O que o Reuters Digital News Report 2025 recomenda aos publishers?

O Reuters Institute divulgou, na última terça-feira dia 17 de junho, o Reuters Digital News Report 2025. O estudo se baseia em dados de seis continentes e 48 mercados, incluindo o Brasil. Entre dados importantes sobre confiança na mídia e notícias por redes sociais, visitamos o relatório e contamos aqui o que o Reuters Digital News Report 2025 recomenda aos publishers.
Para facilitar o entendimento, extraímos os temas em segmentos. O relatório completo está disponível para download na página do Reuters Institute.
Desafios e oportunidades no cenário brasileiro de notícias
O relatório cita a queda no interesse pelas notícias em todo o mundo, mas mostra que o Brasil está levemente acima da média global, com 42% do público confiante nas empresas de mídia. No entanto, também cresce a dependência de redes como fontes de informação. O documento cita alguns influencers que fazem sucesso pelo mundo.
Disrupção e fragmentação das notícias nas redes sociais
Há uma contínua queda no engajamento com fontes de mídia tradicionais (TV, imprensa, sites de notícias). A dependência de redes sociais, plataformas de vídeo e agregadores online aumenta. No Brasil, onde a influência da mídia social é alta.
Para os publishers brasileiros, isso significa a necessidade de adaptar-se e competir em um ambiente onde o conteúdo orientado por personalidades (influencers) pode diluir os fatos.
Veja alguns números que mostram como os brasileiros utilizam as redes para notícias:
YouTube: É utilizado por 37% dos brasileiros para notícias. O uso semanal do YouTube para qualquer finalidade aumentou 2 pontos percentuais globalmente para 63%, com o uso de fonte para consumo de notícias estável em 30%. Nosso país está entre os maiores usuários de notícias desta plataforma de vídeo, ao lado da África e partes da Ásia. No Brasil, 46% da atenção em notícias no YouTube é para “Criadores que se concentram principalmente em notícias”, enquanto 24% é para “Mídia de notícias tradicional/jornalistas”.
Instagram: Utilizado por 37% para notícias.
WhatsApp: Utilizado por 36% para notícias.
Facebook: Utilizado por 28% para notícias. Globalmente, cerca de um terço da amostra usa o Facebook para notícias a cada semana.
TikTok: Utilizado por 18% para notícias, representando um aumento de 4 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Globalmente, o TikTok é a rede social e de vídeo que mais cresce: 4 pontos percentuais em todos os mercados para notícias.
Além disso, o relatório menciona que portais de notícias como G1 (Globo), UOL e R7 têm forte reputação em notícias de última hora e utilizam alertas como motivo chave para o download de seus aplicativos, o que reflete a importância das plataformas digitais na distribuição de notícias no Brasil
Índice de confiança nas notícias acima da média global
O Brasil está ligeiramente acima da média global de confiança nas notícias, com uma estabilização após um período de queda acentuada. Neste item, o país está posicionado de forma intermediária em comparação com os demais participantes do estudo. O índice de confiança dos brasileiros nas notícias é de 42%, contra 40% na média global.
Este nível de confiança estabilizou-se nos últimos três anos, após uma queda de 20 pontos percentuais entre 2015 e 2023, um período que foi marcado por crescente polarização política. As grandes marcas de notícias da TV tendem a atrair mais confiança do público, seguidas por jornais tradicionais como O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo.
Isso sugere que os publishers precisam trabalhar ativamente para reconstruir e manter a confiança, especialmente em um ambiente polarizado.
O relatório cita casos de jornalistas que se tornaram newsfluencers, como Julian Reichelt, ex-editor do Bild na Alemanha, e Piers Morgan, ex-editor de jornal e apresentador de TV no Reino Unido, mas, em geral, o reconhecimento desses criadores de notícias na Europa é muito menor do que nos EUA.
Uma exceção, já citada no Digital Report 2024 é o jovem criador francês Hugo Travers, mais conhecido pelo pseudônimo HugoDécrypte, que criou um canal no YouTube e no TikTok, onde tenta explicar as notícias para públicos mais jovens. De acordo com com relatório da Reuters, entre o público de menos de 35 anos, Hugo alcança, atualmente, volume comparável ou superior ao de muitas grandes organizações de notícias francesas.
Modelos de negócios e estratégias de receita
Assinaturas e pagamento direto
Uma resposta fundamental à diminuição das receitas de publicidade tem sido a redução da dependência da publicidade e a construção de modelos de pagamento direto ao leitor. Embora a maioria das audiências globalmente permaneça relutante, 17% dos respondentes no Brasil afirmam pagar por notícias online. Esse percentual, embora não seja dos mais altos, indica uma base de pagantes que pode ser expandida.
Modelos de Pacotes (Bundles)
Há experiências bem-sucedidas em outros mercados, como o Amedia (+Alt) na Noruega, que oferece acesso a mais de 100 jornais, podcasts e esportes ao vivo, e o New York Times nos EUA, com seu pacote “all-access” que inclui jogos, receitas e áudio esportivo. Elas mostram o potencial de agregar valor para justificar o pagamento.
Publishers brasileiros podem considerar parcerias para criar ofertas de pacotes mais atraentes, talvez combinando notícias com conteúdo de estilo de vida, jogos ou outros serviços digitais.
Pagamentos Flexíveis
Testes com “pagamentos flexíveis” por dia, semana ou artigo, como os feitos pelo Washington Post, ou modelos “pay-as-you-go”, como o da rede Torstar, no Canadá, podem ser uma forma de atrair novos pagantes que hesitam em se comprometer com uma assinatura mensal ou anual.
Monetização de Conteúdo em Áudio
Podcasts, que no Brasil contam com quase 32 milhões de ouvintes, com 42% da produção em vídeo, são uma área para monetização. Embora a publicidade e patrocínios sejam comuns, a integração de podcasts em pacotes de assinatura mais amplos pode promover a lealdade à marca. Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo já estão investindo em podcasts e videocasts.
Na próxima semana vamos mostrar o que o Reuters Digital News Report 2025 diz sobre como as ferramentas de IA já estão sendo utilizadas nas redações brasileiras. Até lá!
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