#Colabora: como fazer um jornalismo com sustentabilidade, inclusão e ainda assim ser rentável?
O Café com Aner recebeu no dia 7 de novembro o jornalista Agostinho Vieira, cofundador e editor do #Colabora, que aborda temas do jornalismo sustentável, diverso e inclusivo. Agostinho discutiu o #Colabora com inclusão e diversidade, projeto criado pelo #Colabora para estimular a formação de jovens jornalistas periféricos.
Durante o bate-papo, ele contou também como o #Colabora consegue manter um time de mais de 500 jornalistas e profissionais que trabalham na cobertura para o portal em todo o Brasil e até em outros países. Falou do #Colabora Marcas, de como a empresa recebe doações de leitores e de algumas estratégias que utiliza para se sustentar financeiramente.
O #Colabora com Inclusão e Diversidade está em segunda edição com o financiamento do Programa Acelerando a Transformação Digital, do International Center for Journalists (ICFJ) e apoio da Meta. No entanto, já tinha realizado três outras edições semelhantes, antes. Daí a expectativa positiva de Agostinho para conquistar parceiros financiadores para as próximas edições do programa.
“A gente acredita que vai conseguir manter o projeto talvez até com a própria Meta. Mas, se não for possível, conversaremos com outros patrocinadores. Esse é o quinto ano do projeto. O modelo funciona. Quando você faz o treinamento, ajuda na formação das pessoas, oferece oportunidade de trabalho, eles vão para dentro da redação e têm um acompanhamentos de jornalistas profissionais e mesmo que não haja vaga na equipe do #Colabora, eles saem melhor desse processo. Então, esse é um modelo que faz muito sentido para quem quer investir em inclusão”, explica.
Formação para jornalistas periféricos, negros, indígenas
A proposta do #Colabora com Inclusão e Diversidade é ampliar o acesso de jovens jornalistas periféricos ao mercado de trabalho, com um programa de treinamento e estágio no modelo trainee.
“Essa não é a primeira iniciativa que a gente faz nessa linha. Ano passado tivemos 50 inscritos e esse ano chegamos a 130. Mas ainda antes disso a gente já tinha feito um projeto com a Favela da Maré que se chama #Colabora com a Maré de Notícias. Fizemos um com a ONG favela em Pauta, com o nome Periferia no Centro; e fizemos um com jornalistas indígenas. O que une esses projetos é a inclusão e diversidade. Para todos eles a gente conseguiu um financiamento com fundações diferentes”, explica.
Durante os programas de inclusão, os jovens são selecionados para produzirem reportagens e a equipe de editores do #Colabora acompanha cada um deles, ajudando na edição, discutindo a pauta e sugerindo fontes, como uma redação tradicional. Além disso, eles têm aulas com oito professores selecionados pela professora Fabiana Moraes, da Universidade Federal de Pernambuco. Toda a equipe é remunerada. Após o curso, dois trainees são selecionados para receberem uma bolsa de R$ 2.500 por mês, durante seis meses. Dependendo do desempenho, eles são aprovados e incluídos na equipe do #Colabora ou continuam trabalhando como frilas, recebendo por produção.
“A margem pro #Colabora é pequena a gente ganha muito pouco dinheiro com isso. O objetivo maior é a formação dos jovens a produção de conteúdo e a diversidade na nossa redação. É esse o foco”, explicou.
Como o #Colabora consegue trabalhar com inclusão e ainda se sustentar financeiramente?
O trabalho do #Colabora é focado na cobertura transversal da sustentabilidade. Essa abordagem, exercitada desde a fundação do projeto, em 2015, deu ao veículo uma expertise no assunto. E trouxe autoridade suficiente para que as empresas interessadas no tema o tenham como uma referência.
E é utilizando essa autoridade que o #Colabora consegue manter o braço especializado em conteúdo de marca para empresas. Ao todo, um time de mais de 500 jornalistas, fotógrafos, designers, videomakers e especialistas trabalham na cobertura, espalhados por todo o Brasil e até em outros países. Além do #Colabora Marcas, a empresa também recebe doações de leitores, que contribuem com o projeto mesmo sem que exista qualquer paywall no conteúdo.
“A gente não não faz isso para ganhar dinheiro. Mas é claro que ninguém trabalha de graça”, explica Agostinho. “Faço palestras em universidades e convido estudantes a escreverem pra gente. E o processo é o mesmo de uma redação: eles mandam uma pauta, a gente discute. Se for ruim, a gente rejeita e se for boa, a gente aceita. Se for aceita, eles recebem pelo trabalho. E a gente paga mais que o mercado pro frila. Pagamos de R$300 a R$500 por uma reportagem”, conta.
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