Ambiente digital propicia aumento de violência contra mulheres jornalistas

Ambiente digital propicia aumento de violência contra mulheres jornalistas

9 de dezembro de 2020
Última atualização: 9 de dezembro de 2020
Helio Gama Neto

PORTAL  IMPRENSA – 08/12/2020

Em alta desde o início de 2020, as perseguições contra mulheres jornalistas no meio digital não diminuíram em novembro. Levantamento da Abraji contabilizou no mês 43 ataques contra a liberdade de expressão no Brasil, cinco deles na internet. Destes, todos foram contra mulheres.

Ao longo do ano houve 72 registros desse tipo de ataque: 20 contra profissionais de imprensa do gênero feminino, 36 contra meios de comunicação e 16 contra profissionais de imprensa do gênero masculino.

Até agora as violações no ambiente virtual contra pessoas de qualquer gênero e instituições cresceram 140% em relação a 2019. Na avaliação da Abraji, o levantamento mostra que “os ataques a mulheres jornalistas se tornaram sistemáticos no Brasil”.

Ainda segundo a entidade, os inimigos da imprensa encontraram no ambiente digital “redes articuladas de agressores” e “práticas que reúnem características de assédio, misoginia, perseguição e exposição de dados pessoais”.

Alvo preferencial
Dentre as notas de repúdio emitidas pela Abraji em novembro, todas envolviam ataques a mulheres jornalistas. Um dos casos foi contra a repórter Bárbara Barbosa, da NSC TV (afiliada da Globo em Santa Catarina), agredida durante reportagem sobre praias lotadas.

A análise dos discursos anti-imprensa proferidos por políticos e autoridades públicas também revelou as mulheres como alvo preferencial.

O relatório destacou a fala do deputado Jessé Lopes (PSL), que responsabilizou a equipe da NSC TV pela agressão sofrida na praia.

Outro caso analisado foi a retaliação do procurador-chefe do Ministério Público Federal de Goiás, Ailton Benedito, contra o site Aos Fatos, que resultou numa onda de ataques virtuais à diretora do site, Tai Nalon.

Não foi a primeira vez que a jornalista enfrentou esse tipo de campanha orquestrada. Em 2018 ela sofreu “constrangimentos graves nas redes sociais”, quando o MBL (Movimento Brasil Livre) acusou checadores de fatos de “terem viés partidário” e de “atuarem como censores”. No mês passado, mais de 100 jornalistas mulheres lançaram um manifesto contra os ataques a Nalon.

Outro caso de assédio em ambiente virtual analisado pela Abraji foi o da estudante de jornalismo Andressa Vieira. Integrante de um grupo de defesa da cultura negra da Universidade Federal do Pampa, ela foi vítima de doxing (exposição de dados pessoais na internet).

Burra, feia, gorda, prostituta e vadia são algumas das ofensas utilizadas para atingir as profissionais de imprensa. Entre as jornalistas que sofreram linchamento virutal estão Constança Rezende, Juliana Dal Piva, Miriam Leitão, Marina Dias, Patrícia Campos Mello, Vera Magalhães e Schirlei Alves.

Especialistas ouvidos pela Abraji afirmam que o aumento de violência de gênero no jornalismo é resultado de um contexto mais amplo, que inclui a chegada de mulheres em segmentos do jornalismo até então dominados por homens.


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Helio Gama Neto