Jornalismo empreendedor: saiba por onde começar
05 de julho de 2023
Gilberto Scofield Jr foi o convidado do Café com Aner da terça-feira, dia 4 de julho, com o tema jornalismo empreendedor. Durante o encontro, ele falou sobre as oportunidades para jornalistas que querem empreender e falou sobre a necessidade de ampliar horizontes, mesmo para os que estão empregados.
“Mesmo se você está empregado precisa, obviamente, adquirir outros talentos como um profissional de como comunicação”, explicou, referindo aos diferentes profissionais da área de comunicação e suas atribuições, hoje unificadas. “Antigamente as atribuições de jornalistas, publicitários e relações públicas ou assessores de imprensa eram claríssimas. Hoje elas se misturam, mesmo no trabalho do dia a dia jornalístico, você às vezes se vê pensando numa possibilidade de criar um conteúdo jornalístico e tentar captar um dinheiro com ele. As fronteiras que antes eram claras, dentro do grande grupo de comunicação, hoje se borraram e as pessoas são obrigadas a ter talentos que a gente não pensava em ter”.
Motivação para renovar
Aluno de um MBA na FGV com Cristina Tardáguila, fundadora da Agência Lupa, onde hoje Gilberto é consultor de educação midiática e digital, o especialista começou, em 2015, a encontrar as motivações para a nova vertente na carreira.
“Decidi me dedicar ao estudo do que as pessoas já começam a chamar de jornalismo empreendedor. Já existem Universidades no exterior que oferecem essa cadeira como disciplina na formação dos profissionais”, afirmou, lamentando que as faculdades brasileiras ainda estejam atrasadas neste segmento.
Planejamento e modelos de negócio
Durante a conversa, Gilberto falou das diversas fases da criação dos projetos e de como transformá-los em modelos de negócio palpáveis e concretos. A partir da identificação do mercado e do público, informações que podem ser conseguidas pelo estudo de métricas e da internet, é necessário organizar as necessidades.
No entanto, outro fator importante é saber se o mercado efetivamente está pronto para o produto desenvolvido. Ele citou o case de um produto de open finance em que trabalhou no ano 2000. Embora o produto fosse inovador e comum nos dias de hoje, como os demais bancos digitais, na época a iniciativa não decolou por estar fora da realidade do mercado.
Gilberto afirma que o canal a ser utilizado para distribuição da notícia também deve ser bem escolhido, analisando o tipo de informação a ser publicada e os interesses do público.
“Há quem trabalhe só via newsletter e vídeo como por exemplo o Meio, que é uma newsletter diária com disponibilidade de outros produtos por assinatura. Tem o My News, que é um canal de YouTube de Notícias que começou econômico e político e hoje já envereda por várias editorias”, citou. “Minha filha tem 23 anos e nunca viu um jornal de papel. Ela entra no G1, no UOL mas não é assinante em nada. E só frequenta sites dos interesses dela, como o Alma Preta, por exemplo, porque ela é uma mulher preta e sabe que não vai ver aquela notícia em outros sites tradicionais. Então é fácil você perceber, inclusive, esse processo de nicho do trabalho de jornalismo digital atual”.
Onde encontrar fundos de financiamento para o jornalismo empreendedor
Entre os maiores desafios para os empreendedores está a monetização e sustentabilidade do produto. Para isso, há as saídas desde as mais tradicionais – de venda de espaço publicitário, assinaturas – até o apoio de instituições públicas ou empresas privadas para projetos que tenham interesse público ou segmentado. Mas para isso é preciso desenvolver e formatar um projeto.
Para buscar este tipo de financiamento ele indica o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), uma referência no país no tema do investimento social privado.
“O Gife é um grupo de fundações que aplicam dinheiro para financiar projeto”, explicou, frisando que o interesse público é fundamental para que se consiga o financiamento. “A instituição tem que dar satisfação aos acionistas, que são as corporações que investem nos projetos, daí a necessidade de que eles tenham interesse público”, destacou.
Gilberto também falou sobre editais públicos e fez uma breve explicação sobre como os jornalistas e empresas devem fazer para se candidatar a estas fontes de financiamento.
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Texto: Márcia Miranda