmente novo de trabalho, como o imposto pela pandemia. Para Paro, a escuta mútua é hoje essencial. “Mais do que nunca, se uma organização não estiver aberta a ouvir e receber feedback de seus stakeholders, não apenas irá perder competitividade, como também estará fechada às oportunidades que irão emergir, tanto no modelo de negócio quanto no modelo de gestão”.


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Helio Gama Neto