Relatório da ABERT registra crescimento da violência contra comunicadores em 2018
Em 2018, a violência contra os comunicadores brasileiros voltou a aumentar. Três radialistas foram covardemente assassinados por cumprirem a missão de informar. Em 2017, houve um assassinato.
Também o número de casos de violência não letal – atentados, agressões, ameaças e ofensas – aumentou 50% em 2018. O Relatório ABERT sobre Violações à Liberdade de Expressão contabilizou 114 registros, envolvendo pelo menos 165 profissionais e veículos de comunicação. Em 2017, foram registrados 76 casos.
Depois
do assassinato, o atentado é a forma mais grave de violência contra os
profissionais de comunicação. Em 2018, foram três casos, mesmo número de
2017. Porém, a quantidade de vítimas foi maior: cinco radialistas foram
alvo desse tipo de crime. Todos os profissionais, de rádios locais, são
autores de reportagens com denúncias de corrupção ou críticas às
atividades de autoridades e da classe política da região onde vivem.
Armas de fogo foram utilizadas pelos criminosos em todas as situações,
numa clara intenção de acabar com a vida dos comunicadores.
As
agressões físicas contra jornalistas são as mais frequentes e
representam 34,21% de todos os casos de violência não letal. Dos 39
casos relatados em 2018, pelo menos 54 comunicadores foram agredidos, um
aumento de 11,42% em relação a 2017, quando houve 35 registros. Os
profissionais de TV foram as principais vítimas de empurrões, socos e
pontapés.
Em
um ano marcado por importantes fatos de interesse público, como a
paralisação dos caminhoneiros, a prisão do ex-presidente Lula e as
eleições, manifestantes e militantes partidários foram os principais
autores da violência contra comunicadores.
As
ameaças respondem por 16,66% do total e merecem especial atenção, já
que muitos casos não são relatados ou são minimizados por parte das
vítimas. No ano passado, foram registrados 19 casos, com pelo menos 29
vítimas.
As
hostilidades e agressões contra profissionais de comunicação demonstram
intolerância e desconhecimento do real papel da imprensa – de informar a
sociedade sobre assuntos de seu interesse.
“Ao
apresentar os dados da violência contra a imprensa no Brasil, o
Relatório da ABERT espera reforçar a união na defesa da liberdade de
expressão. Não existe sociedade livre sem o direito à informação, à
reflexão e sem uma imprensa livre”, afirma o presidente da ABERT, Paulo
Tonet Camargo.
Diferentemente
do levantamento do ano anterior, o Relatório ABERT de 2018 traz, em
capítulo à parte, os crimes virtuais – ameaças, ofensas e ataques no
ambiente digital – promovidos por notícias falsas e ódio disseminado
contra jornalistas nas redes sociais.
As
decisões judiciais também estão registradas, mas não entram na
contabilização dos casos. Em 2018, foram proferidas 26 decisões,
envolvendo conteúdo jornalístico.
Brasil no mundo
O
aumento do número de casos de homicídios – de um em 2017 para três em
2018 – mantém o Brasil na lista dos países mais perigosos do mundo para o
exercício da profissão. Segundo a organização internacional Repórteres
sem Fronteiras (RSF), o Brasil ocupa a 102ª posição entre os 180
avaliados no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa.
Também
o levantamento do Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ) aponta o
Brasil como um dos países mais impunes do mundo. Dos 14 países com pelo
menos cinco casos de crimes sem a condenação dos criminosos – entre 1º
de setembro de 2008 e 31 de agosto de 2018 – o Brasil ocupa a 10ª
posição, com 17 registros.
Para acessar o relatório completo clique aqui
(Divulgação ABERT)