Organizações latino-americanas lançam a Aliança para reduzir desertos de notícias

O Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor), Foro de Periodismo Argentino (Fopea), a Fundación para la Libertad de Prensa en Colombia (Flip), a Fundação Gabo, e o Instituto Prensa y Sociedad de Venezuela (Ipys) estão criando uma aliança contra os desertos de notícias e a precariedade da imprensa nos países latinos. O objetivo da Aliança pelo Jornalismo Local na América Latina é chamar a atenção para o perigo que a ausência de jornalismo local representa para a democracia e os obstáculos ao seu florescimento em áreas consideradas desertos de notícias.
A aliança pretende estabelecer e compartilhar práticas que funcionem como políticas públicas e favoreçam o jornalismo local. Os trabalhos devem promover ações conjuntas com a sociedade civil, empresas e ONGs na proteção dos ecossistemas de notícias.
Entre as boas práticas, pode-se destacar:
- Promoção de investimento em fundos econômicos que apoiem o trabalho jornalístico;
- Garantia da formação contínua dos profissionais da mídia, de forma a permitir a geração de conteúdo de alta qualidade.
Esse apoio é crucial para a sustentabilidade dos meios de comunicação locais, que enfrentam grandes obstáculos para permanecerem operacionais e relevantes nas suas comunidades.
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Índices de desertos de notícias são alarmantes na América Latina
Um dos principais objetivos da aliança é fornecer uma plataforma que torne visíveis as descobertas das investigações realizadas por seus membros, que trabalham na atualização de relatórios com novos dados sobre desertos de notícias, a fim de gerar maior conscientização sobre as lacunas de informação existentes e seu impacto na democracia e na participação cidadã. Além disso, esta plataforma promoverá o intercâmbio de boas práticas, a implementação de estratégias colaborativas e a busca de soluções que envolvam tanto a atuação do Estado quanto dos cidadãos para superar os desafios enfrentados pelo jornalismo local.
‘No Brasil, 2.968 municípios, representando 29,3 milhões de pessoas, carecem de mídia local’
Atlas de Notícias, do Projor
Segundo o estudo Desertos de Notícias Locais na Argentina, elaborado pela Fopea, em 2021, 47,9% das localidades daquele país são desertos de informação, ou seja, áreas onde a prática do jornalismo profissional é quase inexistente ou enfrenta sérias restrições. No Brasil, o Atlas de Notícias 2022 , do Projor, identificou que 2.968 municípios, representando 29,3 milhões de pessoas, carecem de mídia local. O número ainda é alarmante, apesar de uma ligeira melhora em relação às edições anteriores. A Flip revelou em 2019 que 666 municípios — mais da metade do total — não contam com veículos de comunicação que noticiem a realidade local. O Ipys Venezuela destacou que mais de 7 milhões de pessoas naquele país, representando 21% da população, vivem em municípios considerados desertos de notícias, fenômeno que se agravou desde 2020.
No comunicado de lançamento, a aliança apela aos governos da região para que atuem urgentemente para promover políticas públicas que protejam e desenvolvam o jornalismo local. É essencial reconhecer que um ecossistema de informação sólido é fundamental para garantir o direito dos cidadãos de serem bem informados e fortalecer a democracia.