Guilherme Ravache e a indústria de publishing: “A gente, como indústria, ainda pensa pequeno”
Guilherme Ravache foi o convidado do Café com Aner desta terça-feira, 21 de fevereiro. Ele fez um apanhado sobre a nova legislação sobre inteligência artificial (IA) aprovada pelos membros da União Europeia (EU), um paralelo de como isso tem relação com o fim dos cookies de terceiros e analisou a indústria de publishing, citando Arthur Gregg Sulzberger, o publisher do New York Times.
“Li há pouco uma entrevista com o Sulzberger em que ele diz que, como publisher, a gente ainda pensa pequeno. A gente não tem nem um trabalho de formação de público, por exemplo”, alertou, citando a falta de integração entre as empresas de comunicação editorial, que se acham concorrentes em vez de parceiras. “Nos últimos 20 anos a gente apanhou tanto que a gente também deixou de lado algumas questões são importantes, como trabalhar o marketing, (destacar) a importância do que a gente faz, a relevância do que a gente faz”.
“A gente ainda vê o coleguinha do lado como nosso concorrente, e não como um potencial parceiro gigante, que tem bilhões de clientes. A gente ainda vê o coleguinha como um adversário… tipo ‘ele vai roubar o meu anunciante’. A gente pensa pequeno”
Regulação de IA é uma prioridade na UE
Guilherme, que é consultor, palestrante e jornalista no Valor Econômico, analisou o panorama da IA na UE e explicou por que está se tornando uma prioridade. Segundo ele, os países europeus aprenderam com a demora de criar leis durante a chegada da internet. Agora, em vez de deixar acontecer para depois se movimentar, os países já querem que as regras guiem o mercado.
“A legislação europeia tem sido pensada para justamente facilitar o acesso da União Europeia ao código aberto, à Inteligência Artificial. Ela está sendo toda pensada para que as empresas desse mercado, ou potenciais concorrentes das gigantes Google e Meta, não fiquem para trás nessa corrida”.
Fim dos cookies de terceiros dificulta acesso a informações de usuários
As novas leis também apertam o controle sobre o uso e compartilhamento de informações sobre os usuários. A implementação de restrições aos cookies – como a proibição pelo Google – dificulta a análise do caminho do usuário na internet, tornando desafiador determinar o interesse do público.
Nesse sentido, empresas como a Meta vêm aprimorando o uso da IA para tornar os anúncios mais eficientes.
“A Meta teve um aumento médio de 32% no retorno no investimento e 17% de queda no custo de aquisição”, destacou Guilherme.
Associações cumprem papel de unir esforços
Falando sobre o panorama de mercado, Guilherme alertou os publishers sobre a necessidade de união para enfrentar os desafios de forma organizada e coesa. Segundo ele, a indústria precisa se entender como um segmento para pensar estratégias conjuntas com vistas ao desenvolvimento comum.
É muito difícil fazer conteúdo. Eu digo isso para todas as marcas”, disse ele, pouco antes de destacar a necessidade de coesão entre as empresas de comunicação editorial “A gente tá falando de uma associação né? Mas quantos veículos não viram as associações de uma forma geral, como uma coisa que não é importante? Essa aqui era uma associação que deveria ter centenas de publishers (associados), porque são mais de 10 mil veículos no Brasil. A indústria não se pensa como indústria. Infelizmente”.
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