Ministra Cármem Lúcia fala sobre imprensa e democracia no Café com Aner

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a diretora executiva da Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner), Regina Bucco, estiveram no Café com Aner na terça-feira, para discutir sobre a liberdade de imprensa. A ministra citou a imprensa como um pilar fundamental da democracia, especialmente diante da disseminação de desinformação e ataques às instituições. Para editores e publishers, o diálogo ressaltou a necessidade urgente de reafirmar o papel do jornalismo ético e responsável em meio ao caos informativo das novas tecnologias.
Professora de Direito Constitucional, a ministra enfatizou que, embora a liberdade de expressão seja um direito de todos os cidadãos, para o profissional da imprensa, essa liberdade é essencial para o exercício de sua função. Ela destacou também a necessidade de encontrar formas de responsabilizar influenciadores e creators pela informação que disseminam, embora reconheça a complexidade de regular a liberdade de expressão.
“Há muito mais gente se dizendo jornalista do que nós temos de jornalista no Brasil e no mundo. E aí, realmente é preciso que a gente repense como é que a liberdade de imprensa precisa de ser garantida para os que são da imprensa. Com as novas tecnologias, todo mundo se arvora hoje em ser jornalista e, portanto, este é um momento de profunda reflexão, para garantir o esteio da democracia, que é a liberdade de imprensa”, afirmou.
Quebra de confiança é um desafio crescente para imprensa e democracia
A Ministra Cármem Lúcia destacou que a quebra de confiança nas instituições e no ser humano aumenta a facilidade para plantar a desconfiança, inclusive contra a imprensa tradicional. Ela afirmou que essa distinção é vital para editores, pois afeta a credibilidade e o valor percebido do jornalismo profissional diante do público.
“Nós não temos movimentos no Brasil para dizer: ‘Acredite na imprensa, confie na imprensa’. É necessário contar a história dessa imprensa brasileira, que é valorosa. Várias vezes, nos períodos ditatoriais que o Brasil viveu, os primeiros atingidos sempre têm sido os profissionais da imprensa, exatamente porque é ele que pode apresentar um outro fato”, falou, destacando que os primeiros atingidos no processo ditatorial são os tribunais, juízes, advogados e os jornalistas.
Imprensa precisa informar e garantir que as pessoas tenham acesso à informação
Durante o bate-papo com Regina Bucco, a minstra Cármem Lúcia também falou sobre a importância da educação da sociedade sobre a imprensa, para identificar informações confiáveis. Ela destacou a necessidade de um engajamento cívico contínuo na defesa da imprensa livre.
“A imprensa tem que ir além da condição de ser alguém que desmente. Não é só fato ou fake ou mentira. É muito além disso. É saber que a imprensa pode te informar sobre educação, sobre saúde, de uma forma especial. Todo mundo aprendeu o poder da imprensa no período da pandemia”, exemplificou.
Ela ressaltou que a imprensa vai muito além da cobertura política, abrangendo cultura, artes, saúde e educação, moldando uma cidadania mais rica e plural.
“Hoje o forte é a economia, em vários jornais. Isto atinge um público eu diria seleto, não sentido de selecionado mas especificado. É preciso que a imprensa se mostre com toda a vastidão que ela tem”, recomendou, destacando o poder da imprensa para informar sobre peças, filmes, músicas e demais elementos culturais que merecem atenção. “A imprensa é para uma cidadania plural, muito mais volumosa do que nós temos atualmente”.
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