Em dois meses, Sleeping Giants mobilizou 462 empresas contra fake news; veja o impacto sobre os alvos

Em dois meses, Sleeping Giants mobilizou 462 empresas contra fake news; veja o impacto sobre os alvos

20 de julho de 2020
Última atualização: 20 de julho de 2020
Helio Gama Neto

O GLOBO – 18/07/2020

João Paulo Saconi

De 18 de maio até este sábado, quando o movimento completa dois meses, o Sleeping Giants Brasil mobilizou 462 empresas brasileiras contra portais de internet cujo conteúdo é apontado por agências de checagem como falso ou distorcido. O número consta em um balanço das ações que marcaram os primeiros 60 dias da iniciativa, previsto para ser divulgado neste sábado. No Twitter, principal plataforma de comunicação do grupo ativista, mais de 377 mil usuários se uniram à causa. Entre as grandes companhias que aderiram à ideia estão redes de restaurantes (McDonald’s, Domino’s e Outback, por exemplo); operadores de telefonia (foram os casos de Vivo, Claro e Nextel); montadoras de carros (Kia, Honda, Mitsubishi, Volkswagen e BMW, entre outras) e companhias aéreas (como Gol e Azul).

Importado dos Estados Unidos, onde a marca existe desde 2016, o Sleeping Giants tem hoje nove “unidades” regionais em estados brasileiros. Além da conta principal, que atua com foco no debate nacional, outras páginas laterais, voltadas para articulações estaduais, estão em funcionamento. Há representações em Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso, Espírito Santo, São Paulo, Rio Grande do Sul, Maranhão, Distrito Federal e Sergipe. Todas repetem o mesmo processo: identificam anúncios em sites escolhidos como alvo da campanha de desmonetização e pressionam empresas via redes sociais até que elas proíbam a veiculação de suas propagandas nesses espaços. A movimentação é coordenada por contas anônimas e tem como principal engrenagem o engajamento de outros usuários.

Até hoje, três sites perderam anunciantes após os alertas do Sleeping Giants. O que contabiliza mais prejuízos se chama “Brasil Sem Medo” e tem, no time de colunistas e idealizadores, o escritor Olavo de Carvalho, cujas ideias ajudaram a criar a estruturar o movimento de apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Ao todo, 221 empresas cancelaram anúncios no portal — 88 delas provocadas por células regionais do movimento.

Outro site, intitulado “Jornal da Cidade Online”, teve anúncios bloqueados por 208 firmas. O “Conexão Política”, que acabou deixando de usar a plataforma Google AdSense, responsável por gerenciar as propagandas, ficou de fora da lista de 33 antigos anunciantes. Os conteúdos publicitários em questão são apresentados aos internautas através de um sistema de mídia programática, como o AdSense: as empresas contratam o serviço e as peças são distribuídas na internet de acordo com critérios pré-configurados, mas elas podem optar por manter suas marcas fora de espaços que considerem inadequados.

Produtores de conteúdo visados pela ação e parte de seus leitores têm recorrido às redes sociais para acusar o Sleeping Giants de atuar para censurar sites que integrariam uma “mídia alternativa” ou “mídia conservadora”. Um dos líderes da iniciativa de desmonetização nos EUA, o publicitário Matt Rivitz disse ao Sonar, em junho, que o objetivo seria não permitir que conteúdos falsos e discursos de ódio rendam lucros para seus criadores, sem buscar cercear o direito deles de continuarem com as próprias publicações.

Falta de respostas

Nas conclusões sobre os dois meses de atuação do Sleeping Giants, constam 25 empresas que ainda não agiram em relação a pelo menos um dos sites em questão. Entre elas, está o Banco do Brasil (BB), que mesmo impedido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) de manter a veiculação de anúncios em sites não confiáveis, ainda é detectado pelo movimentado nesses espaços.

A lista de empresas das quais o Sleeping Giants ainda cobra ações, pelo até este sábado, inclui Lojas Americanas e Nike — na campanha relativa ao “Jornal da Cidade Online” — e ainda BB, MRV, Gazeta do Povo, Uniasselvi, Vakinha, Spotify, Playstation, Eletrum, Mercado Pago, Mercado Livre, iPlace, Starzplay, Crefisa, Osklen, Ebay, Rebook, Shop Vasco, Citroën, Chery, Shoulder, Rayban, PayPal e PagSeguro.


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Helio Gama Neto