Manuela Carta: "Hoje você tem que estar com o dedo no pulso do leitor"
O Café com ANER recebeu na tarde desta terça-feira, 27 de julho, a publisher da Carta Capital, Manuela Carta. Em um bate-papo descontraído conduzido pela consultora Regina Bucco com personalidades do meio editorial como Luciana Pianaro (Vida Simples), Sérgio Lüdtke (Interatores.com e Projeto Comprova) e Joaquim Carqueijó (Edicase Gestão Editorial), além da pesquisadora Adélia Franceschini (Franceschini Análises de Mercado), Manuela falou sobre as diferenças entre as redações do passado e as atuais:
Eu não queria estar na pele da meninada que está em nosso site, hoje. Claro que eles têm a mão e tiram de letra. Antigamente você fazia o texto, entregava ao editor e iria embora. Hoje você faz o texto de olho nos algoritmos, nas mídias sociais, na concorrência… Você tem que estar com o dedo no pulso do leitor, que é um indivíduo que interage, dá palpite. E há os lovers e haters… Muito difícil. “, afirma, comemorando, em seguida. “Mas acho que a gente tem feito bem. Pelos nossos números, temos quase um milhão de seguidores no Instagram, 387 mil inscritos no YouTube e uma base de 80 mil pessoas engajadas que recebem a newsletter… Temos mais lovers que haters“.
‘Eu podia ter pegado o bicho pelos chifres de outro jeito’
Formada em publicidade, ela logo cedo descobriu que a vida como jornalista não ficaria longe por muito tempo. Passou por redações de títulos como Vogue e Gourmet, mas aos 26 anos resolveu deixar a empresa da família para trabalhar na Folha de S. Paulo. Quando a filha Maria Clara nasceu, virou a chave para a assessoria de imprensa e, aos 40 assumiu a Carta Capital. Sobre acertos e erros, ela prossegue, afirmando que faria tudo novamente, mas com algumas mudanças:
“Seria mais atenta a algumas questões. Eu podia ter pegado o bicho pelos chifres de outro jeito. Nossa vida, como veículo de esquerda, sempre foi muito difícil. Navegamos em mares revoltos… mas acho que eu poderia ter olhado melhor a circulação, por exemplo. Eu podia ter desenvolvido mais cedo algumas áreas… se tivéssemos começado nosso projeto digital um pouquinho antes… mas isso é a coisa do amadurecimento. Existem certas fichas que só caem com a idade”.
Veja mais alguns pontos da entrevista:
Sérgio Lüdtke: Você já tem ideia de quando a receita digital unida à da plataforma vai superar a receita da revista impressa?
Por enquanto não consigo. A receita do digital ainda tem muitas nuances, é variável, depende muito de como está a audiência. Dificilmente ultrapassará os melhores dias de receita da revista impressa. Acho que esse é um bom tema para um encontro, porque gostaria muito de ouvir a opinião de outras pessoas…
Adélia Franceschini : Suas chamadas sempre são muito diferentes. Comparando Valor, Folha, Estadão, Vocês e Exame e o seu menu é outro. O repertório, composição e os outros geralmente são o mesmo que está na TV e rádio. A Carta é diferente. Como vocês fazem isso?
A equipe da Thaís (a editora-executiva da Carta, Thaís Reis Oliveira) é muito boa. Eles fazem reunião de pauta e a proposta é de um nível excelente. Há alguns conteúdos da revista que puxamos para o site, até para as pessoas experimentarem a revista impressa e para que nós testemos alguns modelos. Algumas vezes mudamos o título quando migra para o digital, porque ele tem que ser muito mais instigante e adequado para o público do site. Se contarmos para o Mino talvez ele não achasse muita graça…. Mas o mérito é dessa turma que tem em média 28 anos!
O Café com ANER é um encontro exclusivo para associados e convidados da Associação. A iniciativa, criada e organizada pela consultora Regina Bucco, faz parte de um projeto de modernização da instituição, que está abrindo as portas para troca de conhecimento entre seus associados.
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