Pesquisa reunirá dados sobre perfil dos jornalistas brasileiros

Pesquisa reunirá dados sobre perfil dos jornalistas brasileiros

3 de março de 2021
Última atualização: 3 de março de 2021
Helio Gama Neto

ABRAJI – 01/03/2021

Os Programas de Pós-Graduação em Jornalismo (PPGJOR) e Sociologia e Ciência Política (PPGSP) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) inauguraram, na segunda-feira (01.mar.2021), a plataforma da pesquisa Perfil do Jornalista Brasileiro 2021, com lançamento previsto para o próximo ano. O estudo será conduzido pelo Comitê de Pesquisa da Rede de Estudos sobre Trabalho e Identidade dos Jornalistas (RETIJ/SBPJor).

A iniciativa executada pelo Laboratório de Sociologia do Trabalho (Lastro) da universidade pretende mapear características sociodemográficas, políticas, de saúde e do trabalho para responder à questão “quantos e quem são os jornalistas brasileiros, no começo desta terceira década do século 21?”. O questionário da pesquisa estará disponível na plataforma a partir de abr.2021.

O estudo deste ano é uma forma de atualizar os dados da pesquisa Quem é o jornalista brasileiro? realizada em 2012 pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política (PPGSP/UFSC), em convênio com a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Para a edição de 2021, está entre os objetivos contribuir com, pelo menos, três novos temas: a precarização do trabalho jornalístico; as condições de saúde laboral; os efeitos das inovações tecnológicas nos saberes e fazeres da profissão.

De acordo com pesquisador da UFSC e coordenador do Comitê, Samuel Lima, a proposta de atualizar e expandir os conhecimentos acerca dos profissionais do jornalismo tem contribuição ampla, “considerando que se trata de um mapeamento de informações que pode subsidiar tanto as iniciativas de entidades como a Abraji, quanto servir de suporte para estudos mais específicos que podem revelar mais ainda sobre o trabalho dos/as jornalistas brasileiros”. Para o pesquisador, o estudo vai iluminar questões de saúde, regionais, de gênero, inclusão racial e diversidade.

A pesquisa recebeu apoio institucional da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e das seguintes entidades: Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), ABI (Associação Brasileira de Imprensa), APJor (Associação Profissão Jornalista), SBPJor (Associação Nacional de Pesquisadores em Jornalismo) e Abej (Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo). Além disso, tem parceria com a Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação), que se comprometeu a divulgar o estudo.

A perspectiva é que sejam ouvidos, via metodologia web survey, cerca de 10 mil profissionais que atuam em veículos ou estejam fora da mídia tradicional, além de docentes. Após a conclusão de todas as etapas, a pesquisa deverá ser lançada em formato de livro e e-book entre mar.2022 e abr.2022.

Outras pesquisas

O Perfil do Jornalista Brasileiro 2021 se configura como mais uma iniciativa entre as que buscam preencher a lacuna de informações no campo. A quarta e última edição do Atlas de Notícia levantou dados importantes sobre a presença do jornalismo local no Brasil. Cerca de 34 milhões de pessoas não possuem acesso à informação jornalística sobre o lugar onde vivem. Os números sobre os desertos de notícia são resultado do estudo feito pelo Projor (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo), em parceria com a Abraji, Intercom e escolas de jornalismo, com financiamento do Facebook Journalism Project.

No mesmo esforço de compreender o cenário do campo jornalístico, em 2020, o Centro de Pesquisa Comunicação e Trabalho (CPCT) da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), coordenado pela professora Roseli Figaro, lançou o relatório Como trabalham os comunicadores em tempos de pandemia?,  com dados alarmantes sobre as condições de trabalho desses profissionais. Os resultados mostram que, no geral, “trabalha-se mais horas, em ritmo mais intenso e com mais incertezas sobre as condições de salário e emprego” durante o período analisado. Trata-se de mais uma evidência sobre a precarização do trabalho da categoria que foi aprofundada pela pandemia de covid-19.


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Helio Gama Neto