Papel imprensa nacional vem de reflorestamento
TWO SIDES – 08/08/2019
Do Valor Econômico – Stella Fontes
Todo o papel imprensa produzido pelo Brasil, de 101 mil toneladas em 2018, provém de florestas plantadas, ou seja, de reflorestamento, diferentemente do que disse o presidente Jair Bolsonaro. O país tem uma única fábrica de papel jornal, em Jaguariaíva (PR), hoje operada pela chilena BO Paper (antiga Papeles Bío Bío). A unidade, que já se chamou Pisa Papel de Imprensa, já teve diferentes donos, entre os quais o jornal “O Estado de S.Paulo”.
A BO Paper não tem florestas localmente, mas é abastecida de madeira por meio de contratos de longo prazo com produtores da região e tem as certificações de manejo sustentável que abarcam toda a cadeia de valor.
Em seu site, o grupo BO Paper, que tem mais uma fábrica no Brasil, de outro tipo de papel (LWC, para revistas), e no Chile, informa que implementou em suas unidades o selo FSC (de Forest Stewardship Council), o mais respeitado no mundo, e o Cerflor (Programa Brasileiro de Certificação Florestal). O selo nacional é reconhecido internacionalmente pelo Program for the Endorsement of Forest Certification (PEFC), que promove o manejo florestal sustentável.
O papel jornal também é o tipo de papel com o menor volume de produção e consumo no país. No ano passado, conforme a Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), foram produzidas apenas 101 mil toneladas, volume equivalente a 0,97% da produção nacional de papéis. Desse total, 63 mil toneladas foram vendidas internamente e 35 mil toneladas, exportadas.
Outras 109 mil toneladas foram importadas. Entre os grandes nomes de papel jornal no mundo estão a canadense Resolute (líder de mercado), as europeias Norske Skog, Stora Enso e UPM, a americana International Paper e a sul-africana Sappi, todas empresas de primeira linha e devidamente certificadas.
A produção brasileira de todos os tipos de papéis totalizou 10,4 milhões de toneladas em 2018, com queda de 0,3% ante o ano anterior, toda ela gerada a partir de madeira cultivada. O consumo aparente de papéis ficou em 9,1 milhões de toneladas, segundo dados da Ibá, que representa o setor.
Em termos de florestas cultivadas, o Brasil tem um total de 7,84 milhões de hectares de plantio, que abastecem diferentes linhas de produção além de celulose e papel, e 5,8 milhões de hectares de área certificada. A área de conservação, por sua vez, chega a 5,6 milhões de hectares – para cada um hectare plantado, outro 0,7 é conservado, informa a Ibá.
Em nota à imprensa, a Ibá informa que 100% do papel produzido nacionalmente tem origem em árvores cultivadas para esse fim. “As florestas plantadas ajudam a reduzir o desmatamento, recuperam áreas previamente degradadas por outros usos e conservam importantes ecossistemas e espécies ameaçadas de extinção”, diz a nota.
Artigo original: Valor Econômico