Tecnologia humanizada

Tecnologia humanizada

7 de maio de 2019
Última atualização: 7 de maio de 2019
Helio Gama Neto

PROXXIMA – 06/05/2019

Amanda Schnaider

Que a tecnologia está cada vez mais presente em nossas vidas e em processos criativos, não há dúvidas, mas até que ponto ela pode substituir a mente humana? Esse tema está entre os principais do ProXXIma 2019.

Um dos keynotes a abordar o tema é Eco Moliterno, chief creative officer Latam da Accenture Interactive, num painel que falará sobre o futuro das experiências humanas, no primeiro dia de evento. “Toda nova tecnologia sempre traz aspectos bons e ruins”, diz, ao passo que “não cabe a essas inovações definirem seus próprios limites, mas sim a nós, humanos, direcionando para o caminho que entendermos ser correto”. Paulo Ilha, vice-presidente de mídia da DPZ&T, vai apresentar o painel “Marcas, dados e a maior tecnologia de todas: o cérebro humano” e concorda com Eco: “O poder deverá estar sempre nas pessoas. São para elas que as tecnologias são focadas”.

Como debatedor do painel, Marco Bebiano, diretor de desenvolvimento e negócios com agências do Google Brasil, afirma que “a tecnologia traz inúmeros benefícios às nossas vidas, principalmente, quando é assistente e atende a uma necessidade inerente ao ser humano”. Mas é importante lembrar que “ela é apenas uma ferramenta e que será sempre complementar à capacidade e criatividade humanas”.

Tim Lucas, líder de negócios no Brasil da escola de inovação sueca Hyper Island, falará sobre a união do potencial das tecnologias exponenciais e da inteligência artificial com as forças humanas e a inteligência emocional. “Em geral, cada nova onda tecnológica resolverá os problemas criados pelas tecnologias anteriores, mas também criará novos problemas para serem resolvidos”, comenta Tim, que se apresenta na quarta-feira.

Terminator x Iron man
Para descrever o efeito que muitas pessoas acreditam que a automação dos processos e serviços terá na vida delas, Eco recorre ao argumento do filme de ficção científica O Exterminador do Futuro, no qual as máquinas se voltam contra as pessoas. Entretanto, ele afirma que o que vai acontecer é o efeito Homem de Ferro: “Elas vão nos transformar em ‘super-humanos,’ potencializando ainda mais as nossas aptidões”. De acordo com Eco, isso não nos deixaria nem atrás nem à frente da tecnologia, mas sim ao lado dela.

Tim também acredita que as pessoas erram quando olham para a tecnologia por meio de um prisma apocalíptico, em que a humanidade é destruída. Mas também se enganam ao fazer uma leitura utópica, em que todos os problemas são resolvidos por meio do desenvolvimento tecnológico. “Nós também tendemos a ser muito ruins em prever o futuro e pensar no que perderemos e não no que poderíamos ganhar”, diz. Tim ainda se mostra preocupado com a importância excessiva que as pessoas dão para a quantidade de tecnologia, ao invés de pensarem na razão de sua existência.

Ideias fazendo sexo
Nesse contexto, seria importante unir tecnologia e empatia no processo criativo, dentro da relação entre marcas e consumidores. Eco ressalta que “para as marcas continuarem sendo relevantes para as pessoas, elas precisam criar mais vínculos emocionais, e não só racionais. Focar menos no cérebro e mais no coração”. Paulo concorda. “Não podemos deixar de lado questões que realmente importam: como criar marcas com propósitos que contribuem de verdade para melhorar a vida do consumidor?”, questiona. Ele avalia que criatividade e estratégia são fundamentais para marcas que querem ter impacto na vida dos consumidores.

Bebiano acredita que as marcas devem evoluir para atender aos anseios dos “super consumidores” e as agências devem saber como usar a tecnologia e a criatividade humana para auxiliar clientes a encontrar formas de serem mais relevantes na vida das pessoas. “Ao mensurar e também atribuir sucessos e falhas em interações de humanos e tecnologia, conseguimos entender melhor questões importantes: Como as pessoas estão reagindo a algo? O que elas estão buscando? Como estão, ou não, sendo atendidas?” Dentro da ideia de que as empresas precisam unir habilidades tecnológicas e humanas, Tim comenta que “a criatividade é mais bem definida pela facilitação de um processo de inovação, como escreve o autor inglês, Matt Ridley: ‘ideias fazendo sexo’, do que o trabalho de um gênio solitário”.

Para Paulo, “a tecnologia transformou a vida humana nos últimos anos e acarretará em transformações ainda maiores nas próximas décadas”. Nesse sentido, será crucial ter um diálogo aberto entre população e governo sobre o papel dos avanços na melhoria da qualidade de vida de todos e não só de uma minoria.

Bebiano avalia que todas as pessoas estão aprendendo juntas a lidar com a transformação social e o impacto das novas tecnologias na vida do ser humano em geral. “É um processo de transformação e, com ele, vem o aprendizado e a adaptação para todo o mercado”, reforça. Da mesma forma Tim comenta que, “ultimamente, há um ressurgimento nas tentativas de entender o ser humano e colocar uma nova importância em nossa inteligência emocional exatamente no momento em que nos sentimos ameaçados pela Inteligência Artificial”. Festivais internacionais voltados à inovação, como o SXSW, e marcas de tecnologia são exemplos de empresas que têm alimentado esse debate por meio de conteúdos, publicidade e soluções.


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Helio Gama Neto