Yemaya: Celebrando a diversidade nas revistas infantis
No mundo cada vez mais interconectado de hoje, as histórias que contamos nas revistas infantis são mais importantes do que nunca. Elas moldam nossa compreensão de diferentes culturas, estimulam nossa imaginação e nos ajudam a apreciar as diferentes “misturas” da experiência humana.
Essa crença foi a força motivadora quando lançamos a Storytime, uma revista dedicada a compartilhar histórias. Não qualquer história, mas uma curadoria bastante variada de fábulas clássicas, contos esquecidos, mitologias de diversas culturas (muito além da mais famosa, a Grega) e muito conteúdo original, que refletem o mundo global em que vivemos.
Temos orgulho de ser uma revista de muitas estreias, que incluem desde apresentar capas diversas e inclusivas (algo muito raro em publicações infantis) até apresentar a novas audiências histórias esquecidas de todo o mundo. Em setembro, celebraremos 10 anos com mais de 900 histórias ilustradas por artistas de variadas origens e demografias, e a nossa missão é representar a diversidade cultural do mundo e promover a alfabetização por meio da leitura.
Um momento de orgulho: apresentando Yemaya
Este mês de agosto marca um momento particularmente especial na história de nossa publicação. Estamos entusiasmados em anunciar que nossa edição deste mês apresenta Yemaya, o nome original de Iemanjá na mitologia africana. Yemaya é uma divindade das águas, frequentemente associada à maternidade e ao mar. Muitas crianças podem nunca ter ouvido falar dela, especialmente na Europa e na China, onde temos a maior circulação, e, portanto, estamos extremamente orgulhosos de apresentar essa importante figura cultural aos nossos jovens leitores.
Representar essa real diversidade cultural do mundo para as crianças é um marco significativo para nós. Acreditamos que ensinar através de histórias de diferentes culturas nas revistas infantis é o verdadeiro motivo do sucesso em nosso mundo globalizado.
Gostando desse tema? Então assine a newsletter Aner! Curadoria de matérias e informações fresquinhas sobre o mercado editorial, em seu email, WhatsApp ou Telegram
O apelo global das histórias em revistas infantis
O mundo tornou-se mais internacional do que nunca. Estima-se que existem 281 milhões de pessoas vivendo fora de seus países de origem e muitas crianças já viajaram para diferentes locais antes dos 14 anos. Oferecer conteúdo para uma geração tão curiosa e diversa como a atual é um desafio que abraçamos com prazer.
Quando criei a Storytime, eu me inspirei na minha própria infância, onde cresci ouvindo contos folclóricos italianos de meus avós e lendo autores brasileiros. Mas devo dizer que desde então descobri muitas fábulas brasileiras infantis das quais nunca tinha ouvido falar! Curiosamente, muitos deles envolvem gigantes e montanhas, e, claro, florestas! Então, eu sempre me pergunto: onde estavam esses contos quando eu era criança? Parte da minha pesquisa editorial é estar sempre a garimpar esses tesouros, e não me canso de descobri-los.
No cenário midiático de hoje, é raro ver publicações internacionais para crianças que apresentem uma variedade tão ampla de histórias culturais. Estou incrivelmente orgulhosa de ter trazido algumas das minhas próprias histórias de infância à vida na Storytime para um cenário global. Lendas brasileiras são praticamente desconhecidas por aqui. Sendo assim, já compartilhamos histórias como a do Curupira e a lenda amazônica da Yara, junto de histórias astecas e incas, e de contos africanos, esquimós e maoris, por exemplo.
Diversidade também fascina crianças na Índia
Entendemos, também, conversando e pedindo feedback aos leitores, que a partir dessas histórias, eles aprenderam a apreciar as diversas culturas que compõem o nosso mundo. Recentemente, um dos nossos parceiros testou nosso conteúdo em escolas na Índia – um dos mercados que mais cresce em revistas infantis. Ele nos contou que ficou fascinado com o interesse das crianças em histórias de origem Africana pois despertou uma curiosidade que até então ele não havia percebido nos estudantes.
Claro que fazemos parte de um movimento muito maior – além das revistas aqui na Inglaterra. O foco na diversidade na mídia impressa é uma área que só cresce – pois os dados originais eram terríveis. Em 2015, quando lançamos a Storytime, apenas 10% dos livros infantis tinham personagens de outras etnias e diversos, cultural e fisicamente falando ; e apenas 25% dos livros publicados tinham personagens femininos como personagens principais. Desde então, tem sido um esforço coletivo das editoras por aqui aumentar essa representatividade.
Diversidade em revistas infantis cresceu
Dados mais recentes, de 2023, apontam que a diversidade em publicações infantis cresceu para uma média de 26%, enquanto a presença de personagens femininos em papel de destaque nas histórias cresceu para 41%. Algumas editoras que focam em nichos mais específicos apresentam dados ainda mais encorajadores:
- Estatísticas de Diversidade do Cooperative Children’s Book Center (CCBC) – Em 2023, 49% dos livros documentados pelo CCBC tinham conteúdo BIPOC (black, indigenous, and people of color) significativo (acima dos 46% em 2022) e 40% tinham pelo menos um personagem principal BIPOC (acima dos 39% em 2022).
- Estatísticas sobre diversidade na literatura infantil CCBC 2023 (relativa a 2022) – Dos 3.450 livros publicados em 2022 que foram recebidos pelo CCBC, 40% dos livros eram de uma pessoa de cor, definida pelo CCBC como tendo pelo menos um autor, ilustrador ou compilador de cada livro sendo uma pessoa de cor.
- Pesquisa de Base de Lee & Low Diversity de 2019 indica mais diversidade no topo : Em nível executivo, a porcentagem de pessoas que se identificam como brancas caiu de 86%, em 2015, para 78%, em 2019. Além disso, a porcentagem de pessoas que se identificam como heterossexuais caiu de 89% para 82% e a porcentagem de pessoas com deficiência aumentou de 4% para 10%.
Cocoa Girl: um espaço para celebrar crianças negras
O fato é que, para promover a diversidade, muitas editoras e títulos acabam por se especializar em promover a diversidade e criar novos nichos. A nossa ideia sempre foi ser “mainstream”, fazendo a diversidade ser a nova norma. Acreditamos ser um dos pontos fortes das histórias – elas pertencem a todos nós.
No entanto, gostaria de citar alguns exemplos , como a Cocoa magazine, na Inglaterra, que foi lançada em 2020, durante a pandemia. Ela celebra crianças, artistas e a cultura negra, que sempre tiveram pouquíssima representação nas publicações por aqui. É uma das revistas infantis mais recentes e que mais cresce. Além de ter ganhado bastante espaço na imprensa, a sua fundadora, Serlina Boyd, tem grandes planos para a marca.
A Aquila, revista para pre-adolescentes, faz um trabalho bacana com ótimos ilustradores. Muitas editoras focadas em livros DEI (diversos e inclusivos) também surgiram no radar, como a Lantana. Ainda assim, queremos e precisamos de muitos mais para mudar as estatísticas.
Rumo a um mundo mais inclusivo
Na Storytime, acreditamos que despertar essa curiosidade e apresentar culturas diversas às crianças através da narrativa nas revistas infantis é o primeiro passo para se criar um mundo mais inclusivo e positivamente diverso. Em um nível pessoal, estou incrivelmente orgulhosa de redescobrir o próprio Brasil por meio dessas histórias infantis e compartilhar essa riqueza com nossos leitores.
Enquanto celebramos a inclusão de Yemaya em nossa próxima edição, também aproveitamos para refletir sobre a nossa jornada e a importância dos contos para preencher lacunas culturais. Esperamos continuar firmes em nossa missão de celebrar o mundo global em que vivemos, numa jornada de descoberta e inclusão na nossa revista impressa e no conteúdo digital.
Ao apresentar histórias de diferentes culturas, esperamos inspirar uma geração que valorize a diversidade e abrace a riqueza de nosso patrimônio global. A edição 120, lançada dia 8 de agosto, e as outras edições mencionadas também estão disponíveis no nosso link online www.storytimemagazine.com/shop