Comissão de Logística da Aner recebe visita do presidente de associação argentina, Gustavo Bruno

Comissão de Logística da Aner recebe visita do presidente de associação argentina, Gustavo Bruno

12 de novembro de 2021
Última atualização: 24 de agosto de 2023
6min
Márcia Miranda

12 de novembro de 2021

A Comissão de Logística da Aner recebeu na última quarta-feira, 10, a visita do presidente da Asociación Argentina de Editores de Revistas (AAER), Gustavo Bruno. Durante o encontro, os editores associados à Aner e o presidente do Sindicatos dos Vendedores de Jornais e Revistas de São Paulo, José Antônio Mantovani, conversaram sobre o mercado de impressos, distribuição, logística e modelos de vendas em banca e remuneração e jornaleiros.

O encontro é fruto do trabalho do presidente da Aner, Rafael Soriano, e da diretora-executiva da associação, Regina Bucco, para aumentar a troca de informações entre os publishers nacionais e internacionais. O relacionamento com a AAER vem sendo desenvolvido desde ao ano passando, quando Rafael recebeu a visita de Gustavo na redação da Revista Vogue, em São Paulo.

Joaquim Carqueijó, da EdiCase Gestão de Negócios

Para o publisher da EdiCase Gestão de Negócios e conselheiro da Aner, Joaquim Carqueijó, o encontro foi muito importante pela troca de informações que proporcionou:

“Essa troca é muito importante porque traz vários pontos para discussão, independentemente das diferenças entre a realidade brasileira e a argentina. Há exemplos interessantes que ajudam a compor o raciocínio sobre o que temos que rever no mercado. A dificuldade no meio revista e da mídia impressa, como um todo, não é brasileira, é mundial. Então, mais do que nunca, a gente tem que dar as mãos para entender os movimentos e caminhos que podem que ser tomados”.

Logística argentina tem participação maior dos jornaleiros

Uma das principais diferenças de logística e distribuição na Argentina em relação ao Brasil é o processo de entrega dos veículos impressos. Lá, as entregas de assinaturas são feitas, em grande parte, pelos próprios jornaleiros, que são remunerados com percentuais em torno de 30 a 33%, por levar os jornais e revistas até a porta do assinante. Apenas nos extremos do país as entregas de revistas são feitas pelos Correios.

Este tipo de trabalho é possível pela remuneração diferenciada e por conta das vendas de assinaturas, que são comercializadas pelo mesmo preço do exemplar avulso.

“Como o editor vende a assinatura a preço de capa, o modelo cabe”, explicou Joaquim, com base nas palavras de Gustavo. “A grande diferença da estratégia é essa. Aqui no Brasil vende-se a assinatura com 50% de desconto. Na Argentina, vende-se a assinatura a preço de capa. Deste, algo entre 30% ou 33%, dependendo da geografia do jornaleiro, vai para o pagamento da comissão pela entrega. Na verdade, “economiza-se” no custo de entrega pelos correios e “economiza-se” por não dar o desconto em relação ao preço de capa”, complementa.

Outra vantagem de ter a entrega feita pelo jornaleiro é o relacionamento com os leitores e a oportunidade de oferecimento de lançamentos e produtos semelhantes, de acordo com o perfil individual dos clientes.

“Quando vão entregar a um assinante, em um raio de cinco ou seis ruas nas proximidades, os jornaleiros já conhecem as pessoas. E isso permite gerar oportunidades de venda de um lançamento, uma coleção”, comenta Gustavo.

Modelo diferenciado reduziu fechamento de bancas durante a pandemia

O presidente da Aner, Rafael Soriano, com Gustavo Bruno, presidente da Associação Argentina de Editores de Revistas (AAER), em dezembro de 2020

Na Argentina apenas 30% das bancas fecharam durante a pandemia, reduzindo o número de 16 mil para cerca de 11.200. No Brasil, que tem cerca de 10 mil bancas, o impacto foi maior, pelas dificuldades de manter os espaços abertos. Em São Paulo, graças a um movimento capitaneado pelo Sindicato dos Vendedores de Jornais e Revistas, que contou com a participação de editoras e empresas jornalísticas, as bancas foram consideradas utilidade pública e permaneceram abertas. Mas o quadro ficou crítico em outras áreas do país:

“Algumas cidades ficaram mais de três meses com todos os pontos de venda fechados”, relembra o Gerente de Vendas e Canais Diretos da Editora Globo, Mario Perrut. “Temos cerca de 60 distribuidores no Brasil. A gente chegou a ficar, no momento mais grave da pandemia, com 40% dessas praças fechadas. Então, foi bem complicado e poderia ser muito pior, não fosse a articulação do Mantovani”, conta.

Na Argentina, segundo Gustavo, além do modelo de remuneração diferenciado para os jornaleiros, o incentivo do governo também colaborou para sustentar a categoria nos meses mais difíceis:

“Os meses de abril e maio foram mortais. Não se vendia nada. Ficamos com tudo fechado e as pessoas não circulavam pelas ruas. O estado deu a todas as pessoas um incentivo, pagando um valor mínimo por mês, por ter a banca fechada, para que os trabalhadores pudessem, ao menos, ter o mínimo sustento. Isso colaborou para que os fechamentos de bancas não fossem maiores”.

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Márcia Miranda
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