2020 foi o ano mais violento contra a imprensa brasileira das últimas três décadas
PORTAL IMPRENSA – 26/01/2021
O ano de 2020 foi o mais violento contra jornalistas no Brasil desde o início da década de 1990. É o que revela o relatório Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil, publicado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) nesta terça (26).
Segundo o estudo, realizado com base no monitoramento de discursos, entrevistas e postagens em redes sociais ocorridos de janeiro a setembro de 2020, houve 428 casos de ataques à liberdade de imprensa no país, 105% acima do ano anterior.
Para a Fenaj, o número de ataques aumentou devido à cobertura jornalística da pandemia, que teria servido de pretexto para dezenas de ataques do presidente Jair Bolsonaro e “dos que o seguiram na negação da crise sanitária”.
Assassinatos e racismo
Bolsonaro foi responsável por 175 casos, ou cerca de 41% dos ataques. Ele cometeu, segundo o relatório, 145 casos de descredibilização da imprensa, 26 agressões verbais, duas ameaças diretas e dois ataques à própria Fenaj.
Em 2020 houve dois assassinatos e dois casos de racismo contra profissionais de imprensa no Brasil. Os jornalistas assassinados foram Léo Veras, que denunciava o crime organizado na fronteira com o Paraguai, e Edney Neves, que trabalhava na campanha à reeleição da Prefeitura de Peixoto de Azevedo (MG).
O relatório também aponta aumento de 750% em casos de censura à imprensa brasileira e de 280% nas agressões verbais/ virtuais a jornalistas do país.
“Jornalistas passaram a ser agredidos por populares nas ruas e os ataques virtuais, por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens, tornaram-se comuns. Apesar do aumento significativo, é muito provável que ainda haja subnotificação dos casos, porque muitos profissionais não chegam a denunciar o ataque sofrido”, diz o relatório.
O Sudeste é a região com mais casos de violência direta dontra jornalistas, mas o Centro-Oeste registra o maior número de atentados à liberdade de imprensa. Já o Distrito Federal contabilizou o maior número de casos de censura, principalmente devido às intervenções do governo federal na Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que tem sede em Brasília.
Os jornalistas televisivos são os mais atingidos pelas agressões. O relatório mostra que o principal autor de ataques foi o presidente Jair Bolsonaro. Depois dele, servidores públicos foram os que mais atacaram. Em terceiro estão os políticos.