Convidados ressaltam o papel do jornalismo profissional em debate sobre proliferação de notícias falsas na internet
O que houve? Nesta 3ª feira (09/05), foi realizada a Conferência Legislativa sobre Liberdade de Expressão, que abordou o tema “Notícias falsas: impactos e consequências na democracia”. O evento foi promovido pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Câmara dos Deputados em parceria com o Instituto Palavra Aberta. Patrícia Blanco, conselheira do Conselho de Comunicação Social (CCS) do Congresso Nacional e presidente do Instituto Palavra Aberta, abriu o evento, ressaltando que as notícias falsas colocam em risco a idoneidade e a reputação de empresas, governantes e pessoas, além de disseminarem o discurso do ódio e dos preconceitos. Destacou ainda que, diante desse cenário, é preciso valorizar o papel do jornalismo profissional e ético. Miguel Cançado, presidente do CCS, defendeu que o Conselho deve estar no centro da discussão pela preservação da liberdade de expressão, de imprensa e de comunicação. O jornalista Manoel Fernandes falou sobre o alto faturamento de engenhos de busca e de plataformas de mídia digital, como o Google e o Facebook. Acrescentou que um grande número de notícias falsas fica armazenado nos sistemas e continua acessível até a perda da memória verdadeira. O dep. Márcio Marinho (PRB/BA), atual secretário de Comunicação da Câmara dos Deputados, acrescentou que o aparato da comunicação em rede está a serviço da proliferação de conteúdos falsos e tendenciosos. A sen. Ana Amélia (PP/RS) disse que as mídias tiveram que mudar totalmente a forma de se comunicar com seus públicos em razão das redes sociais. Segundo ela, a mídia tradicional, nos tempos de pós-verdade, passa a ser uma referência de credibilidade. Murillo de Aragão, conselheiro do CCS, afirmou que os provedores de serviços e produtos, como o Google, Amazon, Spotify e o Youtube têm acesso às preferências dos usuários. Para ele, deve haver articulação dos jornalistas para incentivar a educação midiática. Defendeu a paridade de regras e a isonomia na responsabilização: “É preciso ter uma legislação que efetivamente puna, e com a transnacionalidade dos sites não é possível punir ou obrigar o site a fornecer o endereço que espalhou a notícia. Se a imprensa tradicional é submetida a um marco regulatório dentro do seu campo de atuação, essas entidades que atuam e influenciam na opinião do país também devem estar submetidas à legislação”. Marcelo Rech, presidente da ANJ, afirmou que as pessoas também buscam informação especializada nas mídias tradicionais que, para ele, ainda são uma barreira de contenção contra a disseminação de notícias falsas: “A disseminação de notícias se vale do enfraquecimento do jornalismo profissional, não por problemas de circulação ou de credibilidade, mas por dificuldades econômicas e concentração de mercado”.
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