Google anuncia a suspensão do uso de cookies de terceiros
MEIO&MENSAGEM – 03/03/2021
Thaís Monteiro
Empresa identificará os usuários com base em grandes grupos de interesses em comum.
Nesta terça-feira, 3, o Google confirmou que deixará de usar os cookies de terceiros para identificação dos usuários do Google Chrome e demais serviços da casa para vender anúncios publicitários e não irá criar novos identificadores de usuários. Ao invés disso, a empresa adotará alternativas para quando os cookies de terceiros deixarem de ser usados, medida que começa efetivamente em 2022.
Para continuar atraindo investimentos publicitários, a empresa aposta no Privacy Sandbox, uma iniciativa alternativa para eliminar cookies de terceiros e garantir a privacidade dos usuários ao agrupá-los por grupos de interesse comuns e comportamentos de navegação semelhantes, que substituem dados de identificação individuais (conteúdo de e-mails, documentos e informações sensíveis, como saúde, raça, religião ou orientação sexual). Em pesquisas conduzidas pela empresa, essa metodologia gera 95% de conversões por dólar investido.
A decisão do gigante da tecnologia é representativa, já que o Google é, junto com o Faceboool, líder do mercado de publicidade digital global. No quarto trimestre de 2020, a empresa reportou receita de anúncios de US$ 46,20 bilhões, um aumento de 22% em relação ao mesmo trimestre de 2019. O navegador Chrome do Google detém mais de 60% da participação de mercado do navegador em todo o mundo em fevereiro, de acordo com o Statcounter.
O movimento vem ao encontro das aplicações das leis gerais de proteção de dados e esforços de outros segmentos para eliminar os cookies de terceiros.
Em fevereiro, Chetna Bindra, head de gerenciamento de produto do Google, dividiu com o Meio & Mensagem, detalhes sobre a iniciativa Privacy Sandbox e explicou que ela parte da missão de oferecer segurança aos usuários e ainda manter formas de criadores de conteúdo conseguirem financiar seu trabalho com a publicidade.
“As expectativas das pessoas em relação à coleta e ao uso de dados estão mudando e, a partir de leis de privacidade como LGPD, GDPR etc, está claro que os cidadãos e os governos querem entender melhor como as informações são coletadas, usadas e compartilhadas. Os esforços de plataformas, navegadores e empresas de bloqueio de anúncios já estão colocando novos limites sobre estas expectativas. No entanto, isso prejudica o rendimento do qual os criadores de conteúdo e editores dependem para financiar seu trabalho. Portanto, nosso foco é fornecer aos usuários maior privacidade e garantir que possamos oferecer suporte à internet aberta e gratuita”, explicitou.
Outros navegadores já haviam vetado os cookies de terceiros, porém a executiva argumenta que isso tem consequências indesejadas para os usuários e ecossistema, e por isso o Google está criando novas propostas em colaboração com o mercado para receber feedback.
“Alguns outros navegadores responderam bloqueando amplamente os cookies de terceiros, mas isso tem consequências indesejadas que são ruins para os usuários e para o ecossistema da internet. Essa abordagem prejudica a capacidade de muitos sites suportados por anúncios de gerar receita com seu conteúdo e leva a um rastreamento secreto generalizado como uma solução alternativa mais invasiva para substituir os cookies. Acreditamos que, como comunidade, podemos fazer melhor. Embora mudanças para o avanço da privacidade sejam necessárias para manter uma internet saudável, é fundamental que elas levem em consideração todo o ecossistema e que se desenvolvam em um processo colaborativo”, propôs.
**Crédito da imagem no topo: Markus Spiske/Pexels