Memória: acervo de revista brasileira de fotografia agora todo on-line
NEXO – 23/04/2020
Juliana Domingos de Lima
O Instituto Moreira Salles liberou na quarta-feira (22) o acesso on-line a todas as 136 edições da revista Novidades Fotóptica, parte do acervo da Biblioteca de Fotografia do instituto em São Paulo.
Uma das mais importantes publicações nacionais especializadas em fotografia, a revista circulou entre 1953 e 1987. Seu fundador, Thomaz Farkas (1924-2011), foi um dos pioneiros da fotografia moderna no país.
No endereço que dá acesso à coleção, um guia de pesquisa ensina como navegar pelos números da revista. É possível selecionar a edição desejada pelo ano e pelo número. Também há como buscar por termos específicos como nomes de fotógrafos e equipamentos.
A origem e evolução da revista
O título da publicação traz o nome da marca Fotótica, fundada em 1920 pelo pai de Thomaz Farkas, o húngaro Desidério Farkas, como uma loja de produtos fotográficos na rua São Bento, no centro de São Paulo.
Inicialmente, a Novidades Fotóptica era publicada semestralmente e em formato de jornal. Seu último número nesse formato data de 1967. A partir de 1970, a publicação passou por uma reformulação que a fez ganhar projeção nacional: adotou o formato de revista e passou a trazer ensaios autorais e portfólios de fotógrafos de renome, além de textos de teor mais analítico.
“No começo, a Novidades Fotoptica continha uma amostragem de produtos da loja para se comunicar com os clientes e pequenos textos técnicos. Mas aos poucos isso foi mudando, com a inclusão de listas de livros publicados, concursos e até artigos técnicos mais aprofundados”, disse ao Nexo o curador da Biblioteca de Fotografia do IMS Paulista, Miguel Del Castillo.
Segundo ele, essas transformações da publicação também refletem o momento da fotografia do país, que ganhava força e se popularizava.
Na década de 1970, quando ela assume o formato de revista, novas galerias surgiam, museus passavam a expor mais fotografia e começava a haver maior incentivo governamental para projetos de documentação urbana, iniciativas que impulsionaram a fotografia no Brasil.
“Vemos na publicação essa transição, saindo de uma ênfase sobretudo técnica para abrir mais espaço para a fotografia dita artística, autoral. Alguns nomes já conhecidos, mas não tanto como hoje, tiveram seus trabalhos publicados lá – caso do fotógrafo norte-americano George Love, que contribuiu também com artigos e como editor de fotografia, de Maureen Bisilliat, Claudia Andujar, Otto Stupakoff e muitos outros”, disse Del Castillo.