Comissão de Logística da Aner recebe visita do presidente de associação argentina, Gustavo Bruno

12 de novembro de 2021

A Comissão de Logística da Aner recebeu na última quarta-feira, 10, a visita do presidente da Asociación Argentina de Editores de Revistas (AAER), Gustavo Bruno. Durante o encontro, os editores associados à Aner e o presidente do Sindicatos dos Vendedores de Jornais e Revistas de São Paulo, José Antônio Mantovani, conversaram sobre o mercado de impressos, distribuição, logística e modelos de vendas em banca e remuneração e jornaleiros.
O encontro é fruto do trabalho do presidente da Aner, Rafael Soriano, e da diretora-executiva da associação, Regina Bucco, para aumentar a troca de informações entre os publishers nacionais e internacionais. O relacionamento com a AAER vem sendo desenvolvido desde ao ano passando, quando Rafael recebeu a visita de Gustavo na redação da Revista Vogue, em São Paulo.

Para o publisher da EdiCase Gestão de Negócios e conselheiro da Aner, Joaquim Carqueijó, o encontro foi muito importante pela troca de informações que proporcionou:
“Essa troca é muito importante porque traz vários pontos para discussão, independentemente das diferenças entre a realidade brasileira e a argentina. Há exemplos interessantes que ajudam a compor o raciocínio sobre o que temos que rever no mercado. A dificuldade no meio revista e da mídia impressa, como um todo, não é brasileira, é mundial. Então, mais do que nunca, a gente tem que dar as mãos para entender os movimentos e caminhos que podem que ser tomados”.
Logística argentina tem participação maior dos jornaleiros
Uma das principais diferenças de logística e distribuição na Argentina em relação ao Brasil é o processo de entrega dos veículos impressos. Lá, as entregas de assinaturas são feitas, em grande parte, pelos próprios jornaleiros, que são remunerados com percentuais em torno de 30 a 33%, por levar os jornais e revistas até a porta do assinante. Apenas nos extremos do país as entregas de revistas são feitas pelos Correios.
Este tipo de trabalho é possível pela remuneração diferenciada e por conta das vendas de assinaturas, que são comercializadas pelo mesmo preço do exemplar avulso.
“Como o editor vende a assinatura a preço de capa, o modelo cabe”, explicou Joaquim, com base nas palavras de Gustavo. “A grande diferença da estratégia é essa. Aqui no Brasil vende-se a assinatura com 50% de desconto. Na Argentina, vende-se a assinatura a preço de capa. Deste, algo entre 30% ou 33%, dependendo da geografia do jornaleiro, vai para o pagamento da comissão pela entrega. Na verdade, “economiza-se” no custo de entrega pelos correios e “economiza-se” por não dar o desconto em relação ao preço de capa”, complementa.
Outra vantagem de ter a entrega feita pelo jornaleiro é o relacionamento com os leitores e a oportunidade de oferecimento de lançamentos e produtos semelhantes, de acordo com o perfil individual dos clientes.
“Quando vão entregar a um assinante, em um raio de cinco ou seis ruas nas proximidades, os jornaleiros já conhecem as pessoas. E isso permite gerar oportunidades de venda de um lançamento, uma coleção”, comenta Gustavo.
Modelo diferenciado reduziu fechamento de bancas durante a pandemia

Na Argentina apenas 30% das bancas fecharam durante a pandemia, reduzindo o número de 16 mil para cerca de 11.200. No Brasil, que tem cerca de 10 mil bancas, o impacto foi maior, pelas dificuldades de manter os espaços abertos. Em São Paulo, graças a um movimento capitaneado pelo Sindicato dos Vendedores de Jornais e Revistas, que contou com a participação de editoras e empresas jornalísticas, as bancas foram consideradas utilidade pública e permaneceram abertas. Mas o quadro ficou crítico em outras áreas do país:
“Algumas cidades ficaram mais de três meses com todos os pontos de venda fechados”, relembra o Gerente de Vendas e Canais Diretos da Editora Globo, Mario Perrut. “Temos cerca de 60 distribuidores no Brasil. A gente chegou a ficar, no momento mais grave da pandemia, com 40% dessas praças fechadas. Então, foi bem complicado e poderia ser muito pior, não fosse a articulação do Mantovani”, conta.
Na Argentina, segundo Gustavo, além do modelo de remuneração diferenciado para os jornaleiros, o incentivo do governo também colaborou para sustentar a categoria nos meses mais difíceis:
“Os meses de abril e maio foram mortais. Não se vendia nada. Ficamos com tudo fechado e as pessoas não circulavam pelas ruas. O estado deu a todas as pessoas um incentivo, pagando um valor mínimo por mês, por ter a banca fechada, para que os trabalhadores pudessem, ao menos, ter o mínimo sustento. Isso colaborou para que os fechamentos de bancas não fossem maiores”.
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