Café com Aner: "José Eduardo Martins e Panini, qual o segredo do sucesso?"
05 de outubro de 2021
Como uma empresa fundada em 1961, com base no mercado de figurinhas impressas, consegue sobreviver à era digital? Qual o segredo da Panini para conquistar diariamente mais e mais fãs para o negócio de quadrinhos e álbuns colecionáveis? Estas foram algumas perguntas respondidas pelo presidente & CEO da Panini Brasil, José Eduardo Severo Martins, convidado do Café com Aner desta terça-feira, 5 de outubro.
Há 25 anos na empresa, que é filial do Grupo Panini sediado em Modena, na Itália, José Eduardo é o responsável pelas movimentações e negociações que garantem o sucesso dos negócios e vendas para toda a América Latina, América Central e Caribe. A filial no Brasil é resultado de uma joint-venture criada com o grupo Abril após muita insistência de Victor Civita, em 1989.
“O processo de envelopamento era totalmente artesanal, com um ventilador soprando as figurinhas e misturando para encher os envelopes. A Panini sempre foi líder em figurinhas pela tecnologia que desenvolveu, então o Civita resolveu criar uma parceria com eles e demorou para convencer os irmãos Panini”, conta, explicando que em 1990 começaram a sair as primeiras coleções de figurinhas, no Brasil, com maquinário de envelopar e guilhotinas importados. “O padrão de qualidade erar muito superior. Não havia como competir”, afirma.
Em 1994, a Panini foi comprada pelo grupo Marvel e, em 96, comporu a parte da Editora Abril na joint-venture brasileira, de olho em um mercado que poderia abastecer toda a América Latina, Central e Caribe. Foi aí que José Eduardo entrou na empresa.
“Quando compramos os 100% da joint-venture, tivemos que fazer investimentos para ter qualidade idêntica à fábrica da Itália. Era necessário atender os países da América Latina, Central e Caribe com a produção brasileira, mas com a mesma qualidade italiana. Hoje temos 21 máquinas com capacidade de produção de 9 milhões de envelopes por dia. Na Copa do Mundo de 2018 produzimos 700 milhões de envelopes com 6 figurinhas cada, todos feitos a partir de árvores de reflorestamento”, comemora.
Experiência emocional dos leitores conta
Mesmo com o digital reinando absoluto no meio jovem, a Panini continua crescendo com seus colecionáveis impressos. O que conta, no caso, é a experiência sensorial e emocional dos leitores com o meio papel e o conteúdo dos gibis.
“Marvel, DC, mangás e quadrinhos infantis, são produtos evergreen”, conta José Eduardo. “A experiência de ler quadrinhos em papel é única, muito diferente de ler no digital. O mercado compra porque quer ter a coleção”, explica, destacando a observação atenta da Panini nos movimentos do mercado: “Estamos atentos à evolução do digital. Hoje temos coleções de figurinhas com QR codes que levam o colecionador para um jogo virtual que ele pode disputar com o mundo inteiro. É preciso acompanhar a evolução”.