Vigilância na China é mais sofisticada do que se pensava

Vigilância na China é mais sofisticada do que se pensava

17 de maio de 2019
Última atualização: 17 de maio de 2019
Helio Gama Neto

ÉPOCA NEGÓCIOS – 17/05/2019

O amplo uso de vigilância tecnológica pelas autoridades da China tem sido alvo de muitas críticas. Mas um relatório publicado recentemente pela Human Rights Watch mostra que a prática no país é muito mais disseminada do que se imaginava, e envolve gigantes do setor de tecnologia.

Exemplo do envolvimento das empresas de tecnologia é um aplicativo usado pela polícia na região de Xinjiang. O programa incorpora uma ferramenta de reconhecimento facial utilizada por uma empresa da Alibaba Group Holding para comparar rostos das pessoas nas ruas com documentos de identificação. O aplicativo compila outros dados, como uso de smartphone e energia, relações pessoais e afiliações políticas ou religiosas. Segundo o relatório, o objetivo seria detectar qualquer tipo de comportamento suspeito.

Com o documento, a Human Rights Watch lança luz sobre as intensas atividades de monitoramento da China. A divulgação do relatório acontece em um momento em que o país reprime sua minoria muçulmana Uighur, com a justificativa de evitar eventuais ataques terroristas. O Departamento de Estado dos EUA diz que até dois milhões de uigures estão detidos em campos de concentração em Xinjiang. Os dados são contestados pelas autoridades chinesas, que não divulgam números.

O secretário de Estado dos EUA, Michael Pompeo, pediu que empresas norte-americanas repensem a decisão de fazer negócios na região de Xinjiang. “Constatamos que existem violações aos direitos humanos em Xinjiang, onde mais de um milhão de pessoas estão detidas. Trata-se de uma crise humanitária”, afirmou Pompeo, segundo a Bloomberg. O governo chinês alega que as medidas de segurança em Xinjiang seriam necessárias para prevenir ações terroristas e para incentivar o crescimento econômico da região.

Segundo a Human Rights Watch, as informações do relatório foram obtidas usando engenharia reversa no app, que se comunica com a base de dados conhecida como Plataforma de Operações Conjuntas. Essa plataforma é usada para a coleta de informações que servem de base para investigações conduzidas pela polícia.

A organização diz que o aplicativo foi desenvolvido por uma unidade da estatal China Electronics Technology Group Corp, conhecida como CETC, que tem US$ 30 bilhões em receita e 169 mil funcionários. O grupo tem expandido suas operações para o exterior, com o desenvolvimento de soluções de smart cities em Teerã em cooperação com a Siemens, por exemplo.

O software de reconhecimento facial embutido no programa foi desenvolvido pela empresa Megvii, com base em Pequim, conhecida como Face++. A empresa vende licenças para usar o Face++ em outros aplicativos e considerava fazer um IPO na bolsa de Hong Kong. Seus investidores incluem Alibaba, Sinovation Ventures e Foxconn.


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Helio Gama Neto