MONETIZAÇÃO DO RECURSO ‘MELHORES AMIGOS’ CRIA NOVA ALTERNATIVA PARA INFLUENCIADORES

MONETIZAÇÃO DO RECURSO 'MELHORES AMIGOS' CRIA NOVA ALTERNATIVA PARA INFLUENCIADORES

12 de agosto de 2019
Última atualização: 12 de agosto de 2019
Helio Gama Neto

ÉPOCA – 10/08/2019

Filipe Vidon

O mercado de influenciadores digitais no Instagram deve movimentar 1,7 bilhão de dólares em 2019, segundo projeções da agência Mediakix. A rede social, depois de nove anos de existência, segue em crescimento acelerado tendo ultrapassado, em junho deste ano, a marca de 1 bilhão de usuários ativos. Nesse cenário de números gigantes, profissionais estão sempre em busca de uma nova maneira de se destacar dos concorrentes e a bola da vez é a monetização da lista de “Melhores Amigos”. A lista forma uma espécie de clube, exclusivo para os assinantes, que vão poder consumir uma série de conteúdos e trocar experiências com o influenciador por um determinado valor.

Os assuntos abordados e os formatos dos conteúdos são os mais variados possíveis, passando de empreendedorismo e marketing digital até cultura e entretenimento. Na prática, os produtores de conteúdo utilizam todo o engajamento que já possuem na rede social para vender sua expertise em determinado assunto, sem que os usuários precisem trocar de plataforma, como ocorre com cursos tradicionais.

A possibilidade de criar uma lista de “Melhores Amigos” na rede social surge no final de 2018, período em que Gabriel Trindade, precursor dessa prática, pensou que esse ambiente novo dentro da plataforma poderia comportar conteúdos mais densos, para um público mais específico. Atualmente, ele tem mais de 400 pessoas inscritas dentro dos dois cursos que disponibiliza para os assinantes, que pagam R$697 ao ano para participar e aprender técnicas e estratégias de monetização em redes sociais.

Outro produtor de conteúdo que está aproveitando a oportunidade é Andre Pilli. Conhecido pelo trabalho no YouTube, ele começou a se dedicar ao Instagram depois de um projeto de notícias “fracassado”, baseado em uma plataforma de financiamento coletivo. Segundo ele, o fato de os usuários dispostos pagar por um conteúdo digital terem que ir para outro site, criar um cadastro e realizar a assinatura, cria um atrito e se torna complicado demais. Inspirado por outros influenciadores, Pilli começou a investir nos conteúdos para a plataforma e, atualmente, já possui quase 800 assinantes a um preço mensal de R$32 e uma equipe de produção composta por cinco colaboradores.

“Em um final de semana passei a ter uma renda mensal que nunca pensei que teria. Hoje, felizmente, a minha produtora vai bem, as publicidades também, mas é sempre inconstante, uma incerteza. O que o Melhores Amigos trás é a renda mensal para um grupo que é extremamente carente de estabilidade financeira e emocional, porque tudo varia de acordo com algoritmos, reação do público e oportunidades. Dessa maneira, você acaba eliminando muitas dessas variáveis.”

Andre criou uma programação que também engloba o público não-pagante, com um clube de estudos e comentários sobre notícias relevantes do dia. Na espaço reservado aos assinantes, ele compartilha acontecimentos do dia-a-dia de empresário e diretor de filmes, mostrando exemplos práticos. A espontaneidade é marca registrada dos influenciadores na lista de melhores amigos. Apesar disso, Pilli lembrou que isso pode ter um efeito ao contrário do esperado, já que algumas pessoas podem não ter a disciplina para acompanhar os conteúdos publicados diariamente na rede social.

Willian Rocha, professor de redes sociais da ESPM Rio e diretor de Conexões da Agência3, afirmou que é comum influenciadores e produtores de conteúdo buscarem alternativas para monetização. Segundo ele, a utilização do recurso “Melhores Amigos” com esse objetivo ainda enfrenta grandes desafios como a duração dos vídeos na plataforma, a queda no alcance orgânico de usuários e a necessidade de uma relevância muito alta do assunto explorado.

“Eu não acredito na sustentabilidade desse modelo de negócios. O público principal são pessoas adeptas ao modismo. Existem plataformas mais adequadas para fazer mentoria e, definitivamente, o Stories não é uma delas. Mas acredito que a proximidade com a audiência é fundamental para qualquer criador de conteúdo gerar receita com a venda do seu conteúdo.”

Apesar disso, há quem esteja satisfeito com o conteúdo assinado. Leticia Cupullile, 21 anos, é estudante de comunicação e pagou para acessar vídeos sobre marketing.

“O que mais me atraiu foi a promessa de um conteúdo premium mais específico, e o atendimento dado a quem paga também é melhor, solucionando dúvidas rapidamente. Além disso, tem a vantagem de que posso ver o conteúdo de qualquer lugar, com vídeos curtos e objetivos que estão se transformando em conhecimentos práticos na minha vida”.


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Helio Gama Neto