Uso excessivo de telas: como conter as ameaças que rondam crianças e adolescentes na internet?

Uso excessivo de telas: como conter as ameaças que rondam crianças e adolescentes na internet?

7 de novembro de 2024
Última atualização: 7 de novembro de 2024
4min
Sabrina Passos, mulher branca de cabelos castanhos e Carolinne Santin Dal Ri mulher branca de cabelos louros, aparecem em tela falando sobre uso das telas por crianças e adolescentes no Café com Aner
Sabrina e Carolinne abordaram os problemas severos que o excesso do uso de telas pode trazer para crianças e adolescentes. Foto: Reprodução Café com Aner
Márcia Miranda

O impacto do uso excessivo de telas em crianças e adolescentes foi o tema do Café com Aner promovido na terça, 5 de novembro, pela Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner). O bate-papo contou com a participação de duas convidadas especialistas, a pediatra Carolinne Santin Dal Ri e a jornalista Sabrina Passos Cimenti. As duas apresentam dados e pesquisas sobre o tema.

Ex-funcionária da Meta por 5 anos, Sabrina tem conhecimento das formas de relacionamento entre algumas das principais plataformas de redes sociais e as crianças e adolescentes. Por sua vez, a pediatra Carolinne trabalha com puericultura, ou seja, todo o processo de desenvolvimento da criança.

“O que sempre nos diferenciou na espécie humana é que a gente sempre soube processar informação perante outros seres. Hoje a gente precisa se defender do excesso de informação. A gente não odeia internet, mas é necessário entender até que ponto esse sistema nos serve ou a gente serve ao sistema”, alertou.

Qual o impacto do uso excessivo de telas na saúde física e mental de crianças e adolescentes?

O tema também está em debate por conta da aprovação do Projeto de Lei 104/15 pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados no fim de outubro. O PL ainda precisa passar pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania e, para virar lei, precisa da aprovação de deputados e senadores.

O projeto prevê a proibição do uso de telefone celular e de outros aparelhos eletrônicos portáteis por alunos da educação básica em escolas públicas e particulares, inclusive no recreio e nos intervalos entre as aulas. O objetivo é proteger as crianças do uso excessivo pelo menos até os 10 anos.

As convidadas citaram estudos e pesquisas que comprovam como o problema de exposição a telas se intensificou nos últimos anos. Entre os prejuízos, estão dificuldades no desenvolvimento cognitivo e social.

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Veja algumas das dificuldades já rastreadas por pesquisas

Crianças que passam muito tempo em frente às telas podem ter seu desenvolvimento cognitivo prejudicado, com impacto direto na performance escolar. Crianças de 2 a 5 anos que ficam expostas a telas por uma hora diária têm sua performance em matemática reduzida em 40% aos 10 anos de idade, o que pode levar à queda de quatro posições acadêmicas.

O uso excessivo de telas na primeira infância pode contribuir para problemas comportamentais, como explosões de raiva e desequilíbrio emocional. Uma pesquisa recente, de agosto de 2024, observou que crianças de 3 anos com maior tempo de tela apresentavam mais explosões de raiva em comparação com aquelas que assistiam menos.

A dependência de telas como “chupetas digitais” para acalmar crianças dificulta o desenvolvimento da capacidade de controlar as próprias emoções. O ciclo vicioso se instaura: quanto mais a criança chora, mais telas lhe são oferecidas, aumentando o tempo de exposição e agravando a dificuldade em lidar com as emoções.

A migração da infância para o mundo virtual prejudica o desenvolvimento social, físico e psíquico, limitando as interações interpessoais e a vivência de experiências no mundo real.

As telas afetam negativamente a capacidade de interação social, comunicação, controle emocional e gerenciamento de tempo, habilidades essenciais para o desenvolvimento saudável.

Uso excessivo de telas também impacta na saúde física, causando aumento de casos de miopia e estrabismo em crianças, além de sedentarismo e reflexos no domínio e utilização do próprio corpo, em um efeito também chamado de “analfabetos motores.

Em relação a dificuldades de relacionamento, o uso excessivo de telas pode ser relacionado ao aumento de casos de depressão e ansiedade em adolescentes, suicídio entre meninas adolescentes, cyberbullying e exposição precoce à pornografia.

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Márcia Miranda
Administrator
Acredita que boas ideias precisam ser compartilhadas. Formada em Comunicação Social, Jornalismo, pela Universidade Federal Fluminense (RJ), iniciou carreira em redação em 1988 e por 24 anos (até 2012) trabalhou em veículos como Jornal O Globo e Agência O Globo, Editora Abril, Jornal O Fluminense, Jornal Metro. Em 2012 iniciou o trabalho como relações públicas e assessora de comunicação, atuando para clientes em áreas variadas, como grandes eventos (TED-x Rio, Réveillon em Copacabana, Jornada Mundial da Juventude, Festival MIMO), showbiz, orquestras, entretenimento e assessorias institucionais como o Instituto Innovare. É empreendedora e, em dezembro de 2021, criou a Simbiose Conteúdo, uma empresa que presta serviços e consultoria em comunicação para associações como Aner, Abral e Abap e divisões internas da TV Globo.