Como o licenciamento pode ser útil aos publishers de revistas?

Quem nunca comprou um produto novo, envolvido pela reação emocionada de uma Collab entre marcas queridas? Quem nunca ficou curioso para provar o sabor de uma união totalmente inusitada entre delícias já aprovadas pelo público? Ou comprou uma camisa com o personagem preferido dos filmes e quadrinhos? Parece longe do meio editorial? Mas não está.
O mundo do licenciamento de marcas e personagens pode aumentar as chances de monetização para os publishers e uma boa oportunidade de conhecer esse negócio é a feira LicensingCon Latam 2025, que acontece nos dias 27 e 28 de agosto, no Espaço Vila dos Ipês. O evento reúne os maiores representantes de marcas e especialistas em criar negócios relacionados ao licenciamento. A Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) é apoiadora institucional do evento.
“Mais do que um evento, o LicensingCon Latam é um ecossistema vibrante de negócios e criatividade. Aqui, as marcas ganham vida, as histórias se transformam em produtos, experiências e os personagens transcendem a tela para fazer parte do dia a dia das pessoas — em roupas, acessórios, alimentos, papelaria, cosméticos e muito mais”, afirma Marici Ferreira, CEO do EP Grupo, responsável pelo evento, e presidente da Abral-Licensing International.
Como usar o licenciamento para monetizar revistas?
Esse ano, o LicensingCon Latam amplia o espaço de conexão do audiovisual infantil por meio de um painel com executivos do setor no dia 28 de agosto, às 15h30. O encontro promoverá a troca de ideias sobre tendências, desafios e oportunidades no desenvolvimento, produção, distribuição e licenciamento de conteúdos infantis, mais uma chance de negócios para publishers.
Em todo o mundo as marcas estão buscando parcerias e Collabs para aumentar suas vendas e o engajamento dos fãs. Veja aqui algumas ideias que podem colaborar com essa estratégia:
Experiências e serviços licenciados: Além de produtos físicos, uma revista pode licenciar sua marca para experiências, como eventos temáticos, cursos, ou até mesmo spas ou hotéis (no caso de revistas de viagens/luxo), criando um ecossistema de marca completo.
Expansão para novas categorias de produtos: Uma marca de revista pode licenciar seu nome, logo e até mesmo seu conteúdo para ser aplicado em uma vasta gama de produtos. Por exemplo, uma revista de culinária pode licenciar sua marca para utensílios de cozinha ou alimentos gourmet. Uma revista de moda ou saúde pode ter linhas de roupas ou acessórios.
Royalties e taxas de licenciamento: A principal forma de monetização direta é através de royalties sobre as vendas dos produtos licenciados, além de taxas iniciais de licenciamento. Isso cria um fluxo de receita passivo que não depende diretamente da venda de exemplares ou publicidade na revista.
Fortalecimento da marca e engajamento do consumidor: Produtos licenciados atuam como “outdoor” para a marca da revista, aumentando sua visibilidade e reforçando sua imagem no mercado. Isso pode atrair novos leitores e aprofundar o engajamento dos fãs existentes.
Acesso a novos canais de venda: Ao licenciar para fabricantes com canais de distribuição estabelecidos (varejistas, e-commerce, etc.), a marca da revista pode alcançar consumidores em locais onde normalmente não teria presença.
Diversificação de receita: Em um cenário onde a publicidade e a circulação de revistas podem ser voláteis, o licenciamento oferece uma fonte de receita mais estável e diversificada, reduzindo a dependência de um único modelo de negócio.
Colaborações de sucesso entre revistas e outras marcas
Recentemente, no FIPP Insider SP, a CEO das edições Globo Condé Nast, Paula Mageste, falou sobre a importância e a força da marca Vogue Brasil. Em 50 anos, a revista se reinventou, mas sempre cuidando da marca e investindo em novidades para o público, como os bailes Vogue.
“Revistas, que nasceram no formato impresso precisam virar marca, em primeiro lugar”, alerta.
A Vogue é um exemplo clássico de marca que transcende o mundo das revistas. Ela tem uma vasta gama de produtos licenciados, desde óculos a coleções de maquiagem. Suas colaborações com marcas de moda de luxo e varejistas de massa são frequentes, resultando em linhas de vestuário e acessórios que carregam o prestígio da marca Vogue. Embora artigos detalhando vendas específicas sejam raros, a própria existência e continuidade dessas linhas demonstra seu sucesso.
Marici Ferreira explica que para levar o negócio de licenciamento adiante não é só “usar uma marca bonita”:
“É fundamental entender que licenciar uma propriedade é utilizar valor de marca, reconhecimento e desejo já existentes para impulsionar um produto editorial. É um modelo de transferência de valor afetivo e comercial, não só de identidade visual”, explica.
Veja mais alguns exemplos de marcas que fazem bons negócios usando marca e licenciamento

National Geographic: Além da revista, ela licencia sua marca para documentários, brinquedos, jogos, roupas, e até mesmo viagens e experiências educacionais. Sua colaboração com marcas de vestuário para linhas de roupas de aventura e ao ar livre é particularmente notável, capitalizando sobre sua imagem de exploração e natureza. O sucesso se mede pela onipresença da marca em diversas plataformas.
Playboy: O coelho icônico e o nome Playboy foram licenciados para uma infinidade de produtos, de roupas e acessórios a produtos de beleza e artigos para casa.
Turma da Mônica (Mauricio de Sousa Produções): O maior e mais bem-sucedido exemplo de licenciamento de personagens de quadrinhos e revistas infantis no Brasil, e um dos mais relevantes globalmente. A Mauricio de Sousa Produções trabalha com uma ampla rede de licenciados, garantindo a distribuição massiva dos produtos e a presença da marca em diversos setores do varejo. A Turma da Mônica tem seu nome e personagens em mais de 4 mil itens licenciados. Isso inclui desde produtos óbvios como brinquedos, material escolar, vestuário, DVDs e jogos, até itens menos esperados, como alimentos (as famosas “Maçãs da Turma da Mônica”) e produtos de higiene pessoal. Além dos produtos, a marca tem parques temáticos (Parque da Mônica) e eventos itinerantes, criando experiências imersivas que fortalecem o vínculo com o público. Recentemente tem chamado atenção com as collabs com empresas de transportes como a Gol e Águia Branca.



Story Time: A revista voltada para o público infantil criada pela brasileira Lulu Skantze, que hoje mora na Holanda, tem a mentalidade de licenciamento aplicada desde a concepção. Lulu também falou sobre isso no FIPP Insider SP, contando que utilizou sua experiência prévia com marcas como Disney, Mattel e PlayStation para estruturar a revista pensando na expansão futura. A revista hoje é distribuída para 60 países, predominantemente em inglês, mas também disponível em outros idiomas, como o mandarim. O licenciamento inclui a versão original, que pode ser traduzida para o idioma local, além de incluir histórias originais do país. As edições variam de 62 a 52 páginas.
Networking e insights sobre licenciamento
Além do contato com os especialistas e profissionais do mercado, quem participa da LicensingCon Latam 2025 também terá a oportunidade de conhecer os cases mais vibrantes do mercado para se inspirar. O evento é aberto para participação de adultos, apenas. A entrada para visitação e imprensa é gratuita, mas é preciso pagar para assistir as palestras.
Serviço:
LicensingCon Latam 2025
Horário exposição: 10h às 19h
Horário palestras: 8h às 12h.
Local: Espaço Vila dos Ipês – Avenida Mofarrej, 1505, Vila Leopoldina, São Paulo – SP
Evento B2B. Não é permitida a entrada de menores de 18 anos
Ingressos e mais informações: licensingcon.com.br


