Mulheres da Revista Qualé falam sobre educação, jornalismo e o futuro das próximas gerações

Mulheres da Revista Qualé falam sobre educação, jornalismo e o futuro das próximas gerações

8 de março de 2023
Última atualização: 17 de agosto de 2023
9min
EQUIPE QUALE - FOTO: GABRIEL REIS
Márcia Miranda

07 de março de 2023

Foto mostra as mulheres editoras da Revista Qualé, à frente de fundo preto com palavras e desenhos coloridos
Maria Clara, Cinthia Behr e Fabrícia Peixoto são as responsáveis pela Revista Qualé. Foto: Gabriel Reis

No Dia Internacional da Mulher, vamos conhecer um pouco sobre o time de responsáveis pela Revista Qualé, associada à Aner. Com uma equipe formada principalmente por mulheres, a Qualé tem como principal mote a educação infanto-juvenil e a formação dos jovens. Com uma linguagem acessível, a revista tem sido uma ferramenta potente nas mãos de professores e educadores nas escolas para combater a desinformação e ensinar como as crianças podem encontrar as notícias com conteúdo de qualidade.

As jornalistas Maria Clara Cabral e Fabrícia Peixoto e a designer Cinthia Behr são sócias e responsáveis pela publicação. O trio feminino não abre mão do apartidarismo e respeito às diferenças. Elas falam de tudo nas revistas: eleições, inteligência artificial,  futebol, história do Brasil e comportamento. Não há fronteiras para as pautas. E, apesar de não negarem a importância dos meios digitais, ainda sentem boa recepção ao impresso:

“Os jovens e as crianças reagem de forma maravilhosa quando pegam a Qualé nas mãos. Recebemos feedback o tempo todo, tanto de professores quanto de alunos, sobre a satisfação de folhear e analisar mais de perto os assuntos abordados”, contam.

Na entrevista, elas nos contam planos fresquinhos para tornar a Qualé ainda mais interessante para os pequenos (e também para os adultos!). Sobre o papel das mulheres no jornalismo, o recado é claro:

“O jornalismo de qualidade é de extrema importância nos dias de hoje e precisa sobreviver. Nós, mulheres, temos um papel fundamental nesse processo e precisamos ser fortes para continuar a trazer informação de qualidade pelo futuro das próximas gerações”.

Como o time de vocês se formou? Por que e como nasceu a Qualé?

A Qualé nasceu a partir da percepção de que o mercado precisava oferecer uma opção de jornalismo moderna, colorida e com textos acessíveis às crianças. Acreditamos que o jornalismo tem um papel importantíssimo na formação desses jovens, ajudando a desenvolver habilidades como empatia, senso crítico, poder de argumentação e um olhar mais preocupado com o mundo.

Além disso, o jornalismo também serve como ferramenta de qualidade para o combate ao problema das fake news, que cresce a cada dia, até mesmo entre os mais jovens.

O time se formou após uma primeira percepção de duas das sócias, que também são mães, de que o noticiário até então existente para crianças poderia se modernizar e se reinventar. Jornalistas, fomos então atrás de uma pessoa que pudesse deixar o design de nosso projeto lindo e cativante. Por sorte, trouxemos a terceira sócia, também mulher e mãe.

Como vocês se organizam para o preparo das edições? Como escolhem os temas? 

Na primeira reunião de pauta da edição, toda a equipe – formada por pedagoga, jornalistas e designer (todas mulheres) – traz ideias de temas que podem ser ao mesmo tempo interessantes para os jovens e usadas em sala de aula. Como trabalhamos para que a Qualé seja multidisciplinar, alguns critérios são levados em conta na hora de decidir pela viabilidade das pautas, como opções de gráficos, mapas, tabelas e outros recursos visuais. Tentamos sempre mesclar matérias das chamadas hard news com notícias mais “frias” e leves.

Por que educação midiática?

Porque o consumo de informação está crescendo cada vez mais entre crianças e jovens, de diferentes maneiras. Com a educação midiática, eles terão mais chances de desenvolver habilidades para diferenciar todos os tipos de informação, de qualquer mídia. Poderão acessar, analisar, criar e participar de maneira crítica de todo esse ambiente informacional, em todos os formatos.

A educação midiática é um tema em evidência por conta dos recentes ataques à imprensa e tem sido citada sempre como um elemento essencial para a manutenção da democracia. Qual o papel da Qualé nisso?

A importância da democracia é um tema que tomou conta do noticiário durante as últimas eleições. No entanto, ela deveria estar presente em nossa vida sempre, desde quando somos pequenos. É por isso que não abrimos mão do apartidarismo e respeito às diferenças. Percebendo isso agora, temos certeza de que os jovens serão mais conscientes e mais respeitosos no futuro.

Aproveitamos para apresentar aqui o nosso vídeo sobre eleições, que mostra que é possível tratar sobre o tema com as crianças sem entrar em polêmicas.

As crianças estão muito conectadas, hoje, principalmente com telefones celulares. Como elas recebem uma revista impressa nestes tempos?

O papel do material impresso é bastante discutido nos dias de hoje. No entanto, a nossa equipe acredita muito no poder desse formato para o público da revista, que ainda está na fase do desenvolvimento da leitura e escrita. E, por incrível que pareça, os jovens e as crianças reagem de forma maravilhosa quando pegam a Qualé nas mãos. Recebemos feedback o tempo todo, tanto de professores quanto de alunos, sobre a satisfação de folhear e analisar mais de perto os assuntos abordados. É um momento muito especial também quando eles estão desconectados, divertindo-se e aprendendo ao mesmo tempo.

Mães e empreendedoras… Como é equilibrar essa rotina?

Muito difícil (rs). Mas equilibramos essa balança de uma forma muito divertida. Temos o privilégio de trabalhar em um local em que as crianças são protagonistas. Então, frequentemente, os filhos estão na redação, palpitam nas pautas, nas artes, na capa. Ou seja, estão presentes no dia a dia da Qualé. Isso facilita muito o processo e sentimos que os filhos falam sobre o trabalho das mães com muito orgulho.

Qual a idade dos filhos de vocês? Como eles inspiram vocês nesse trabalho?

As filhas da Maria Clara são Beatriz, de 12 anos, filha da Maria Clara, que já é uma pré-adolescente, então não tem dado muitos palpites, mas já participou muito; e Helena, de 7 anos. Essa, ama a revista, sempre comenta todas as pautas, manda perguntas e quer fazer parte de todas as reportagens.

Chiara, de 10 anos, é a filha da Cinthia. Ela é criativa e cheia de ideias, assim como a mãe, nossa diretora de arte. Sempre dá pitacos nas capas, nas cores e ajuda a deixar a revista ainda mais bonita.

Rafa, de 11 anos, e Pedro, de 8 anos são os filhos de Fabrícia. Ambos são fanáticos por futebol e adoram qualquer pauta relacionada ao assunto.

Além disso, muitas funcionárias também são mães, com filhos de diferentes idades (de adultos a bebês). Muitos já foram personagens, nos deram ideias e participaram das nossas confraternizações.

Qual o recado que as mulheres da Qualé deixam para as editoras e jornalistas?

Apenas que é possível! O jornalismo de qualidade é de extrema importância nos dias de hoje e precisa sobreviver. Nós, mulheres, temos um papel fundamental nesse processo e precisamos ser fortes para continuar a trazer informação de qualidade pelo futuro das próximas gerações. Nossos filhos saberão reconhecer que os dias ausentes tiveram uma causa nobre.

Por que vocês se filiaram à Aner e como essa participação tem sido para vocês?

Inicialmente, nos associamos por questões burocráticas, o que foi muito útil no processo de parceria com secretarias de educação. Hoje, a Aner nos engrandece com a troca de experiências e novos conhecimentos. Sempre indicamos as palestras para nossos colaboradores e adoramos as newsletters produzidas por vocês. Os conteúdos são sempre úteis e muito bacanas.

Além da revista, vocês pensam em outras iniciativas que possam contar pra gente? Alguma novidade? Algo no meio digital?

Temos uma notícia quentinha: acabamos de realizar a primeira reunião com a Turma Editorial da Qualé, formada por nove estudantes de diferentes escolas (a princípio de São Paulo). Essa galerinha poderá participar de forma ativa da elaboração da revista, trazendo sugestões de pauta e criticando o conteúdo. A ideia é dar mais voz aos nossos jovens leitores, incentivando ainda mais o pensamento crítico.

Além disso, também estamos reformulando todo o nosso site, para que ele fique mais amigável, dinâmico e ofereça mais conteúdo aos educadores. O lançamento será em breve. Aguardem!

Participe e atualize-se!

Se você quer saber em primeira mão dos debates que a Aner promove sobre o mercado editorial, pode participar das Comissões Logística, Digital, Jurídica, Recorrência, Editores Locais e Audiência. Entre em contato com a Aner e torne-se um associado.

Clique aqui para saber como se associar

Além de expor a sua opinião, participar dos debates e unir forças com outros publishers e parceiros de negócios, a Aner possibilita o contato com instituições nacionais e globais, para cursos, palestras, workshops e intercâmbio de informações. Outra vantagem é a participação em atividades de aprimoramento para as equipes em cursos reconhecidos no mercado, como o Insper e a ComSchool.

Acompanhe nossas redes sociais para ficar em dia com as novidades e assine a nossa newsletter. Clique aqui e saiba como.

Texto: Márcia Miranda – Simbiose Conteúdo.

Márcia Miranda
Administrator
Acredita que boas ideias precisam ser compartilhadas. Formada em Comunicação Social, Jornalismo, pela Universidade Federal Fluminense (RJ), iniciou carreira em redação em 1988 e por 24 anos (até 2012) trabalhou em veículos como Jornal O Globo e Agência O Globo, Editora Abril, Jornal O Fluminense, Jornal Metro. Em 2012 iniciou o trabalho como relações públicas e assessora de comunicação, atuando para clientes em áreas variadas, como grandes eventos (TED-x Rio, Réveillon em Copacabana, Jornada Mundial da Juventude, Festival MIMO), showbiz, orquestras, entretenimento e assessorias institucionais como o Instituto Innovare. É empreendedora e, em dezembro de 2021, criou a Simbiose Conteúdo, uma empresa que presta serviços e consultoria em comunicação para associações como Aner, Abral e Abap e divisões internas da TV Globo.