Apple retira da App Store aplicativos que concorrem com suas ferramentas
ÉPOCA NEGÓCIOS – 01/05/2019
A Apple está retirando de sua loja os aplicativos que permitem aos usuários controlar o tempo que eles e seus filhos passam diante do iPhone. De acordo com dados do New York Times e da consultoria Sensor Tower, 11 dos 17 apps mais baixados por quem quer restringir sua atividade online não estão mais disponíveis na App Store. Em alguns casos, a empresa não eliminou os apps, mas teria forçado seus criadores a remover funções que permitiam aos pais controlar os aparelhos dos filhos ou impedir que tivessem acesso a determinados aplicativos – e também a conteúdo adulto.
Algumas startups tiveram que fechar as portas. Outras dizem que seu futuro está em perigo. Uma delas é a criadora do OurPact, aplicativo de controle parental mais baixado pelos usuários, com mais de três milhões de downloads. Em fevereiro, o app foi retirado da App Store, loja que respondia por 80% da receita da startup. “Não houve nenhuma comunicação ou aviso”, disse Amir Moussavian, diretor executivo da empresa.
Outros criadores de aplicativos também relataram não terem recebido orientações claras da Apple. Em muitos casos, a empresa os notificou que seriam removidos através de uma mensagem curta, sem nenhuma explicação.
Mercado restrito
Executivos das empresas de aplicativos acreditam que seus negócios se tornaram um alvo desde que a Apple começou a produzir, ela mesma, ferramentas para limitar o tempo online dos usuários, no final do ano passado. Segundo eles, essa seria uma tática da gigante para eliminar a concorrência. Além disso, dizem, as alternativas oferecidas pela Apple não são tão eficientes quanto as produzidas pelas startups independentes.
“Eles não estão focados em ajudar as pessoas a resolver seus problemas”, disse Fred Stutzman, executivo-chefe da Freedom, em entrevista ao NYT. Seu aplicativo de controle do tempo gasto online teve mais de 770 mil downloads antes de ser removido em agosto. “Você acredita mesmo que a Apple quer que as pessoas gastem menos tempo em seus telefones?”
Usando as ferramentas da Apple, os pais só conseguem bloquear conteúdo adulto no Safari, plataforma de internet da empresa. Esse controle não está disponível para outros browsers ou para as redes sociais. Também não é possível bloquear aplicativos em horários determinados. Outra dificuldade é que, para que os controles funcionem, os filhos precisam ter iPhones – muitos apps vendidos por startups permitem que pais com iPhones controlem os androids dos filhos.
Segurança e privacidade
Ao responder às reclamações dos criadores de apps, a Apple diz que a retirada de ferramentas de controle não está relacionada à entrada da gigante nesse mercado. Em mensagem para o “The New York Times”, Philip W. Schioller, Vice-Presidente Sênior de Marketing Global, disse que a empresa “agiu de forma responsável, ajudando a proteger as crianças de tecnologias que poderiam ser usadas para violar sua privacidade e segurança.”
De acordo com Tammy Levine, porta-voz da Apple, todos os aplicativos são tratados da mesma forma, incluindo aqueles que competem com os serviços da empresa. “Queremos ter um ecossistema de aplicativos vibrante”, disse ao NYT.
Essa não é a única polêmica envolvendo a expansão dos serviços da Apple. , com serviços como Apple TV e Apple Music. Recentemente, o Spotify fez uma reclamação junto aos reguladores europeus, dizendo que a App Store favorecia os usuários que fazem uso do Apple Music. Elizabeth Warren, senadora de Massachusetts e candidata democrata à presidência, chegou a sugerir que a App Store fosse separada da Apple, para acabar com mais esse monopólio das empresas de tecnologia.