Mundo pós-pandemia: 2021 será o ano da humanização
MEIO&MENSAGEM – 05/01/2021
Natasha de Caiado Castro
A partir de agora, é preciso voltar a ter o ser humano como centro.
Antes da pandemia, o senso comum acreditava que os escritórios eram essenciais para a produtividade e, por isso, grandes empresas investiam em locais de primeira linha nos principais centros urbanos do mundo. Muitas, inclusive, se concentravam em soluções que promoviam a integração entre as pessoas com espaços para que os funcionários pudessem relaxar durante suas pausas e com projetos de escritórios abertos.
Quando a pandemia se instalou, muitas pessoas ficaram surpresas com a rapidez e eficácia com que foram adotadas tecnologias para videoconferência e outras formas de colaboração digital. Para algumas empresas, os resultados foram melhores do que se imaginava, pois já se encontravam na metade do caminho da implementação dessa mudança extrema – tanto tecnologicamente, quanto culturalmente já que muitas corporações já vinham aderindo total ou parcialmente ao home office há anos. Para essas, a chegada da pandemia e a oficialização deste ‘novo’ formato de trabalho não interferiu negativamente no dia a dia dos colaboradores e até mesmo houve aumento da produtividade. Para outras empresas, no entanto, foi um verdadeiro ‘salve-se quem puder’ com a necessidade de se adaptar em tempo recorde para conseguir enfrentar este momento tão complexo pelo qual o mundo vem passando. Nem todos estavam prontos, afinal, fazendo uma análise simples, foi preciso evoluir dez anos em apenas alguns meses.
Agora, mais de nove meses se passaram desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a Covid-19 uma pandemia, o trabalho remoto se tornou algo corriqueiro para muitos e, cada vez mais, um número crescente de empresas vem estudando a possibilidade de manter este formato indefinidamente. Porém, em alguns aspectos, muito se perdeu nesse processo, especialmente no que se diz respeito à proximidade e contatos com clientes, fornecedores, parceiros e funcionários. Além disso, imprescindível levar em consideração a forma com que a maioria das pessoas estão se sentindo devido à pandemia. Uma pesquisa recente da McKinsey nos EUA descobriu que 64% dos entrevistados se sentiram deprimidos, ansiosos ou ambos.
Portanto, se 2020 foi o ano em que percebemos ser possível trabalhar de qualquer lugar graças à digitalização dos processos, 2021 será pautado pela forma com que as corporações compreendem, acolhem, valorizam e retém toda sua rede de relacionamentos: o próximo ano será focado na humanização. A partir de agora, é preciso voltar a ter o ser humano como centro, pois são as pessoas que fazem com que a empresa siga ativa e próspera, já a digitalização é apenas uma ferramenta para fazer com que isso seja possível.
Neste cenário, a experiência do cliente adquire um novo significado, pois as necessidades de todos no momento mudaram drasticamente em direção a preocupações mais essenciais. Ao fornecer conscientemente empatia e cuidado durante esta crise, as empresas podem construir uma base de boa vontade e conexões emocionais duradouras com as comunidades que atendem, além de aprofundar seus relacionamentos.
A pandemia motivou líderes empresariais mundo afora a estabelecer um compromisso autêntico e integrado com objetivos maiores do que simplesmente a lucratividade ou crescimento. Estas companhias estão orientando uma transformação global e podem ajudar a inaugurar uma nova era com o surgimento generalizado de empresas humanas, capazes de plantar as sementes do crescimento inclusivo e permanecer relevantes inovando constantemente.
CEO da Wish International
*Crédito da foto no topo: Cyber/ Pixabay