Censo: “Não esperávamos uma incidência tão grande de veículos digitais no Brasil”

Censo: “Não esperávamos uma incidência tão grande de veículos digitais no Brasil”

15 de junho de 2022
Última atualização: 24 de agosto de 2023
4min
mulher de meia idade e cabelo castanho claro com mecha loura na altura dos ombros usa camisa branca e batom rosado intenso
Márcia Miranda

15 de junho de 2022

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O trabalho de descoberta dos jornais e revistas impressos e digitais encomendado pela ANJ e Aner surpreendeu a socióloga e pesquisadora Adélia Franceschini. À frente da Fran6 Análise de Mercado, Adélia foi a responsável pela pesquisa encomendada pela Aner e ANJ, para conhecer as revistas no Brasil.

Ex-professora da FGV em PM e da pós-graduação da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP) no curso Opinião, Mídia e Mercado, a especialista atua há mais de 30 anos com estudos avançados em Inteligência de Mercado para os mais diversos segmentos, preparando diagnósticos e análises profundas dos temas encomendados. Nesta entrevista, ela nos contou um pouco sobre o processo e se mostrou surpresa com a quantidade de veículos digitais no país.

O que este censo significa para o mercado editorial?

É uma forma de identificar o mercado, sua abrangência e as características dos diferentes players em um momento de grandes mudanças tecnológicas e de conteúdo. Esta é o primeiro passo para o fortalecimento dos participantes deste mercado, através de estratégias que gerem desenvolvimento de potenciais e aglutinação de forças dos players.

“A renovação dos modelos da indústria editorial e os novos integrantes que já nasceram nessa era digital demonstram a força motora desse segmento, apontando caminhos e experiências que podem trazer novos horizontes”.

Quantas pessoas trabalharam para realizar o levantamento?

Na fase de planejamento e seleção de fontes examinamos muitas bases de dados diferentes e, para isso, operamos com três profissionais que aglutinaram dados e fizeram as primeiras limpezas dos cadastros. Em seguida, somaram informações de cada empresa. Nessa primeira fase também analisamos o que seria possível fornecer de dados consistentes sobre estas empresas.

Na coleta de dados trabalhamos com quatro pessoas por quatro meses. Realizamos cerca de 20 mil ligações tentando localizar as editoras no momento de pandemia. A base estava extremamente desatualizada. Os cadastros continham, na maioria das vezes, os telefones da época da abertura da editora. A atomização das editoras nesse momento – fim do ano passado e primeiro trimestre deste ano – também dificultou a coleta sobremaneira.

Qual foi a maior dificuldade para realizar o censo?

Tivemos algumas dificuldades, além dos telefones desatualizados, pois a maioria dos CNPJs e CNAE das empresas não apresentam a marca da mídia que produzem. Muitas vezes trazem o nome do fundador ou uma sigla abstrata. Relacionar esses códigos empresariais com a mídia publicada, muitas vezes foi um desafio.

Outro problema é que, apesar de o CNAE principal ter sido registrado como edição e ou produção de revistas e ou jornais, as empresas, na verdade, eram de outros segmentos, tais como agências de publicidade, de eventos, estúdios fotográficos e um grande rol de serviços ligados a esse mercado, mas sem a produção, de fato, de um veículo qualquer.

Também tivemos uma busca profunda junto a editores que, de fato, não estão editando regularmente seus veículos ou suspenderam a circulação. Obtínhamos a visão de uma edição de meses atrás, por exemplo, mas era difícil saber se a circulação estava suspensa ou se o veículo em questão era de veiculação esparsa, anual, semestral, por exemplo. Os telefones não funcionavam, apesar das inúmeras tentativas de comunicação com algumas empresas.

É possível identificar o percentual de editoras (jornais e revistas), impressas e digitais, que têm atualização diária da versão on-line?

A frequência das edições foi, obviamente, mais fácil para os veículos impressos; porém deixamos para coletar a frequência dos digitais em uma nova fase. Para isso será necessário um contato direto com a redação, para que nos elucide. Pudemos perceber que as edições de jornais e portais eletrônicos têm edições diárias, na maioria dos casos, mas não sabemos se a atualização se dá uma, duas ou mais vezes por dia. Já a frequência das edições de revistas digitais são ainda mais difíceis de apurar. Poucas expressam sua periodicidade e, menos ainda, a sua atualização. Na verdade, não esperávamos uma incidência tão grande de veículos digitais no Brasil.

Clique aqui e veja a íntegra do Censo Brasil de Editores de Jornais e Revistas

Leia neste link os principais destaques da pesquisa

Márcia Miranda
Administrator