Censo Jornais e Revistas: maioria dos veículos do Brasil já opera no digital
15 de junho de 2022
A maior parte dos jornais e das revistas brasileiras já fez a transição do impresso para o digital ou é originalmente on-line. A constatação é do novo Censo Brasil de Editores de Jornais e Revistas, produzido pela fran6 Análise de Mercado a pedido da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e da Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner).
Das 1.262 editoras identificadas como atuantes pelo levantamento, 711 (56%) se autodeclaram digitais, enquanto 551 ainda têm como principal negócio as edições impressas, ainda que a maioria delas também publique no on-line.
O censo, resultado da parceria da ANJ e da Aner com o Meta Journalism Project e o Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ, sigla em inglês), traça um mapa de como estão distribuídos os jornais e as revistas no Brasil, bem como o porte dessas organizações e suas periodicidades.
Revistas contam com um número maior de organizações digitais
Entre os 1.265 publishers registrados pela pesquisa, 912 (72,26%) são jornais e 350, revistas (27,73%). O recorte sobre a atividade on-line revela que as revistas contam com um número maior de organizações digitais: 226 (65%) contra 124 (35%) impressas. Entre os jornais essa divisão é menor: 485 (53%) se autodeclaram digitais, enquanto 427 (47%) têm nos impressos seu principal produto.
Segundo a socióloga e pesquisadora Adélia Franceschini, que lidera a Fran6, o censo é uma forma de identificar o mercado, sua abrangência e as características dos diferentes players em um momento de grandes mudanças tecnológicas e de conteúdo.
“Este é o primeiro passo para o fortalecimento dos participantes deste mercado, através de estratégias que gerem desenvolvimento de potenciais e aglutinação de forças dos players. A renovação dos modelos da indústria editorial e os novos integrantes que já nasceram nessa era digital demonstram a força motora desse segmento, apontando caminhos e experiências que podem trazer novos horizontes”, disse em entrevista que pode ser lida na íntegra neste link.
Centro-Oeste é o segundo em número de editoras
A região do país com maior número de editoras de jornais e revistas é o Sudeste. Ali operam 388 publishers (30,74%). Em segundo lugar está o Centro-Oeste, com 299 organizações (23,69%). Depois aparecem o Nordeste, 278 (22,02%); Sul, 210 (16,64%); e Norte, 87 (6,89%).
Entre os jornais, o Centro-Oeste (31,8%) e o Nordeste (31,3%) concentram a maior parte das editoras digitais. Já o Sudeste (37,9%) e o Sul (31,6%) reúnem o maior percentual de publicações impressas.
No caso das revistas, 68,5% das publicações impressas estão no Sudeste. O Nordeste, por sua vez, agrega o maior número de operações digitais (39,8%), seguido pelo Sudeste (31,9%).
De acordo com censo, o número de editoras voltadas para o on-line está associado a alta capacidade de adaptação, pois uma significativa parcela das empresas entrevistadas transformou “seus veículos impressos principais em digitais, caracterizando-os como portais muitas vezes, mudando o título para nomes que funcionam mais na web”.
Outro fenômeno detectado pelo censo é a transformação de muitos jornais de localidades pequenas em grupos que trabalham na mesma plataforma, congregando diferentes títulos para múltiplas cidades. Além disso, aponta o estudo, “percebe-se novos veículos surgindo com a crise, já nascendo em versão digital”.
Multiplataforma
“Esse estudo inédito confirma o novo posicionamento dos jornais e das revistas: eles são veículos multiplataforma que muitas vezes também publicam edições impressas”, disse o presidente da ANJ, o jornalista Marcelo Rech. “A alta e crescente digitalização demonstra a complementaridade de plataformas e a oportunidade de se atingir, via jornais e revistas, os públicos de formas eficazes e convenientes, seguindo-se os diferentes hábitos dos usuários ao longo de sua jornada informativa”, destacou.
“O censo de editoras de revistas e jornais ativos nunca foi feito no Brasil. Sempre se especulou sobre números”, comentou a diretora-executiva da Aner, Regina Bucco. “O que fizemos foi buscar, através de CNAEs e CNPJs as empresas que, de fato, atuam e estão vivas. E são mais de 1.200 empresas cujo objeto principal é a publicação impressa ou digital”, ressaltou, destacando dois pontos como principais descobertas: “Tivemos algumas surpresas como a quantidade de revistas e jornais digitais que foram lançados na pandemia. Também é importante o crescimento das publicações locais. Enfim, esse mapeamento é apenas o começo de um longo trabalho”.
Circulação
A periodicidade foi analisada pelo censo apenas no que diz respeito a publicações impressas. Entre os jornais, a maioria circula todos os dias, 138 (15,1%), ou semanalmente, 139 (15,2%). No caso das revistas, a maior parte, 66 (18,9%), têm periodicidade mensal, enquanto 22 (6,3%) têm publicação irregular e 7 (2%) circulam semanalmente.
Porte
A maioria dos jornais e revistas brasileiros é produzida por editoras de pequeno porte, 514 (40,73%), das quais 386 publicam jornais e 128, revistas. Segundo o censo, 16 empresas (11 jornais e 5 revistas) podem ser consideradas grandes empreendimentos. Outras 56 (50 jornais e 6 revistas) são de porte médio.