Revistas sobre maternidade: Uma nova onda em apoio para mães modernas

Revistas sobre maternidade: Uma nova onda em apoio para mães modernas

29 de novembro de 2024
Última atualização: 29 de novembro de 2024
7min
Revistas Sonshine e Popopo em banner para matéria sobre revistas sobre maternidade
Focadas em nichos, Sonshine e Popopo são revistas sobre maternidade para pais e mães. Imagem: arte com reprodução de internet.
Lulu Skantze

As revistas sobre maternidade, para pais e mães, existem há muito tempo e são essenciais, especialmente para pais de primeira viagem, fornecendo orientações que vão de dicas de saúde a atividades familiares. Mais recentemente, porém, vimos o surgimento de um novo “nicho”: publicações que vão além dos conselhos gerais sobre criação de filhos para focar em aspectos específicos e sutis da maternidade.

Digo maternidade porque apesar da voz mais direcionada às mulheres, não excluem pais. Ao conversar com as editoras, entendi que as mães tendem a buscar essas respostas mais frequentemente que os pais. Por isso, as publicações como a Sonshine e a Popopo têm uma voz mais feminina. Essas duas publicações a seguir foram fundadas por mulheres com intenção de criar espaços para conversas profundas e íntimas, abordando as complexas e crescentes necessidades das mães no mundo de hoje.

Neste artigo, gostaria de apresentar duas revistas – a Inglesa Sonshine e a Sul-Coreana Popopo  – que estão reformulando a narrativa sobre a maternidade e oferecendo novas perspectivas sobre a criação de filhos e a jornada da maternidade em si.

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Imagem do miolo da Sonshine em matéria sobre desafios na escola.

Sonshine: criando filhos para um mundo mais igualitário

Uma das publicações mais inovadoras sobre a maternidade moderna é a inglesa Sonshine, fundada por Kirstie Beaven. Tudo começou como um grupo no Facebook, no qual ela dividia questões que apareceram quando nasceu o seu segundo filho (a primeira era uma menina). Determinada a promover igualdade entre sua filha e seu filho, ela percebeu que as ferramentas e os sistemas de apoio para criar meninos com foco em empatia e abertura eram limitados.

Escolhas simples, como roupas, revelavam mensagens sociais profundamente enraizadas que contradiziam seus ideais. Por que as roupas de meninos são dominadas por símbolos de agressividade — dinossauros, leões e máquinas — enquanto as de meninas são mais delicadas, com coelhos e cordeiros (normalmente que seriam devorados pelos tigres e leões). Essas mensagens começam nas camisetas mas reforçam comportamentos e são cheias de significados.  

A revista surgiu a pedido da comunidade que Kirsten construiu online (e que cresceu muito durante o lockdown), onde mães começaram a compartilhar experiências e questionamentos semelhantes. A Sonshine é uma revista cuidadosamente elaborada, que aborda questões sobre masculinidade, expectativas de gênero e desenvolvimento emocional dos meninos, com sensibilidade e profundidade. As leitoras são incentivadas a repensar desde normas sociais até decisões cotidianas de criação, tornando Sonshine um guia revigorante para mães comprometidas em criar filhos de forma mais inclusiva e igualitária.

A cada edição, Sonshine traz discussões importantes embasadas em pesquisas e histórias pessoais, abordando grandes questões do tipo: “Como ensinar empatia e igualdade para nossos filhos?” É uma perspectiva única e necessária, e as leitoras têm respondido com entusiasmo, a essa abordagem.

Vale incluir, aqui, que a revista já nasceu com uma comunidade de leitores. Eles queriam mais tempo para digerir os assuntos com profundidade, fora das telas. Eles pediram e a Kirstie atendeu. A revista é publicada quatro vezes por ano e cada edição foca em um aspecto da educação de meninos com mais profundidade, mas de certa maneira acho que acaba ajudando na educação de filhos e filhas também.

Veja mais sobre a Sonshine aqui.

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Imagem do miolo da revista Popopo, uma das revistas sobre maternidade na Coreia.

Popopo: (Connecting PeOple with POtencial and POssibilities) A busca por uma identidade além da maternidade

Na Feira do Livro de Frankfurt deste ano, Popopo se destacou como uma revista  esteticamente muito bonita e projetada com uma missão reflexiva: ajudar mulheres sul-coreanas a “navegar pelo mar de incertezas e desafios antes, durante e após escolherem ter filhos”. Na Coreia do Sul, como em muitas outras partes do mundo, as taxas de natalidade estão em queda, influenciadas em parte pelo medo das mulheres de perder oportunidades pessoais e até mesmo sua identidade ao se tornarem mães. A editora chefe Jung-Eun-ju fundou a Popopo para oferecer uma visão otimista e tranquilizadora às mulheres e com a missão de desmistificar o medo da maternidade e do que vem a seguir.  

Por meio de conversas íntimas e reflexivas com mulheres de diversas origens, a revista pinta um retrato holístico da maternidade — que vai além dos cuidados com os filhos e adentra o crescimento pessoal, as mudanças de carreira e as transformações nas relações. Cada edição apresenta histórias de mulheres que tiraram sabáticos para redescobrir suas paixões, mães que buscaram novas carreiras após os filhos crescerem e a beleza de construir amizades adultas com os filhos já adultos. A revista fala abertamente sobre as realidades da solidão, a redescoberta dos sonhos e a importância da esperança, incentivando as leitoras a abraçarem cada fase da vida sem medo.

Publicada duas vezes ao ano, em coreano e inglês, Popopo é feita para leitoras que buscam equilibrar a maternidade com um profundo senso de identidade. Sua abordagem reflete as amplas questões sobre identidade e possibilidades que ressoam com muitas mulheres hoje, tornando-se uma leitura inspiradora e oportuna. A revista tem 208 páginas, e é quase como um livro – mas já ganhou vários prêmios e agora procura expandir para outros países. A sua missão em Frankfurt era firmar parcerias de licenciamento. Considerando que esse assunto está mais em pauta do que nunca, consigo imaginar muito espaço para a revista crescer por aqui também. E, hoje em dia, a Coreia do Sul é um celeiro de tendências para publicações, filmes e séries, portanto não seria surpresa,

Veja mais sobre a Popopo aqui.

Revistas de nicho como um meio de conexão

Sonshine e Popopo ilustram a força única das revistas focadas em nichos: elas oferecem uma experiência profundamente pessoal para as leitoras. Diferentemente das mídias sociais aceleradas, as revistas convidam as leitoras a sentar, refletir e se envolver com temas íntimos de forma significativa. Para muitas mães, encontrar uma revista que ressoe com seus valores e preocupações é como encontrar um grupo que realmente compreende sua jornada.

Essas revistas sobre maternidade também nos lembram que a mídia impressa está longe de ser obsoleta: ela está se transformando. Revistas como Sonshine e Popopo fazem parte de um movimento mais amplo para criar comunidades que refletem perspectivas diversas sobre a maternidade, mas revistas se tornam um adicional para documentar as conversas que acontecem nesses grupos online, e solidificar a autoridade no assunto.

Em uma época em que a maternidade pode parecer isoladora ou desafiadora, essas publicações oferecem não apenas informação, mas também segurança, esperança e uma inspiração para criar filhos — e a nós mesmas — de maneira mais consciente e intencional.

Lulu Skantze
Contributor
Lulu Skantze é fundadora e diretora criativa de uma das maiores revistas infantis do Reino Unido, a Storytime. Desde seu lançamento, em 2014, a revista tornou-se uma marca global de histórias, reconhecida nos setores de Editoriais e Edtech, com mais de 900 histórias disponíveis em formatos impresso, digital e áudio, e novos conteúdos publicados mensalmente. A revista é publicada atualmente em cinco países e distribuída para mais de 60 países. Com base em Amsterdã, após viver em Londres por mais de 20 anos, Lulu trabalhou em agências de publicidade no Brasil e na Alemanha e para grandes editoras britânicas, francesas e italianas, dirigindo artisticamente projetos premiados e desenvolvendo produtos para Disney, Mattel, Hasbro, Playstation e muitas outras grandes marcas. Lulu acredita que todos somos feitos de histórias. Ela defende a importância da alfabetização, de conteúdos diversificados e positivos, acessíveis a todos, e esses valores são fundamentais para o conceito da Storytime. Para saber mais sobre sua marca, visite www.storytimemagazine.com e www.storytimehub.com.