As dicas de Sérgio Lüdtke para criação e monetização de comunidades em jornalismo
14 de junho de 2023
Associados Aner e ANJ assistiram em primeira mão, nesta quarta-feira, dia 14 de junho, a palestra exclusiva com Sérgio Lüdtke sobre Criação e Gestão de Comunidades. No encontro, Lüdtke deu dicas preciosas sobre como criar, manter e monetizar comunidades em empresas jornalísticas.
A palestra faz parte do programa Acelerando Negócios Digitais, realizado pelo International Center for Journalism (ICFJ) com apoio da Meta e parceria com associações de jornalismo de todo o Brasil.
Os encontros exclusivos agora estão abertos a todos os associados, mesmo os não inscritos no Acelerando. Então, aproveite e clique aqui e inscreva-se já para os próximos!
Sérgio abriu o encontro falando de sua carreira e contou como nasceu o interesse pelas interações de comunidades. Desde quando trabalhava na RBS, o jornalista já sentia falta de mais canais para ouvir as impressões do público. Hoje ele trabalha com comunidades principalmente no curso da Abraji e tenta abrir espaços de comunicação com novos grupos.
“Tenho o entendimento de que o público tem mais conhecimento que o jornalista em alguns temas. O jornalista é um generalista e não consegue se aprofundar em todos os assuntos”, destacou Sérgio, explicando porque é importante ouvir o público.
Propósito, personas e sustentabilidade
O especialista explicou que iniciar uma comunidade é uma forma de aumentar o engajamento e, consequentemente, de encontrar novas maneiras de sustentabilidade, novos modelos de negócio capazes de gerar recursos para as empresas. Mas, para isso, é preciso começar pesquisando os interesses da iniciativa.
Sérgio afirma que, antes de começar o trabalho, é necessário estudar os objetivos da empresa na comunidade, conhecer o público em detalhes, escolher as ferramentas (canais de distribuição e contato) corretas, além de dar atenção com a manutenção adequada destes canais.
“Qual o propósito? Ampliar conhecimento da marca? Aumentar a credibilidade do produto ou serviço?”, questiona. “Comunidade é como um Tamagochi. Lembram dele? (risos) É como uma planta no jardim: para crescer tem que dar atenção”, avisa.
Jornalismo mais aberto
Entre os benefícios das comunidades, Sérgio destacou a geração de confiança nos meios de comunicação, o aumento no engajamento, a possibilidade de criação de novas fontes de financiamento (colaboração para desenvolvimento de projetos, matérias e reportagens especiais ou assinaturas), possibilidade de geração de eventos físicos que retroalimentem esse ciclo de entrosamento, enquanto geram para a empresa outras diversas oportunidades de parcerias comerciais.
“O jornalismo centrado em comunidades amplia a percepção de diversidade e inclusão, leva o contexto das comunidades para o conteúdo, mas exige mudanças de perspectiva e, provavelmente, irá contrariar antigas narrativas!”, alerta. “Novos modelos de negócios surgem quando se tem proximidade e se conhece melhor a comunidade”.
Sérgio criticou a resistência do jornalista em dar atenção e espaço à audiência. Segundo ele, estamos em plena crise do modelo generalista que a maior parte dos veículos digitais herdou do sistema analógico.
“Herdamos uma organização generalista e continuamos tratando esse público como uma pessoa só. Criar personas diferentes para diferentes públicos é essencial. Pensar na segmentação… que personas representam essa segmentação de público? Usar as redes sociais para encontrar e monitorar as pessoas que podem ser atores-chave dos temas”.
Veja mais algumas dicas sobre jornalismo orientado para comunidades
- É importante ouvir e confiar.
- Fazer as perguntas certas pode gerar engajamento e ouvir as respostas pode orientar novos temas
- Não se esconda do público.
- Mostre pontos de contato com jornalistas e pontos de contato com o veículo (emails, whatsapp etc.)
- Interaja, faça perguntas de acompanhamento, para mostrar que está ouvindo e continua respondendo as dúvidas e sugestões.
- Adapte o estilo de entrevista para pessoas diferentes e não direcione demasiadamente a conversa. Assim você conhece melhor a comunidade, mostra que está interessado e promove mais engajamento.
- Torne-se presença confiável na comunidade
- Deixe claro para as pessoas a importância do conhecimento e histórias únicos que elas têm.
- Seja transparente nas suas ações e reconheça erros quando cometê-los.
- Não crie falsas expectativas. Se construiu um acordo, respeite (principalmente proteção e segurança de sigilo da fonte).
- Defina as regras de funcionamento da comunidade. Divulgue e deixe claro como participar e o que pode ou não ser feito na comunidade. Faça cumprir as regras.
- Um modelo mais orientado a serviços pode ser um componente chave para reconstruir relações de confiança entre redações e comunidades
- Entenda que determinadas comunidades precisam de um espaço confiável e seguro para interagir (por exemplo: comunidades dominadas por milícias ou tráfico)
- Promova propaganda (Call to action) no seu site e demais canais sobre como entrar em contato.
- Aproveite o trabalho de outras organizações e conecte-se com pessoas afetadas por um mesmo problema.
- Escolha ferramentas com que seu público já esteja familiarizado
- Evite lançar a mesma comunidade em mais de um canal (WhatsApp, Slack, Discord, Linkedin, Facebook etc)
Próximo encontro será no dia 28 de junho com Ethar El-Katatney, que vai falar sobre Audiência e métricas como fonte de tomada de decisão. Ethar El-Katatney é uma contadora de histórias, curiosa sobre todas as coisas relacionadas a vídeos. Tem 15 anos de experiência impressa, online, TV e digital, fazendo reportagens em todo o Oriente Médio e viajando para mais de 40 países para dar palestras e reportagens – de uma favela no Sudão a uma mesquita na Rússia.
Veja aqui a lista completa de palestras exclusivas para associados Aner e ANJ
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Texto: Márcia Miranda – Simbiose Conteúdo.