EducaMídia: Como jornalistas podem colaborar na formação de novos leitores?

EducaMídia: Como jornalistas podem colaborar na formação de novos leitores?

30 de novembro de 2021
Última atualização: 24 de agosto de 2023
6min
Márcia Miranda

30 de novembro de 2021

A presidente do Instituto Palavra Aberta, Patrícia Blanco, foi a convidada do Café com Aner desta terça-feira. Durante a conversa com jornalistas e editores, ela falou sobre as atividades desenvolvidas pelo instituto, com foco no combate à desinformação e às fake news.

“Como fazer a junção do jornalismo e educação para fazer com que leitores possam entender, interpretar, o que é o jornalismo profissional, como e porque é diferente de qualquer outra notícia não-profissional?”, questionou Patrícia, antes de explicar sobre o EducaMídia, programa que visa a capacitar e engajar educadores para conscientizar a sociedade sobre a importância da educação midiática.

Formada em Relações Públicas pela Faculdade Cásper Líbero, com Pós-graduação em Marketing pela ESPM, Patrícia está à frente do Palavra Aberta desde 2010.  O Instituto foi criado com o apoio de diversas instituições relacionadas ao jornalismo, entre elas a Aner. Desde então vem atuando para promover e incentivar as liberdades democráticas, em especial, a liberdade de expressão e a livre iniciativa.

Durante o bate-papo Patrícia falou em temas importantes que rondam o jornalismo na atualidade, como a infodemia, desinformação e as fake news.

“Saímos de uma época de escassez de informação, da era da enciclopédia, como a Britânica… em casa era quase proibido pegar um livro sem pedir autorização… e entramos em uma era em que temos uma abundância de informação, acessível a qualquer momento. Há um autor americano que diz que, hoje, consumir informação de qualidade é tão desafiador quanto beber água do hidrante com uma colher de café. Separar essa informação do que é falso ou opinião pessoal é muito difícil”, afirmou.

Novos formatos também dificultam entendimento

Outro fator que dificulta o entendimento, segundo Patrícia, são os novos formatos em que as informações são entregues. Embora os jovens tenham facilidade para lidar com o hardware, eles não conseguem compreender e separar as mensagens. Enquanto isso, muitos idosos não conseguem lidar com as novas tecnologias

“Sete em cada dez adolescentes não conseguem distinguir o que é matéria e o que é opinião, fato ou fake”, conta, destacando que o problema também acontece entre os idosos e é agravado pelas dificuldades, deles, em lidar com aparelhos celulares e aplicativos.

EducaMídia capacita professores para formação do pensamento crítico nos alunos

Um dos principais projetos do Palavra Aberta é o EducaMídia, que tem como objetivo capacitar professores e organizações de ensino, e engajar a sociedade no processo de educação midiática dos jovens. Através da educação, o projeto espera fazer com que o cidadão desenvolva habilidades para formar a sua opinião a partir de conhecimento real das questões.

Além de cartilhas e farto material para os professores, disponibilizado no site https://educamidia.org.br/, ela cita a responsabilidade da imprensa em promover atos e simplificar a linguagens, de forma a alcançar cada vez mais leitores.

“O papel do jornalismo vai muito além da checagem. Ele tem um papel pedagógico, de ensinar para o seu leitor o que é uma informação de qualidade. Sim, isso é necessário, que os jornais, revistas e quem faz conteúdo jornalístico leve, com clareza, a informação para o seu público, ao melhorar a transparência de como foi produzida aquela matéria e como se chegou naquele furo de reportagem”, explica.

Patrícia citou ainda o caso do New York Times, que realizou um trabalho de clareza de linguagem, retirando jargões jornalísticos e explicando as palavras, para que os leitores pudessem entender as colocações.

“Quando falamos o mainstream media, o hardnews… ninguém sabe o que é hardnews, além de nós. Então é preciso explicar ao público para trazê-lo para perto, para que esses leitores consigam interpretar corretamente”, afirma, destacando que esse processo gera uma sensibilização do leitor com o fazer jornalístico.

Idosos também estão contemplados, pelo EducaMídia60+

Para facilitar o entendimento das novas mídias, o Palavra Aberta lançou o EducaMídia 60+, que é voltado para a terceira idade, considerado altamente vulnerável.

“Há a perda cognitiva, a falta de conhecimento, mas principalmente porque muitos deles se acostumaram com o veículo de comunicação no formato antigo, aquele que era impresso, que tinha a separação perfeita entre o que era editorial, publicidade, matéria jornalística… Outro fator é achar que tudo que está na internet é verdadeiro”, conta.

O EducaMídia60+ é composto de micro vídeos e uma cartilha que explica aos idosos as diferença entre cada forma de comunicação. Para levar estas informações até os leitores, foram escolhidos profissionais da área da saúde, serviço social que baixam os materiais e os disseminam.

“Também estamos usando os micro influenciadores e uma das nossas colaboradoras é uma jornalista influencer Flavia Aidar, que já tinha um canal sobre terceira idade, o Ávida, e nos ajudou a traduzir o conteúdo para a linguagem utilizada por esta faixa etária”, contou Patricia, destacando que o próximo passo será a produção de uma cartilha para combater a desinformação no período eleitoral.

Clique aqui para ver o conteúdo do EducaMídia60+

Clique aqui para ver e baixar o material do EducaMídia

O Café com Aner é um ponto de encontro para troca de informações entre associados e não-associados da Aner. Acompanhe nossas redes sociais para ficar em dia com os episódios e se inscrever para participar das reuniões pelo Zoom.

Clique aqui e veja a íntegra do bate-papo com Patrícia Blanco

Instagram @anerrevistas

Facebook @anerbr

LinkedIn @anerrevistasbr

Márcia Miranda
Administrator