Juiz censura reportagem da Crusoé sobre enfraquecimento do apoio de bolsonaristas a PEC da Segunda Instância
PORTAL IMPRENSA – 13/08/2020
Publicada na revista Crusoé, reportagem da jornalista Helena Mader sobre o enfraquecimento do apoio à PEC da Segunda Instância entre congressistas da base de apoio do governo Bolsonaro foi censurada nesta quarta (12) a pedido da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF).
A censura foi determinada pelo juiz Hilmar Castelo Branco Raposo Filho, da 21ª Vara Cível de Brasília. Ele ordenou a retirada do texto da internet ou a supressão do nome da deputada.
A revista optou pela segunda opção, cobrindo o nome da deputada com uma tarja preta enquanto a decisão vigorar. Apesar disso, a reportagem está no ar e pode ser acessada por não assinantes.
Na tarde desta quinta (13), Helena Mader usou sua conta no Twitter para endossar o conteúdo da reportagem. De acordo com a jornalista, nos 40 discursos feitos pela deputada Bia Kicis em 2020 no plenário da Câmara dos Deputados, “não há uma única menção” à proposta da PEC da Segunda Instância.
Mader também publicou uma tabela de Excel com 3 mil tuítes da parlamentar. Segundo o material, desde o início da pandemia Kics não fez nenhuma menção à PEC da Segunda Instância no Twitter.
Bandeira da campanha Bolsonarista, a prisão após decisão em segunda instância teria perdido força na agenda do governo em função das investigações sobre desvio de dinheiro público envolvendo o senador Flávio Bolsonaro.
Segundo a Crusoé, o juíz Raposo Filho tem um histórico prévio de censura a órgãos de imprensa, já tendo vetado a publicação de reportagens da Folha, do Globo e da Carta Capital.
Ainda de acordo com nota da Crusoé, a ação foi movida por Bia Kicis com dinheiro público e com a estrutura da Câmara dos Deputados.
A deputada afirmou não se tratar de censura, e sim de “decisão judicial em processo regular, nos termos da lei, que determina a remoção de matéria comprovadamente falsa!”
Sobre a acusação de que usou dinheiro público, Kicis afirmou que “a Câmara não permite o ressarcimento de despesas com advogados nem a utilização de servidores do parlamentar. Existe uma Procuradoria parlamentar para a defesa. Portanto, não há uso de dinheiro público, há advogados da câmara pagos para esse serviço. Recebem salários fixos.”