Paulo Maffia e as HQ: “Se o primeiro Pato Donald não tivesse sido publicado no Brasil, a modernização do país seria mais lenta”.

Paulo Maffia e as HQ: “Se o primeiro Pato Donald não tivesse sido publicado no Brasil, a modernização do país seria mais lenta”.

2 de agosto de 2023
Última atualização: 23 de agosto de 2023
4min
Homem branco de óculos quadrados e calvo, Paulo Maffia aparece em frente a uma parede que exibe várias revistas de histórias em quadrinhos hq coloridas
Márcia Miranda

02 de agosto de 2023

Homem branco de óculos quadrados e calvo, Paulo Maffia aparece em frente a uma parede que exibe várias revistas de histórias em quadrinhos hq coloridas
Paulo Maffia, que tem mais de 30 anos de trabalho com cultura pop e HQs, falou sobre a importância dessa indústria na modernização do Brasil

O convidado do Café com Aner desta terça-feira dia 01 de agosto foi o jornalista, editor e pesquisador Paulo Maffia, responsável pela seleção das histórias em quadrinhos da Disney desde 2004. Paulo tem mais de 30 anos de experiência no trabalho com cultura pop e histórias em quadrinhos (HQ).

“Para mim é uma honra estar aqui, em uma associação tão importante. Logo eu que vim de uma família de gráficos! Meu avô foi pioneiro nas gráficas no Brasil e depois eu me criei vendo e lendo revistas. Como todo mundo, eu comecei a ler com os quadrinhos e depois tive a oportunidade de trabalhar com cultura pop e quadrinhos”

Maffia contou falou sobre a importância das HQs na alfabetização das crianças e fez um paralelo do quanto o lançamento do primeiro número do Pato Donald no Brasil colaborou com o desenvolvimento das empresas de comunicação e a modernização do país.

“Eu costumo dizer que a revista mais importante do Brasil já lançada foi o Pato Donald número 1, em junho de 1950. Foi a primeira revista com o nome ‘Editora Abril’. O Pato Donald construiu todo o império e faz parte da história da comunicação”, destacou, convidando para um exercício sobre as HQs.

Capa da revista em quadrinhos Pato Donald número 1

“Vamos fazer uma brincadeira de física quântica: se não tivesse o Pato Donald número um no Brasil nunca se teria aberto o mercado de revistas e mesmo talvez a modernização do Brasil teria sido diferente, mais lenta. Talvez a indústria automobilística não seria a mesma, por causa da influência da Quatro Rodas. Talvez a emancipação das mulheres seria diferente, sem a Cláudia. O mercado de distribuição de revistas seria muito pior do que nós temos, sem a Dinap”, imaginou.

Paulo também falou sobre a importância das HQs Disney em uma das funções mais nobres, a educação:

“Quantos dentistas, advogados, médicos, cientistas, o Brasil ganhou graças aos quadrinhos? Eles sempre foram acessíveis, estão em todas as bancas. Até hoje a Culturama se esforça para estar em todas as bancas e continua uma tradição criada pela Disney no Brasil que é a formação de leitor. E a gente sabe que só se faz uma grande nação com leitores”.

Disney não produz quadrinhos

Maffia explicou a importância da participação brasileira no segmento de HQs infantis ao falar sobre como funciona o licenciamento de histórias da Disney.

“A Walt Disney não produz história em quadrinhos: ela licencia para as editoras do mundo produzirem histórias. Então, cada país produz as próprias histórias, com a supervisão da Disney. E no Brasil, de repente, começou a se vender tanto quadrinho, que foi necessário produzir histórias brasileiras e foi aí que veio o Zé Carioca. Boa parte do império da Abril foi construído com os quadrinhos”.

No bate-papo com os publishers Paulo Maffia falou ainda sobre os personagens e suas histórias, os desafios com a distribuição de revistas hoje e outros modelos de negócios desenvolvidos pela Culturama.

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Texto: Márcia Miranda

Márcia Miranda
Administrator
Acredita que boas ideias precisam ser compartilhadas. Formada em Comunicação Social, Jornalismo, pela Universidade Federal Fluminense (RJ), iniciou carreira em redação em 1988 e por 24 anos (até 2012) trabalhou em veículos como Jornal O Globo e Agência O Globo, Editora Abril, Jornal O Fluminense, Jornal Metro. Em 2012 iniciou o trabalho como relações públicas e assessora de comunicação, atuando para clientes em áreas variadas, como grandes eventos (TED-x Rio, Réveillon em Copacabana, Jornada Mundial da Juventude, Festival MIMO), showbiz, orquestras, entretenimento e assessorias institucionais como o Instituto Innovare. É empreendedora e, em dezembro de 2021, criou a Simbiose Conteúdo, uma empresa que presta serviços e consultoria em comunicação para associações como Aner, Abral e Abap e divisões internas da TV Globo.