É o fim dos ensaios fotográficos nas revistas de moda?

É o fim dos ensaios fotográficos nas revistas de moda?

14 de janeiro de 2020
Última atualização: 14 de janeiro de 2020
Helio Gama Neto

EXAME – 09/01/2020

Ivan Padilla

Existem duas certezas no mundo da moda. A primeira delas: as tendências vão e voltam, se repetem no intervalo de algumas décadas, ou mesmo de alguns anos. O vintage está em alta há algum tempo. E se uma edição impressa vem sendo exageradamente considerada retrô, o que dizer de uma revista sem fotos? A segunda certeza: sem barulho as publicações caem no vazio.

A impressão é a de ver uma revista antiga, comprada em algum sebo na Europa. No lugar de uma modelo ou atriz vestindo alguma peça da última tendência, a capa de janeiro da Vogue Itália traz uma ilustração – aliás, sete ilustrações, em sete capas diferentes. Aliás, novamente – sete lindas e sofisticadas ilustrações.

“O propósito desse movimento bastante ousado é, simplesmente, ser mais sustentável”, disse em um comunicado a editora americana Condé Nast, que publica a Vogue. A empresa ressaltou que foi a primeira vez que a Vogue publica uma ilustração na capa desde a introdução da fotografia em suas páginas, no começo do século passado.

Quanto a medida significou em termos de redução de impacto ambiental? Para dar essa medida, a editora levantou os recursos necessários para fazer a chamada September Issue, a edição de setembro, tradicionalmente a maior do ano, que traz novas coleções e campanhas. A editora-chefe Emanuele Farnetti detalhou em um comunicado: foram 150 profissionais, 20 voos, cerca de 12 viagens de trem, 40 carros para produção, 60 entregas internacionais, luzes acesas na redação por 10 horas ao dia, resíduos de comida do serviço de catering, plástico para embalar as roupas, eletricidade para recarregar câmeras e celulares.

Segundo Farnetti, o dinheiro economizado com a eliminação desses serviços será doado para a Fundação Querini Stampalia, em Veneza, atingido pelas enchentes recentes causadas aparentemente pelas mudanças climáticas.

A primeira Vogue circulou em 1892, com uma capa ilustrada, claro. Somente em 1932 publicaria sua primeira foto colorida. Para a edição de janeiro, a edição italiana contratou os artistas David Salle, Vanessa Beecroft, Cassi Namoda, Milo Manara, Delphine Desano, Yoshitaka Amano e Paolo Ventura para criar, cada um, uma capa de uma modelo vestindo uma peça da Gucci. As técnicas variaram entre o desenho, a pintura e a colagem.

Existem duas certezas no mundo da moda. A primeira delas: as tendências vão e voltam, se repetem no intervalo de algumas décadas, ou mesmo de alguns anos. O vintage está em alta há algum tempo. E se uma edição impressa vem sendo exageradamente considerada retrô, o que dizer de uma revista sem fotos?

A segunda certeza: sem barulho as publicações caem no vazio. A diversidade é o movimento do momento. As capas das revistas de moda têm apresentado uma bem-vinda e necessária representatividade de perfis que estavam antes fora do escopo da moda: a chamada body positivity, movimento de valorização de todos os tipos de corpo, trans, mulheres com vitiligo, com pelos ao natural… A sustentabilidade é outra causa em alta. Algumas das capas da Vogue Itália juntam a diversidade com a causa ambiental. É sucesso certo.


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Helio Gama Neto