A Era das Lives

A Era das Lives

1 de junho de 2020
Última atualização: 1 de junho de 2020
Helio Gama Neto

MEDIUM/YOUPIX – 25/05/2020

Amanda Costa

Todo mundo está fazendo live, desde o artista até o dentista. Live virou uma das melhores formas de se conectar com as pessoas no mundo digital agora. De acordo com uma pesquisa da VIU HUB, o crescimento mensal entre janeiro e abril de uploads de lives no YouTube foi de 15,6% e no Facebook foi de 19,3%. No Instagram a palavra live cresceu 277% em março comparado ao mês anterior.

Ao que se deve esse fenômeno das lives e por que tem tanta gente fazendo live nesse período de pandemia?
Esse foi o tema discutido no YOUPIX Talks de maio [em live], com a participação da Vanessa Oliveira, Diretora Geral na Viu Hub (unidade de negócios digitais da Globosat) e responsável pelas lives de grande sucesso da quarentena como a da #IveteSangaloEmCasa, DJ Alok e Roberto Carlos; Roger Cipó, Fotógrafo pesquisador, educador social e criador de lives que se tornaram pontos de encontros e trocas importantes durante a quarentena, como o Tindó; Léo Ferro, da VOCS, empresa que atua no mercado audiovisual, com ênfase específica na produção e distribuição de conteúdo na internet e transmissões ao vivo.

Segue alguns insights desse talks:

Live é um dos formatos que está possibilitando que as pessoas exerçam a necessidade básica de se expressar, de se comunicar e de se sentir pertencente a uma comunidade. A medida que estamos isolados e impedidos de ter uma vida mais livre, estamos suprindo nossas necessidades de contato por meio desse formato. É a possibilidade de um ponto de encontro, onde se vê, celebra, e ouve os artistas e influenciadores de uma forma aproximada que em outros momentos não veríamos, como os shows, por exemplo, que estão sendo de graça no momento da live.

É uma consequência natural. Se olharmos as plataformas, todas elas vinham em um movimento de aperfeiçoar o formato a um bom tempo. A live traz algo muito “do momento”, uma conexão daquele fragmento único do tempo e espaço. Se clicamos em outra coisa, já foi para outro lugar. No ao vivo há interação e troca, e a conversa vai para o nível mais amplo possível. Isso criar uma urgência em querer estar perto e estar conectado, de querer conversar no agora.

Esse formato estabelece o diálogo em tempo real com a audiência. Isso é muito poderoso e se popularizou de um jeito muito legal: é para todo mundo o que antes apenas alguns faziam, pois todo mundo tem alguma coisa para falar. As lives potencializaram nossas vozes e se você tem lugar de fala e propriedade no assunto, consequentemente irá ter um público para assistir.

Quando vemos pessoas tendo um sucesso meteórico por causa das lives, percebemos que isso só é perene e sustentável se a dinâmica da live for uma dinâmica de relacionamento. Já passou a fase de quem tem a maior audiência; o fundamental agora é o diálogo, a troca, a conversa e a interação. O essencial é gerar conversa, essa é a métrica e beleza do formato. Temos a oportunidade, através do ao vivo, de construir relevância e isso só acontece se a interação estiver acontecendo. Existe muito ao vivo que ainda tem a mentalidade de TV, não explorando o lado do digital e isso é um erro. Se você vai entregar uma live mas não está dando voz para sua audiência, você não está explorando o que o formato tem de melhor.

Quando se deve fazer uma live? Qual o melhor momento?
Há três coisas básicas que sempre trazem uma maior chance de êxito em uma live para não ser apenas algo jogado na timeline = estar na plataforma certa, para audiência certa e no horário que ela está conectada. Essas três coisas precisam andar juntas. Além de ter comprometimento, pois você está marcando um encontro com as pessoas. Um mínimo de planejamento e contexto também precisa ser levado em conta.

Como marcas podem fazer parte dessa narrativa real?
Sendo reais também no discurso, não apenas estampar a marca na live. Marcas precisam entender que também são influenciadoras. Não apenas pegar carona, mas conversar com a audiência. É possível ser uma marca que promove o bate papo ou uma curadora de conteúdo com valores que preza como anunciante. Uma dica importante é nunca bloquear os comentários e tentar responder às dúvidas.

A live é uma oportunidade que o mercado tem para evoluir. Quanto mais as marcas conseguirem construir uma narrativa fluida para mover o ciclo que está envolvido nessa conversa, melhor.

As lives trazem uma maior diversidade e tem a capacidade de chegar no Brasil inteiro. Estamos migrando para um novo patamar, mais maduro e consciente. Vai ser natural continuar nesse caminho, explorando cada vez mais e melhor o formato, além buscar alternativas novas, com formas monetização, por exemplo. As lives que vão ficar serão as que conversarem melhor com o momento pós-pandemia (mesmo a gente não sabendo ao certo qual vai ser).


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Helio Gama Neto