Ferramentas de IA: como usar em sua redação?

14 de julho de 2023

Aimee Reinhart, gerente de programas da Iniciativa Local News de AI da Associated Press (AP), foi a convidada da sessão do programa Acelerando negócios Digitais do ICFJ com o apoio da Meta e em parceria com a Aner e ANJ. No encontro, ela falou com exclusividade e em primeira mão, para os associados Aner e ANJ, sobre as ferramentas de Inteligência Artificial (IA) disponíveis no mercado e como elas estão sendo usadas em redações em todo o mundo.
Aimee tem um histórico de atuação em mídia impressa. Ela migrou para mídia digital em 1996 e trabalha com inteligência artificial desde o início das primeiras ferramentas.
“No início da computação você tinha a tela preta de programação e tinha que saber programar pra a fazer qualquer coisa com um computador. E aí veio o Windows que revolucionou e deu acesso a todos. Agora estamos em uma nova fase muito semelhante em que a IA pode ser acessada por todos”, explica.
Pesquisa: como sua redação usa IA?
Em parceria com a Knight Foundation, a AP desenvolveu uma pesquisa para saber como as redações estavam utilizando a IA. Cerca de 200 lideres jornalísticos participaram.
“Descobrimos que as redações locais podem se beneficiar de automações simples, mas precisam correr riscos e investir em ferramentas”, disse ela.
“Acredito que a tecnologia de IA está aqui e que ela deve ser usada, mas não acho de isso venha livre de problemas. Há questões legais, de propriedade intelectual, é um conteúdo que está sendo usado sem ser licenciado e isso é ruim para as redações. Investir em levar e proteger jornalistas para Mariupol para que eles possam cobrir a guerra, por exemplo, tem um alto custo e essas informações não podem ser usadas gratuitamente. Como isso vai ser solucionado ainda é uma caixa preta”, alerta a especialista.
Como escolher a melhor ferramenta e qual processo automatizar?
De acordo com a pesquisa, para iniciar a implementação é necessário pensar na cadeia de valores e não no sistema como um todo. Então Aimée sugere a seguinte segmentação:
- Coleta de informações
- Produção
- Distribuição
- Operações empresariais
Em seguida, é preciso decidir em que investir e detalhar quais as tarefas repetitivas de cada área.
“Ouça o pessoal da redação e pense o que te incomoda também. Às vezes identificar os pontos de conflito é uma excelente forma de saber qual tarefa repetitiva pode ser eliminada”.
Estrutura para implementação de ferramentas de IA
Após a pesquisa, as empresas participantes enviaram projetos que gostariam de colocar em prática para eliminar as tarefas repetitivas. A Michigan Radio, por exemplo desenvolveu uma forma de transcrever vídeos do Vimeo e YouTube, além de criar um alerta de palavras-chave. Assim, os jornalistas podem ficar atentos a notícias e discussões públicas que interessassem à rádio. As ferramentas usadas foram o GPT3 e o GPT4, da Open AI, para transcrever e resumir.
Outro projeto, da WFMZ-TV, foi o de leitura e categorização de emails.
“Os emails foram categorizados em ‘sim’, ‘não’ e ‘talvez’. Os emails do ‘sim’ seguem para a área de planejamento, para se tornarem notícias. Os ‘não’, são descartados e o ‘talvez’ avaliados, o que economiza muito tempo nas redações”, explicou.
De acordo com Aimee, os projetos são open source e estarão disponíveis para consulta a partir de agosto, para que as redações interessadas possam refiná-los e utilizá-los em seu benefício.
Como as redações estão usando o ChatGPT?
Veja aqui algumas formas como as redações estão usando IA para agilizar processos:
- Gerar resumos
- Gerar a descrição geral da matéria
- Gerar lista de palavras-chave
- Adicionar hashtags
- Brainstorming de uma manchete
- Construção rápida de um HTML
“Um editor do Lost Coast Outpost criou um Agendizer. Ele faz uma busca de agendas em seu condado e passa isso através do GPT3 para que possa resumir essas agendas e o resumo é escrito pelo LoCOBot”, conta Aimee.

A especialista recomenda que os editores visitem a página de ferramentas da OpenIA e vejam quais podem ser experimentadas nas redações.
“Você não vai dizer: ‘escreva uma matéria sobre a Prefeitura’. Mas você pode dizer ‘aqui está a minha matéria sobre a Prefeitura. Pode resumir para mim? Pode criar três manchetes para mim? Pode criar um thread do Twitter?’. E isso pode ajudar muito. É claro que o texto não vai direto para a publicação, porque ele tem que passar por uma revisão, mas já agiliza o processo. Eu recomendo”, alertou Aimee, dizendo acreditar que a IA vai aumentar a necessidade de redatores humanos.
Veja alguns links interessantes sobre o assunto:
Relatorio Artificial Intelligence in Local News
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Texto de Márcia Miranda