Dia Internacional da Mulher: um papo com Regina Bucco, diretora executiva da Aner

Dia Internacional da Mulher: um papo com Regina Bucco, diretora executiva da Aner

8 de março de 2024
Última atualização: 7 de março de 2024
9min
Mulher branca de cabelos curtos louros, Regina Bucco, é diretora executiva da Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner) aparece em ambiente de biblioteca, usando camisa preta e óculos de armação verde.
Regina Bucco apresentando o Café com Aner: conquista saborosa
Márcia Miranda

Ela chegou à Aner em junho de 2021, quando a pandemia, aliada à crescente digitalização das publicações e à dificuldade para distribuição de revistas impressas acelerava uma crise sem precedentes no mercado editorial. Regina Bucco foi oficializada como a diretora-executiva da Associação Nacional dos Editores de Revistas em outubro do mesmo ano, sobre a gestão do presidente Rafael Soriano.

Cenário assustador para uma associação que se pautava pelo sucesso dos impressos? Não para essa ariana, nascida em Jaboticabal.

Formada em Direito pela USP, com pós-graduação em Ciências Aplicadas ao Consumo e em Mentoring pela ESPM, ela usou os 30 anos de experiência profissional e a formação em Master, Life e Executive Coach pela SLAC para imprimir seu ritmo. Entrevistou os publishers, identificou as respectivas dores e buscou caminhos para mudar a imagem da Aner.

Com o presidente da Aner, Rafael Soriano: interesses alinhados. Foto: Divulgação Aner/Lola Mesquita Fotografia

Alinhada com as propostas de Rafael Soriano, de dar uma guinada rumo à digitalização e à evolução de processos e negócios, ela arregaçou as mangas. Pôs no ar o Ciclo de Webinars “O Futuro já passou?”, criou o Café com Aner, desenvolveu e negociou parcerias com Google, Meta e International Center for Journalists (ICFJ) para capacitação e mentoria de associados. Buscou novos publishers para fortalecer a Associação.

A estratégia está se confirmando vencedora, comprovada pelo retorno dos associados. Mas os projetos não param. Ela agora está se dedicando a fomentar a educação em novos negócios, para renovar as perspectivas de ação para os publishers.

Sendo assim, neste Dia Internacional da Mulher, nada mais justo que dar voz à nossa diretora-executiva, para que ela nos conte como está sendo essa jornada à frente da Aner.

Existe diferença entre a Regina Bucco profissional que entrou na Aner há três anos e a Regina profissional de hoje?

Existe muita diferença. Eu acho que eu estou mais resiliente… de alguma forma eu vejo o mundo dos editores com outro olhar. Antes, eu via o mundo fazendo parte de uma editora. Hoje, eu faço parte da Aner e meu olhar tem que ser plural. Eu tenho que olhar todos da mesma forma e isso é muito bom! A gente se sente justo! Não tem dor melhor nem pior.

Você já esteve na Aner há anos, no início da carreira. Qual a diferença entre a Aner da década de 90 e a de hoje?

Nos anos 90, início dos anos 2000, quando eu fiz parte da Aner, as revistas em papel bombavam. A gente tinha edições que vendiam 200, 300 mil exemplares. Quando se lançava a revista de R$ 1, vendia quase 1 milhão de exemplares. Então tinha uma grande diferença. Hoje o que eu vejo é uma Aner voltada para entender as tecnologias, para orientar e preparar os seus associados para estarem no século 21, não só entendendo a tecnologia, mas conseguindo implantá-la em seus negócios.

E sobre os associados?

Mulheres brancas Larissa Purvinni (relações institucionais), Regina Bucco e Rodrigo Paiva (conselheiro do Instituto Mauricio de Sousa)
Regina com Larissa Purvinni e Rodrigo Paiva, da Mauricio de Sousa Produções

Naquela época, a Aner tinha cerca de 70 associados e hoje estamos com 50. A gente recuperou a confiança deles. Hoje a Aner caminha para, cada vez mais, oferecer serviços para os seus associados, levar conhecimento sobre ferramentas de monetização, de tecnologia, de administração do próprio negócio que eles possam usar para enfrentar o século 21. A Aner de hoje é bem atuante. As próprias comissões têm que ter um objetivo, não podem ser só para tomar café… A Aner de hoje vai pra cima, ela procura, ela quer saber o que o associado pensa. Ela não fica numa posição de aguardar o que acontece.

Diretoria-executiva é para as fortes?

Qualquer cargo em que você tem que decidir não é fácil, porque, de alguma forma, você tem que assumir responsabilidade das suas atitudes, dos caminhos que vão ser trilhados. Hoje, o que a gente percebe é que as diretorias são compartilhadas. Você, de alguma forma, precisa expor o que você pensa, precisa ouvir o outro. Eu não sei se diretoria-executiva é para os fortes, mas eu acho que é para quem tem sensibilidade de perceber o momento, de ouvir e perceber o outro. Se não, você trabalha no escuro.

No lançamento do relatório Google Local Labs, com Luis Henrique Matos

Desde quando você começou na Aner, já enfrentou vários desafios. Pode contar pra gente alguns deles?

Um dos maiores desafios aqui foi criar um propósito para a existência da Associação. E a gente conseguiu encontrar a prestação de serviços, o estar presente, buscar instrumentos para ajudar os editores. Outro grande desafio foi fechar as parcerias com o Google e Meta, que levaram conhecimento e novos contatos para associados. Além disso, conseguir implantar o Café com Aner, que hoje já está indo para a centésima edição, trazendo assuntos cada vez mais relevantes, olhando o passo além, o que muitas vezes não está acontecendo ainda, mas vai acontecer. Estamos sempre antenados para entender o que tem de mais novo e diferente nesse mercado. Todo dia a gente tem desafios diferentes, maiores ou menores, e isso é que é gostoso! Isso é que dá o sal da vida.

E quais as conquistas de que você mais se orgulha neste cargo?

Acho que a minha maior conquista foi dobrar o número de associados da Aner. Quando eu entrei, a Associação estava com 24 associados e hoje estamos com 50 associados. Eu me orgulho muito de ter conseguido fazer isso, trazendo empresas e pessoas relevantes para o quadro, abrindo o leque de possibilidades. A criação da Comissão de Tendências, que funciona para entender o século 21 e oferecer isso para os editores. Estamos preparando um curso maravilhoso, sobre marca proprietária. Também é uma conquista olhar a Aner como uma empresa, tanto financeiramente quanto em termos de objetivos e de resultados.

Neste Dia Internacional da Mulher, qual o recado que deixa para as mulheres que estão começando a desbravar suas carreiras?

Se orgulhe muito, sempre, de ser mulher. Eu não admito sexismo, não aceito e não admito qualquer tipo de discriminação pelo fato de eu ser mulher. É muito importante brigar, lutar sempre, deixando muito claro que você se orgulha de ser mulher. Flores não são importantes. O importante é a igualdade salarial, ser respeitada enquanto profissional, enquanto realizadora. Não tenha medo de ter filhos, não tenha medo de estudar, de seguir sua carreira e de desbravar caminhos. A mulher é muito forte, muito corajosa. Não tenha medo de mostrar isso.

E qual a mensagem inspiradora para os associados e associadas à Aner?

Vocês têm o melhor negócio possível nas mãos. Vocês têm a confiabilidade da informação. Produzir informação é uma coisa muito séria. É levar para o outro o que está acontecendo no mundo, na comunidade e isso é de suma importância, porque forma opiniões, decide eleições. Isso faz com que o mundo mude. Produzir informação é uma forma de poder, então orgulhem-se muito. Tenham muita alegria de ter um negócio de informação nas mãos.

Márcia Miranda
Administrator