Brasileiro não lê? Plataforma de e-books distribuiu 180 milhões de livros em um ano

Brasileiro não lê? Plataforma de e-books distribuiu 180 milhões de livros em um ano

28 de outubro de 2020
Última atualização: 28 de outubro de 2020
Helio Gama Neto

REVISTA PEGN – 28/10/2020

PAULO GRATÃO

O empreendedor Rodrigo Meinberg está no mercado de livros desde 1993, e nunca concordou com o estigma de que o brasileiro não gosta de ler. Hoje, ele e o empresário Rafael Lunes são sócio-fundadores da Skeelo. A empresa de e-books atingiu mais de 23 milhões de clientes em pouco mais de um ano e acaba de fechar uma parceria para oferecer audiobooks para os clientes do Sem Parar.

Uma pesquisa recente divulgada pelo Itaú Cultural e Datafolha faz coro às afirmações de Meinberg. De acordo com o levantamento, entre as pessoas com acesso à internet, 84% disseram ouvir música durante a pandemia, 73% afirmaram assistir filmes e séries e 60% acompanharam shows virtuais. A leitura de livros digitais vem logo em seguida, com 38% de menções.

Nos anos 1990, Meinberg produzia enciclopédias e livros entregues de brinde com jornais ou catálogos de venda direta. “Existem cases de jornais que viram a tiragem sair de 400 mil para 1,7 milhão nos dias que iam com os livros grátis. Tinha uma carência de acesso ao material”, conta.

O problema da leitura no Brasil, na visão do empreendedor, é a distribuição, que mantém as obras concentradas em um público restrito. De acordo com ele, as livrarias tradicionais atendem apenas a um nicho específico e o comércio eletrônico também pratica preços proibitivos para boa parte da população.

O empreendedor conta que começou a ver a oportunidade de empreender no digital em 2011, quando uma operadora de telefonia passou a oferecer cursos de inglês. Ele pensou: se com jornais e venda direta conseguia chegar a tanta gente, imagina se fizesse uma parceria com uma operadora de telefonia?

A parceria com os meios físicos se manteve até meados de 2014, e então eles passaram a desenvolver algo voltado para os e-books. “Existem três formas de consumir entretenimento em um smartphone: áudio, vídeo ou leitura. Já havia Spotify, YouTube e Netflix. A Amazon é referência em venda de livros, e não de assinatura. Enxergamos que existia a oportunidade de fechar essa terceira perna oferecendo livros.”

No primeiro mês de operação, funcionando por conta, em maio de 2019, eles conquistaram apenas 16 assinantes. Foi aí que resolveram propor parceria com as operadoras de telefonia. A ideia seria oferecer o serviço como um benefício adicional na assinatura para clientes de planos pós-pago e controle – e futuramente pré-pago.

Hoje, pouco mais de um ano depois, somam quase 25 milhões de clientes ativos, em parceria com Claro, Oi, TIM, Nextel, Algar e Sky.

A mecânica é a seguinte: a cada mensalidade paga do serviço contratado, o leitor recebe um livro best-seller para ler. A notificação sobre o próximo título a ser disponibilizado ocorre cerca de 30 dias antes. Dessa forma, é possível avaliar se o livro atende ao gosto do leitor. Com o tempo, a própria plataforma começa a fazer indicações mais assertivas.

A disponibilização dos títulos é fruto de uma parceria com as maiores casas editoriais em atuação no Brasil, segundo Mainberg. “Editoras quebraram paradigmas históricos do mercado editorial e pensaram fora da caixa em busca de um modelo disruptivo, inclusivo e de grande escala.”

Em menos de 18 meses de operação, o Skeelo já tem mais de 180 milhões de livros transacionados, sendo que pouco mais de 160 milhões foram para clientes de operadoras. Eles têm dados para saber quem realmente leu o livro e quem apenas baixou o arquivo. “Temos uma média de 5% de pessoas que retornam ao aplicativo pelo menos uma vez por mês, mas temos a meta de chegar a 20%. É um trabalho de mudar o hábito das pessoas”, explica o empreendedor.

Recentemente, eles expandiram os negócios e fecharam uma parceria com a empresa Auti Books, para transformar os livros em áudio e alcançar um público ainda maior. A primeira parceria nessa modalidade é com a empresa Sem Parar, para que o usuário possa ouvir o livro no carro, por exemplo.

Assim como no e-book, ao baixar o aplicativo e se cadastrar, o usuário já encontra uma espécie de “clube do audiobook” com as opções de títulos recomendados mensalmente pela plataforma.

Também é possível assinar o aplicativo por conta, sem os pacotes das operadoras. A mensalidade é de R$ 23,90 para o e-book ou R$ 39,90 para o audiobook. Sobre os preços altos, que acabam concorrendo com plataformas de streaming, por exemplo, o empreendedor diz que não é o foco do negócio. “Nossa estratégia não está calçada na assinatura individual.”

A Skeelo já tem mapeadas outras empresas que podem ajudar a levar a plataforma a mais clientes, como provedores de banda larga e bancos – atualmente, só o Banco do Brasil está no portfólio da empresa. “A nossa projeção para o ano que vem é faturar R$ 100 milhões. Já estamos em breakeven e captamos recursos de cinco investidores, sendo a maior parte de pessoas físicas.” Uma das investidoras foi a apresentadora Ana Maria Braga.


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Helio Gama Neto