Beth Saad: “A inteligência artificial não é sobre o homem versus máquina, mas é sobre colaboração”

Beth Saad: "A inteligência artificial não é sobre o homem versus máquina, mas é sobre colaboração"

29 de novembro de 2024
Última atualização: 29 de novembro de 2024
4min
Elizabeth, Beth Saad mulher branca de cabelos castanhos e óculos de armação castanha aparece em tela de computador durante o Café com Aner para falar de inteligência artificial e jornalismo
Beth: bate-papo sobre inteligência artificial e jornalismo no Café com Aner. Foto: reprodução Café com Aner.
Márcia Miranda

Doutora em Ciências da Comunicação, a professora Elizabeth Saad, mais conhecida como Beth Saad, foi a convidada do Café com Aner no dia 26 de novembro. No bate-papo ela discutiu os impactos da IA nas empresas jornalísticas e deu alguns direcionamentos que os publishers devem ter em mente para utilizar a ferramenta de forma produtiva e ética.

Beth analisou a curva do hype tecnológico, a necessidade de dados para a IA, e a importância da colaboração humano-máquina.

“A IA não é uma solução independente do restante das atividades da empresa e muito menos será salvadora do faturamento ou da ampliação da audiência”, alertou. “A inteligência artificial não sobre o homem versus máquina mas é sobre colaboração. A gente tem que aprender a usar esse negócio, entender que isto pode ajudar o trabalho numa sucessão de coisas. Mas para isso é preciso saber falar a linguagem dela”, afirma.

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Beth Saad: “IA não é uma ferramenta de gente muda”

Durante a conversa, Beth Saad também falou sobre o quanto os dados e a interpretação correta dessas informações são essenciais para conseguir utilizar a IA corretamente. Ela apontou a necessidade de organização e análise dos dados, interno e externos à empresa, para que a IA possa ser utilizada de forma eficiente.

“Eu preciso ter dados. Não existe jeito de entender uma [IA] sem dados”, disse. “Como eu analiso estes dados? Qual a frequência de atualização? E como que eu consigo extrair destes dados aspectos conjuntos de informações que podem estabelecer uma relação bacana com determinados segmentos da minha audiência. Entendendo tudo isso eu consigo, então, implementar algum tipo de sistema de Inteligência Artificial generativa”, afirmou.

Beth também ressaltou a importância de saber utilizar a IA, fornecendo instruções claras e detalhadas, para que a ferramenta possa aprender e melhorar com o tempo.

“É um aprendizado usar esta ferramenta, dialogar com ela. Não é uma ferramenta que gosta de gente muda”, avisou. Há essa necessidade de um diálogo muito explícito, muito detalhado, que é o chamado prompt, ou seja, a instrução que eu passo para a ferramenta.”

Adaptação nos cursos de jornalismo

A discussão abrangeu ainda a visibilidade do jornalismo em buscadores, a diversificação de receitas, e a necessidade de adaptação dos cursos de jornalismo e como eles se encaixam no cenário da IA. Segundo ela, é preciso adequar não só os cursos de jornalismo, mas também os de publicidade, os professores e aumentar a reflexão nos cursos demasiado técnicos.

“O que a gente precisa, no caso de um curso teórico crítico, é avançar no treinamento e na transformação do quadro docente para que ele se sintam mais próximos de usar um ChatGPT na redação. E o povo que tá lá nas privadas, que ofereça um conteúdo mais crítico em cima daquilo que eles estão fazendo. Vamos fazer um podcast, ótimo! Mas vamos aprender mais o que significa podcast como substituto do meio clássico rádio, por exemplo. Qual é o tipo de abrangência, impacto que esse novo meio tem usando o áudio. Mas não é algo fácil, não, é?” , disse a professora, explicando que, em cursos com foco teórico e crítico, é preciso investir no treinamento dos professores para que se familiarizem com as novas tecnologias e possam incorporá-las em suas aulas.

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Márcia Miranda
Administrator
Acredita que boas ideias precisam ser compartilhadas. Formada em Comunicação Social, Jornalismo, pela Universidade Federal Fluminense (RJ), iniciou carreira em redação em 1988 e por 24 anos (até 2012) trabalhou em veículos como Jornal O Globo e Agência O Globo, Editora Abril, Jornal O Fluminense, Jornal Metro. Em 2012 iniciou o trabalho como relações públicas e assessora de comunicação, atuando para clientes em áreas variadas, como grandes eventos (TED-x Rio, Réveillon em Copacabana, Jornada Mundial da Juventude, Festival MIMO), showbiz, orquestras, entretenimento e assessorias institucionais como o Instituto Innovare. É empreendedora e, em dezembro de 2021, criou a Simbiose Conteúdo, uma empresa que presta serviços e consultoria em comunicação para associações como Aner, Abral e Abap e divisões internas da TV Globo.