#Colabora: como fazer um jornalismo com sustentabilidade, inclusão e ainda assim ser rentável?

#Colabora: como fazer um jornalismo com sustentabilidade, inclusão e ainda assim ser rentável?

8 de novembro de 2023
Última atualização: 22 de novembro de 2023
5min
Agostinho Vieira homem branco de barba e cabelos grisalhos, usando óculos de armação fina, aparece em recorte de tela de computador em ambiente de escritório com uma estante de livros ao fundo. Agostinho veste camisa azul clara de gola e botões participando do Café com Aner com o tema inclusão e jornalismo sustentável
Márcia Miranda

O Café com Aner recebeu no dia 7 de novembro o jornalista Agostinho Vieira, cofundador e editor do #Colabora, que aborda temas do jornalismo sustentável, diverso e inclusivo. Agostinho discutiu o #Colabora com inclusão e diversidade, projeto criado pelo #Colabora para estimular a formação de jovens jornalistas periféricos.

Durante o bate-papo, ele contou também como o #Colabora consegue manter um time de mais de 500 jornalistas e profissionais que trabalham na cobertura para o portal em todo o Brasil e até em outros países. Falou do #Colabora Marcas, de como a empresa recebe doações de leitores e de algumas estratégias que utiliza para se sustentar financeiramente.

O #Colabora com Inclusão e Diversidade está em segunda edição com o financiamento do Programa Acelerando a Transformação Digital, do International Center for Journalists (ICFJ) e apoio da Meta. No entanto, já tinha realizado três outras edições semelhantes, antes. Daí a expectativa positiva de Agostinho para conquistar parceiros financiadores para as próximas edições do programa.

“A gente acredita que vai conseguir manter o projeto talvez até com a própria Meta. Mas, se não for possível, conversaremos com outros patrocinadores. Esse é o quinto ano do projeto. O modelo funciona. Quando você faz o treinamento, ajuda na formação das pessoas, oferece oportunidade de trabalho, eles vão para dentro da redação e têm um acompanhamentos de jornalistas profissionais e mesmo que não haja vaga na equipe do #Colabora, eles saem melhor desse processo. Então, esse é um modelo que faz muito sentido para quem quer investir em inclusão”, explica.

Formação para jornalistas periféricos, negros, indígenas

A proposta do #Colabora com Inclusão e Diversidade é ampliar o acesso de jovens jornalistas periféricos ao mercado de trabalho, com um programa de treinamento e estágio no modelo trainee.

“Essa não é a primeira iniciativa que a gente faz nessa linha. Ano passado tivemos 50 inscritos e esse ano chegamos a 130. Mas ainda antes disso a gente já tinha feito um projeto com a Favela da Maré que se chama #Colabora com a Maré de Notícias. Fizemos um com a ONG favela em Pauta, com o nome Periferia no Centro; e fizemos um com jornalistas indígenas. O que une esses projetos é a inclusão e diversidade. Para todos eles a gente conseguiu um financiamento com fundações diferentes”, explica.

Durante os programas de inclusão, os jovens são selecionados para produzirem reportagens e a equipe de editores do #Colabora acompanha cada um deles, ajudando na edição, discutindo a pauta e sugerindo fontes, como uma redação tradicional. Além disso, eles têm aulas com oito professores selecionados pela professora Fabiana Moraes, da Universidade Federal de Pernambuco. Toda a equipe é remunerada. Após o curso, dois trainees são selecionados para receberem uma bolsa de R$ 2.500 por mês, durante seis meses. Dependendo do desempenho, eles são aprovados e incluídos na equipe do #Colabora ou continuam trabalhando como frilas, recebendo por produção.

“A margem pro #Colabora é pequena a gente ganha muito pouco dinheiro com isso. O objetivo maior é a formação dos jovens a produção de conteúdo e a diversidade na nossa redação. É esse o foco”, explicou.

Como o #Colabora consegue trabalhar com inclusão e ainda se sustentar financeiramente?

O trabalho do #Colabora é focado na cobertura transversal da sustentabilidade. Essa abordagem, exercitada desde a fundação do projeto, em 2015, deu ao veículo uma expertise no assunto. E trouxe autoridade suficiente para que as empresas interessadas no tema o tenham como uma referência.

E é utilizando essa autoridade que o #Colabora consegue manter o braço especializado em conteúdo de marca para empresas. Ao todo, um time de mais de 500 jornalistas, fotógrafos, designers, videomakers e especialistas trabalham na cobertura, espalhados por todo o Brasil e até em outros países. Além do #Colabora Marcas, a empresa também recebe doações de leitores, que contribuem com o projeto mesmo sem que exista qualquer paywall no conteúdo.

“A gente não não faz isso para ganhar dinheiro. Mas é claro que ninguém trabalha de graça”, explica Agostinho. “Faço palestras em universidades e convido estudantes a escreverem pra gente. E o processo é o mesmo de uma redação: eles mandam uma pauta, a gente discute. Se for ruim, a gente rejeita e se for boa, a gente aceita. Se for aceita, eles recebem pelo trabalho. E a gente paga mais que o mercado pro frila. Pagamos de R$300 a R$500 por uma reportagem”, conta.

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Márcia Miranda
Administrator
Acredita que boas ideias precisam ser compartilhadas. Formada em Comunicação Social, Jornalismo, pela Universidade Federal Fluminense (RJ), iniciou carreira em redação em 1988 e por 24 anos (até 2012) trabalhou em veículos como Jornal O Globo e Agência O Globo, Editora Abril, Jornal O Fluminense, Jornal Metro. Em 2012 iniciou o trabalho como relações públicas e assessora de comunicação, atuando para clientes em áreas variadas, como grandes eventos (TED-x Rio, Réveillon em Copacabana, Jornada Mundial da Juventude, Festival MIMO), showbiz, orquestras, entretenimento e assessorias institucionais como o Instituto Innovare. É empreendedora e, em dezembro de 2021, criou a Simbiose Conteúdo, uma empresa que presta serviços e consultoria em comunicação para associações como Aner, Abral e Abap e divisões internas da TV Globo.