Uso excessivo de telas: como conter as ameaças que rondam crianças e adolescentes na internet?
O impacto do uso excessivo de telas em crianças e adolescentes foi o tema do Café com Aner promovido na terça, 5 de novembro, pela Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner). O bate-papo contou com a participação de duas convidadas especialistas, a pediatra Carolinne Santin Dal Ri e a jornalista Sabrina Passos Cimenti. As duas apresentam dados e pesquisas sobre o tema.
Ex-funcionária da Meta por 5 anos, Sabrina tem conhecimento das formas de relacionamento entre algumas das principais plataformas de redes sociais e as crianças e adolescentes. Por sua vez, a pediatra Carolinne trabalha com puericultura, ou seja, todo o processo de desenvolvimento da criança.
“O que sempre nos diferenciou na espécie humana é que a gente sempre soube processar informação perante outros seres. Hoje a gente precisa se defender do excesso de informação. A gente não odeia internet, mas é necessário entender até que ponto esse sistema nos serve ou a gente serve ao sistema”, alertou.
Qual o impacto do uso excessivo de telas na saúde física e mental de crianças e adolescentes?
O tema também está em debate por conta da aprovação do Projeto de Lei 104/15 pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados no fim de outubro. O PL ainda precisa passar pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania e, para virar lei, precisa da aprovação de deputados e senadores.
O projeto prevê a proibição do uso de telefone celular e de outros aparelhos eletrônicos portáteis por alunos da educação básica em escolas públicas e particulares, inclusive no recreio e nos intervalos entre as aulas. O objetivo é proteger as crianças do uso excessivo pelo menos até os 10 anos.
As convidadas citaram estudos e pesquisas que comprovam como o problema de exposição a telas se intensificou nos últimos anos. Entre os prejuízos, estão dificuldades no desenvolvimento cognitivo e social.
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Veja algumas das dificuldades já rastreadas por pesquisas
● Crianças que passam muito tempo em frente às telas podem ter seu desenvolvimento cognitivo prejudicado, com impacto direto na performance escolar. Crianças de 2 a 5 anos que ficam expostas a telas por uma hora diária têm sua performance em matemática reduzida em 40% aos 10 anos de idade, o que pode levar à queda de quatro posições acadêmicas.
● O uso excessivo de telas na primeira infância pode contribuir para problemas comportamentais, como explosões de raiva e desequilíbrio emocional. Uma pesquisa recente, de agosto de 2024, observou que crianças de 3 anos com maior tempo de tela apresentavam mais explosões de raiva em comparação com aquelas que assistiam menos.
● A dependência de telas como “chupetas digitais” para acalmar crianças dificulta o desenvolvimento da capacidade de controlar as próprias emoções. O ciclo vicioso se instaura: quanto mais a criança chora, mais telas lhe são oferecidas, aumentando o tempo de exposição e agravando a dificuldade em lidar com as emoções.
● A migração da infância para o mundo virtual prejudica o desenvolvimento social, físico e psíquico, limitando as interações interpessoais e a vivência de experiências no mundo real.
● As telas afetam negativamente a capacidade de interação social, comunicação, controle emocional e gerenciamento de tempo, habilidades essenciais para o desenvolvimento saudável.
● Uso excessivo de telas também impacta na saúde física, causando aumento de casos de miopia e estrabismo em crianças, além de sedentarismo e reflexos no domínio e utilização do próprio corpo, em um efeito também chamado de “analfabetos motores.
● Em relação a dificuldades de relacionamento, o uso excessivo de telas pode ser relacionado ao aumento de casos de depressão e ansiedade em adolescentes, suicídio entre meninas adolescentes, cyberbullying e exposição precoce à pornografia.
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