FIPP Insider SP: Insights de Lulu Skantze para publishers no Brasil

No dia 5 de junho, o Brasil vai sediar o evento FIPP Insider São Paulo, uma versão compacta do FIPP World Media Congress, promovido pela Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) em parceria com a FIPP (Fédération Internationale de la Presse Périodique). O encontro é uma oportunidade valiosa para editores brasileiros se conectarem com o mercado internacional e mostrarem a criatividade e o talento do país. Para trazer mais pra perto a importância desse evento, a jornalista, diretora criativa e fundadora da revista Storytime, que Lulu Skantze, parricipou do Café com Aner da terça-feira, 20 de maio.
O Café com Aner é um encontro gratuito e online promovido pela Aner para networking, troca de informações e para fomentar ideias entre os publishers.
Na conversa com a diretor-executiva Regina Bucco, Lulu destacou tendências globais que são especialmente relevantes para o setor de mídia brasileiro, como o retorno dos eventos presenciais. Segundo ela, após um período de sobrecarga de conteúdo digital que levou à perda de foco, as pessoas buscam experiências ao vivo para conseguir se concentrar e ter novas ideias. Feiras e eventos internacionais, como a Feira do Livro de Bolonha e de Londres, já registram aumento de participantes superior aos níveis pré-pandemia.
Busca por conexões reais e experiências
De acordo com Lulu, a volta dos encontros físicos se alinha com a necessidade de conexões verdadeiras, que muitas vezes se perdem na vasta quantidade de visualizações e likes online. Em eventos ao vivo, há uma chance significativamente maior de gerar parcerias reais.
Lulu Skantze compartilhou que as melhores parcerias para a Storytime, no último ano, surgiram de encontros presenciais, incluindo a própria relação com a Aner e a oportunidade de integrar o conselho da revista finlandesa Tauko. E ela explica que, apesar de a Geração Z ser nativa digital, está entre as maiores impulsionadoras do retorno a festivais e encontros físicos, buscando experiências reais e tangíveis, com um comportamento de consumo que valoriza prazeres e indulgências, gastando em experiências e itens colecionáveis, como revistas impressas e vinis.
“A Geração Z, que é nativa digital, é uma das maiores impulsionadoras desses retornos a festivais, feiras, encontros físicos, aqui em Amsterdã, na Europa, em Londres… é gritante como eles fazem muito mais eventos do que talvez nos últimos 10 anos”, conta.
O impresso como objeto de desejo e autoridade de marca
Lulu também falou sobre a transformação pela qual as revistas impressas estão passando. Segundo ela, estão longe de desaparecer. Embora as grandes tiragens de antigamente não retornem devido a mudanças no comportamento do consumidor e desafios logísticos e de custo de papel, o impresso ganha um novo papel como um produto de nicho, premium e colecionável.
“Eu acho que esse é o segredo é de olhar para a revista como o ecossistema”, diz, destacando a importância de os editores se juntarem em novas experiências: “É olhar para aquele espaço e ver: com quem que eu posso me juntar? Quem é o meu parceiro ideal para para criar um terceiro produto, para criar uma experiência? Porque, na verdade, hoje em dia o que todo mundo quer é experiência.”
FIPP Insider SP: Colaboração, internacionalização e potencial brasileiro
A colaboração e o intercâmbio internacional são essenciais para a inovação. Equipes multiculturais têm maior chance de gerar ideias criativas e disruptivas. Lulu Skantze ressalta que os desafios enfrentados pelos editores são globalmente muito parecidos, como a dificuldade de distribuição ou a mudança no consumo de impresso.
“Eu sempre digo que a gente foca muito nas coisas que são problemas, no que a gente acha que o Brasil não faz certo, e a gente não foca em exportar que o Brasil faz certo”
Ela explica que mercado brasileiro, com seu grande número de consumidores digitais e rápida adoção de tecnologia, possui um potencial significativo que precisa ser melhor apresentado ao mercado internacional. Em vez de ver barreiras como o câmbio do dólar, os editores brasileiros podem aprender a adaptar seus modelos de parceria e “vender seu peixe” mostrando o tamanho e a dinâmica do mercado local, como fazem parceiros em mercados desafiadores como a Índia.
Vendendo experiências e repensando o negócio
Para Luklu Skantze, em um mundo onde o conteúdo por si só se tornou abundante e muitas vezes passivo, os publishers precisam ir além. O valor reside em vender a experiência, criar comunidade e proporcionar encontros que gerem valor real e duradouro. Isso se aplica tanto a eventos quanto a produtos como revistas impressas, que se tornam objetos de desejo por representarem uma experiência ou um senso de pertencimento.
Ela destaca que esta mudança de foco exige coragem para “repensar o negócio” e adaptar as estratégias para atender às novas demandas do público e do mercado global. O FIPP Insider no Brasil é uma oportunidade de explorar esses caminhos e promover a troca de ideias necessária para a transformação do setor.
“Eu acho que como editores como criadores o nosso barco é muito mais parecido do que a gente percebe e aí daí (de eventos como o FIPP Insider SP) eu acho que nasce a possibilidade de parcerias legais”, finalizou.
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