Inteligência artificial e jornalismo: Como a IA está sendo utilizada dentro das empresas de comunicação?

Inteligência artificial e jornalismo: Como a IA está sendo utilizada dentro das empresas de comunicação?

8 de maio de 2024
Última atualização: 9 de maio de 2024
5min
Cido Coelho homem branco calvo de barba castanha e óculos vermelhos aparece em foto em ambiente de escritório usando camisa cinza convidado do café com aner sobre inteligência artificial e jornalismo
Márcia Miranda

Cido Coelho foi o convidado do Café com Aner do dia 07 de maio para falar sobre a inteligência artificial e jornalismo e mostrar um overview sobre como a IA vem sendo usada pelas empresas de comunicação. O bate-papo cotou com uma linha do tempo, que ajudou a situar o publico sobre como a IA vem influenciando o formato do trabalho e das equipes nas redações. Além disso, Cido nos deixou uma série de pesquisas interessantes (veja na matéria) para quem quer se aprofundar nesse estudo.

“Estamos em um caminho sem volta. Passamos por um grande processo de disrupção, com a chegada da internet e das novas mídias. Agora vêm a inteligência artificial e a inteligência artificial generativa. E elas mudam o cenário no jornalismo de uma forma profunda, pelo que eu tenho observado nos fluxos de trabalho, pesquisa e boas práticas”, afirmou.

Através dos pilares “O que está acontecendo?”, “Como está a produção?” e “Distribuição, alcance e relevância”, Cido conduziu uma aula sobre o tema inteligência artificial e jornalismo.

“O jornalista humano ainda tem que apurar, sentir e traduzir o cenário do mundo no momento em que acontecem os fatos, levando o que é importante para as pessoas”

Cido Coelho

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Pesquisa Associated Press mostra como a IA está sendo usada nas redações

Cido trouxe três pesquisas para ajudar a entender o momento da inteligência artificial e jornalismo:

  • Generating Change, realizada pela London School of Economics and Political Science (LSE) em parceria com a Google News Iniciative (GNI) –

Ouviu 120 editores jornalistas técnicos e criadores de 105 pequenas e grandes redações, em 46 países. Desses, a cada 10 jornalistas quase oito já usaram ferramentas de a na produção de conteúdo jornalístico. Isso significa mais de 75% dos entrevistados. E 90% das redações já utilizaram a ia em algum momento da produção de notícias, sendo que 80% usaram só na distribuição. Cerca de 75% usam na coleta de notícias (pesquisa, transcrição, tradução automática, extração de texto e imagens e resumos).

Fala sobre a inteligência artificial nas notícias e como a IA está mudando, racionalizando e modelando o jornalismo. A pesquisa envolveu 134 jornalista de 35 redações dos EUA e Reino Unido, principalmente grandes redações como Guardian, Washington Post, Financial times, além de especialistas da indústria, acadêmicos, políticos e pessoas envolvidas com tecnologia. Por ela, percebe-se que a inteligência artificial tem capacidade para aumentar a eficiência dessas organizações de mídia, que ajuda na produtividade principalmente na tentativa de compensar os tempos difíceis no tocante a questões econômicas ocasionadas pela pandemia e a queda de receitas de publicidade. Usar a inteligência artificial tem sido uma opção para manter o nível de produção para ter mais eficiência para manter a qualidade do produto editorial em alguns casos.

“As redações têm que ter uma espécie de freio de mão editorial para não cair no problema da alucinação das inteligências artificiais.”

Cido Coelho

A pesquisa ouviu quase 300 jornalistas profissionais de mídias tradicionais nos Estados Unidos e na Europa, sendo 30% deles funcionários de redações com mais de 100 jornalistas. Pelo menos metade deles deixariam empresas de IA treinarem os seus modelos de linguagem usando seu conteúdo. Cerca de 49% dos entrevistados também disseram que a inteligência artificial já afetou a rotina de trabalho e o fluxo de produção jornalística e 56% deles dizem que o conteúdo produzido totalmente pela ia deveria ser proibido.

Como inteligência artificial e jornalismo vêm coexistindo nos últimos 10 anos

Durante o encontro, Cido também aproveitou para mostrar uma linha do tempo de introdução da inteligência artificial no jornalismo. A história remonta a meados da década passada, quando a Associated Press iniciou uma parceria com a Automated Insights para criação de conteúdo sobre esportes, prognósticos de jogos, fechamento de bolsa de valores a partir de estatísticas. Ele também citou outros pontos importantes, como a criação do Fátima pela Aos Fatos, em 2019; a parceria do UOL com o TSE para produção de textos automatizados sobre resultados e eleições em 2020, o bot do G1 com resultados das votações e a chegada do ChatGPT em 2022.

“A gente ainda está tateando no escuro, aprendendo a lidar com essa tecnologia. E isso é geral”, afirma Cido;

Veja alguns pontos em que a inteligência artificial e jornalismo podem caminhar juntos:

  • As ferramentas podem detectar desinformação e avaliar grandes volumes de dados rapidamente, o que não era possível antes.  
  • A IA pode colaborar na interação com o público, para a ajudar a gerir o acervo, categorizar, organizar as informações e separar sugestões de feedbacks da audiência
  • Produção de notas a partir de dados estatísticos

Assista a íntegra do Café em nosso Canal do YouTube

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Márcia Miranda
Administrator
Acredita que boas ideias precisam ser compartilhadas. Formada em Comunicação Social, Jornalismo, pela Universidade Federal Fluminense (RJ), iniciou carreira em redação em 1988 e por 24 anos (até 2012) trabalhou em veículos como Jornal O Globo e Agência O Globo, Editora Abril, Jornal O Fluminense, Jornal Metro. Em 2012 iniciou o trabalho como relações públicas e assessora de comunicação, atuando para clientes em áreas variadas, como grandes eventos (TED-x Rio, Réveillon em Copacabana, Jornada Mundial da Juventude, Festival MIMO), showbiz, orquestras, entretenimento e assessorias institucionais como o Instituto Innovare. É empreendedora e, em dezembro de 2021, criou a Simbiose Conteúdo, uma empresa que presta serviços e consultoria em comunicação para associações como Aner, Abral e Abap e divisões internas da TV Globo.